Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Das teorias da conspiração

por Samuel de Paiva Pires, em 06.10.16

cass sunstein - the world according to star wars.j

 

Já aqui traduzi um excerto de Karl Popper a respeito das teorias da conspiração. Bem em linha com este, deixo agora um excerto retirado de The World According To Star Wars, da autoria de Cass R. Sunstein:

Alan Moore, the great graphic novelist and author of the sensational Watchmen, spent many years studying conspiracy theories. Here’s what he ended up concluding:

The main thing that I learned about conspiracy theory, is that conspiracy theorists believe in a conspiracy because that is more comforting. The truth of the world is that it is actually chaotic. The truth is that it is not The Illuminati, or The Jewish Banking Conspiracy, or the Gray Alien Theory. The truth is far more frightening – Nobody is in control. The world is rudderless.

publicado às 20:19

Die Welle

por Fernando Melro dos Santos, em 19.09.12

Bom dia a todos.

 

Segundo sondagens realizadas este mês na Grécia, o partido Amanhecer Dourado, de inspiração Nacional-Socialista, colheria 12% dos votos em hipotéticas eleições legislativas.

 

De acordo com as mesmas fontes (na Grécia é costume haver diferenças grosseiras entre as várias sondagens, uma vez que existem, salvo erro meu, oito entidades públicas responsáveis pelos inquéritos) o Syriza, da Esquerda Radical - portanto os socialistas da maralha, versus os socialistas do taco de baseball mencionados em primeiro lugar neste post - iria com 31%.

 

Este valor é superior ao do partido que formou governo aquando do último sufrágio, o Nova Democracia, e que é por seu turno um partido socialista de persuasão centrista e tecnocrática.

 

Decerto conseguiremos detectar o denominador comum a todos estes nossos heróis, mas nem é por aqui que segue a história; e até porque apesar de tudo, das minhas visitas a Atenas, onde tenho um punhado de amigos, duas coisas retenho. Uma, nunca fui apanhado numa manifestação violenta que não tresandasse à presença de grupelhos radicais; e outra, não ouvi nenhum dos meus amigos, que se distribuem por diversas classes sociais, exorbitar em devaneios despesistas, nem apelar à engorda do Estado. 

 

Quer-me parecer, por tudo isto, que a Grécia é, em tudo, Portugal à distância de uns poucos meses, como sempre o disse, efeito este que será extensível à Espanha, porém neste caso pejado de maior incerteza devido à absoluta diferença de escala entre esta economia e as anteriores.

 

Ora eu vi, em 2008, Die Welle (A Onda) que é um filme alemão realizado por Dennis Gansel. Ali é ilustrado o percurso de Rainer, um professor de Educação Física e Filosofia (só isto já dava um tratado, porque em Portugal, a ser possível, exigiria dúzias de licenças, certificados, e as respectivas taxas) que um dia decide evoluir na sua carreira, através de um projecto numa das turmas à qual lecciona.

 

Rainer começa por colocar, na aula, a questão "quantos de vós acham possível a Alemanha regressar a uma ditadura?". Naturalmente, de entre os petizes, que no caso em apreço são alunos do Secundário, nem um responde pela afirmativa, havendo mesmo alguns a ter reacções de choque e de assombro. Como é que a democracia permitiria isso, inquirem uns; as pessoas agora têm outra cultura, decidem outros.

 

O professor toma então entre as suas mãos a tarefa, por meios a início subreptícios, de verificar a razão da maioria. 

 

Seria vil e contraproducente contar como se desenvolve e termina o filme, por isso recomendo que o vejam. Com uma dedicatória especial ao meu confrade João Quaresma e aos demais que ainda, por serem talvez melhores pessoas que eu, têm a crença de que a democracia, e com ela o acto eleitoral, não se encontram viciados.

publicado às 07:55

No seguimento deste post, onde dou conta de um determinado artigo de Karl Popper, deixo uma tradução feita por mim de parte do mesmo. Trata-se de "Towards a Rational Theory of Tradition", in Karl Popper, Conjectures and Refutations, Londres, Routledge, 2010, pp. 165-168:

 

«Uma teoria da tradição tem de ser uma teoria sociológica, porque a tradição é obviamente um fenómeno social. Menciono isto porque pretendo brevemente discutir convosco a tarefa das ciências sociais teoréticas. Esta tem sido frequentemente mal compreendida. De forma a explicar qual é, penso eu, a tarefa central das ciências sociais, gostaria de começar por descrever uma teoria que é defendida por muitos racionalistas – uma teoria que eu penso que implica exactamente o oposto do verdadeiro objectivo das ciências sociais. Chamarei a esta teoria a ‘teoria da conspiração da sociedade’. Esta teoria, que é mais primitiva que a maioria das formas de teísmo, é semelhante à teoria da sociedade de Homero. Homero concebeu o poder dos deuses de tal forma que tudo aquilo que acontecesse na planície de Tróia seria apenas um reflexo das várias conspirações no Olimpo. A teoria da conspiração da sociedade é apenas uma versão deste teísmo, de uma crença em deuses cujos caprichos e vontades regulam tudo. Deriva de se abandonar Deus e depois perguntar ‘Quem está no seu lugar?’ E o lugar dele é então preenchido por vários homens e grupos poderosos – sinistros grupos de pressão, que são culpados de terem planeado a grande depressão e todos os males de que sofremos.

A teoria da conspiração da sociedade é muito difundida, e contém muito pouca verdade nela. Só quando teóricos da conspiração chegam ao poder é que se torna algo como uma teoria responsável pelas coisas que realmente acontecem (um exemplo do que eu chamei “Efeito de Édipo”). Por exemplo, quando Hitler chegou ao poder, acreditando no mito conspirativo dos Sábios do Sião, tentou ultrapassar a conspiração destes com a sua própria contra-conspiração. Mas o interessante é que uma teoria da conspiração nunca – ou quase nunca – acontece da forma que se pretende.

Esta observação pode ser vista como uma pista quanto à verdadeira tarefa de uma teoria social. Hitler, disse eu, elaborou uma teoria da conspiração que falhou. Porque falhou? Não apenas porque outras pessoas conspiraram contra Hitler. Falhou, simplesmente, porque uma das coisas notáveis acerca da vida social é que nunca nada acontece exactamente como se pretende. As coisas acontecem sempre de forma um pouco diferente. Raramente produzimos na vida social precisamente o efeito que queremos produzir, e geralmente acontecem-nos coisas que não queremos no processo de barganha. Claro que agimos com determinados objectivos em mente; mas à parte destes objectivos (que podemos ou não realmente atingir) existem sempre consequências não pretendidas das nossas acções; e normalmente estas consequências não pretendidas não podem ser eliminadas. Explicar porque não podem ser eliminadas é a tarefa principal da teoria social.

(…)

Eu penso que as pessoas que se aproximam das ciências sociais com uma vulgar teoria da conspiração negam a elas próprias a possibilidade de alguma vez entenderem qual é a tarefa das ciências sociais, pois assumem que podemos explicar praticamente tudo numa sociedade perguntando quem o quis, quando a tarefa real das ciências sociais é explicar aquelas coisas que ninguém quer – como, por exemplo, a guerra, ou a depressão. (A revolução de Lenine, e especialmente a revolução de Hitler e a guerra de Hitler são, penso, excepções. Estas foram realmente conspirações. Mas foram consequências do facto de teóricos da conspiração terem chegado ao poder – que, de forma significativa, falharam na consumação das suas teorias).

A tarefa das ciências sociais é explicar como é que as consequências não pretendidas resultam das nossas intenções e acções, e que tipo de consequências resulta se as pessoas fizerem isto ou aquilo ou aqueloutro numa determinada situação social. E é, especialmente, a tarefa das ciências sociais analisar desta forma a existência e funcionamento de instituições (como as forças policiais ou companhias de seguros ou escolas ou governos) e colectivos sociais (como estados ou nações ou classes ou outros grupos sociais). O teórico da conspiração acreditará que as instituições podem ser entendidas completamente como resultado de um desenho consciente; e quanto aos colectivos, habitualmente confere-lhes uma espécie de personalidade de grupo, tratando-os como agentes conspirativos, como se fossem homens individuais. Opondo-se a esta visão, o teórico social deve reconhecer que a persistência de instituições e colectivos cria um problema a ser resolvido em termos de análise das acções sociais individuais e das suas consequências sociais não pretendidas (e muitas vezes não desejadas), assim como das pretendidas.» 

publicado às 13:52






Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas