Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
É já amanhã que o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP/ULisboa assinala os 100 anos das Relações Internacionais com uma conferência dedicada à temática do Terrorismo Contemporâneo, onde terei a honra de integrar um painel sobre "A Securitização do Estado e a Democracia". Aqui fica o cartaz completo:
Começo este post com um disclaimer - não existe tal coisa de excepcionalismo. Nem do tipo americano nem do tipo português. Não existem povos eleitos ou nações predestinadas. Temos sim, paragens de autocarro e consultas de dentistas, filas de supermercado e jogos da bola. O resto, aquilo de que os governos se servem, é apenas um conjunto de chavões de alegada grandeza e imunidade. E por essa razão não devemos ficar espantados com os números - mais de mil queixas por mês apresentadas na Esquadra de Turismo. O Diário de Notícias também faz parte do equívoco ao repetir ao longo da peça, parafraseando incautos, que custa acreditar que tamanhos furtos possam acontecer numa cidade como Lisboa. O saudosismo conveniente dos brandos costumes trará prejuízos de maior vulto se não for rapidamente recambiado. Passei hoje mesmo em Belém e lá vi os cubos de betão para dissuadir outro género de furtos. Mas regressemos ao flagelo dos carteiristas de mão invisível e o crescimento quase exponencial de ocorrências. Meus senhores (entenda-se todos os géneros), estamos na presença de mais um caso de negligência crónica, à laia da floresta perdida e fogos indomáveis. O número de queixas apresentado reflecte bem o défice conceptual no que concerne aos aspectos securitários decorrentes do crescendo de fenómeno turístico. Portugal é essencialmente um destino turístico há mais de quatro décadas pelo que houve tempo mais que suficiente para que os governos pudessem responder às exigências, às demandas repetidas vezes sem conta pelas forças policiais. Sucessivos governos têm tratado a dimensão de segurança interna como matéria de segundo plano. Os orçamentos de Estado têm sido anémicos na dotação de meios adequados às polícias que definem o quadro securitário interno de Portugal. Os desafios, que agora se agudizam com a pendente ameaça terrorista, devem ser aproveitados para reinvindicar mais meios e mais músculo operacional para as forças de segurança. Quando acontecer algo dramaticamente trágico, estarei ao lado das polícias que muito provavelmente serão requisitadas para o papel de bode expiatório, derradeiros responsáveis pela inevitabilidade. Nada mais falso.
Niall Ferguson, "There's more than one side to the story":
I do not remember Biden, much less his boss, tweeting “There is only one side” after any Islamist atrocity. On the contrary, president Obama often used his considerable eloquence to make just the opposite point. In his speech following the 2012 Benghazi attacks, he even went so far as to say: “The future must not belong to those who slander the prophet of Islam,” as if there were some moral equivalence between jihadists and those with the courage to speak critically about the relationship between Islam and violence.
Last week one of the chief executives who repudiated Trump, Apple’s Tim Cook, announced a $1 million donation to the Southern Poverty Law Center. Yet that organization earlier this year branded Ayaan Hirsi Ali (full disclosure: my wife) and our friend Maajid Nawaz “anti-Muslim extremist.” That word “extremist” should be applied only to those who preach or practice political violence, and to all who do: rightists, leftists, and Islamists.
Trump blew it last week, no question. But as the worm turns against him, let us watch very carefully whom it turns to — or what it turns turn into. If Silicon Valley translates “There is only one side” into “Censor anything that the left brands ‘hate speech,’” then the worm will become a snake.
Há qualquer coisa que me está a escapar. Não seria expectável, que à luz do furto de material de guerra em Tancos, o governo da república portuguesa determinasse o fecho de fronteiras, a suspensão de Schengen? Não entendo esta atitude de deixa andar, deixa ver. Não ouvi falar de uma operação de caça aos infractores. Não ouvi falar do controlo de pontos nevrálgicos na fronteira. Daqui por alguns meses teremos um relatório sobre a qualidade das vedações e a mediocridade do sistema de videovigilância. Tal como fizeram em relação aos incêndios, dirão que foi uma figura abstracta a determinar os desfechos - um trovão ou o raio que o parta. As autoridades responsáveis afirmam que o material subtraído já se deve encontrar fora do território. Eu entendo a lógica por detrás deste esquema - casa roubada, portas escancaradas. Deste modo, a haver um evento terrorista, a probabilidade de ser no estrangeiro é maior. Já sabemos que a União Europeia deixa muito a desejar, mas aqui temos mais uma prova de que a Política Externa e de Segurança Comum é de facto um mito. Devemos agradecer aos espanhóis pelo fornecimento da lista aproximada dos engenhos furtados. Na escala de valores de desgraça e consequências, não sei quem ocupa o lugar cimeiro do pódio, mas a violação da soberania militar de um Estado é, no meu entender, ainda mais grave do que o falhanço de um SIRESP. Aguardemos então pelo próximo episódio sórdido. E esperemos que não custe ainda mais vidas humanas. Os que levaram as granadas não andam a brincar aos polícias e ladrões. São dos maus. E este governo é tão bonzinho que nem sequer sabe admoestar os titulares de pastas e cargos públicos com responsabilidade directa nas matérias em causa. Quanto a Marcelo, este já faz parte do problema da nação e cada vez menos da solução.
A verdade nua e crua é esta ; não interessa fazer nada contra o terrorismo. E não interessa porque os políticos vivem de votos e tomar uma posição contra o terrorismo, poderia ser considerado , fascista, nacionalista , xenófobo, ou ainda mais perigoso, anti refugiados e isso faria perder votos.
Na verdade o não fazer nada é igual ao nada fazer. Não gera responsabilidades e podem sempre assobiar para o lado.
Vai-se ainda mais longe, como é o caso da autarquia de Lisboa, onde o dinheiro do contribuinte é usado para fazer uma mesquita no centro da cidade.
O problema não pode ser branqueado , os autores destes crimes são todos islamitas. Podem ter nascido em Paris ou Bradford mas não são europeus, nem entendem o que significa viver num estado de direito.
Por mim julgo que chegou a hora de começar a identificar e expulsar deste espaço de liberdade que é a Europa, quem o não entende como tal.
Não vale a pena enunciar todos os pressupostos e axiomas que configuram a equação terrorista. O ataque ocorrido em Manchester faz parte do mesmo guião de danos que já assolou cidades como Berlim ou Paris. No rescaldo do evento dramático que atingiu aquela cidade britânica, todas as antenas mediáticas do mundo tentavam relevar os aspectos logísticos que conduziram ao desfecho trágico. Retenho umas passagens bizarras apresentadas na Sky News. Perguntava-se a um especialista em segurança porque não tinha havido um controlo à saída do recinto. Este tipo de raciocínio assemelha-se em muitos aspectos àquele aplicado às consequências do Brexit - depois de casa roubada, trancas à porta. Entramos, deste modo, numa nova fase preocupante respeitante à segurança dos cidadãos europeus. O adversário, Estado Islâmico, ou congéneres de inspiração análoga, parecem ter elevado a fasquia do impacto. Foram crianças, meninas e meninos, em idade pré-doutrinal, as vítimas da operação hardcore. Ouso inaugurar um conceito que ainda não escutei nos meandros geopolíticos ou académicos: pedo-terrorismo. Ou seja, acções terroristas levadas a cabo com a vil intenção de anular a descendência do adversário. Esta nova dimensão vai implicar uma abordagem securitária com uma natureza muito mais premente. As crianças brincam, mas estes inimigos não andam a brincar.
Dizem estar sob custódia e a propósito do crime de anteontem, um reconhecido jihadista que todos temos a pavorosa impressão de ter visionado em numerosos vídeos do E.I., protagonizando cenas indescritíveis que a escabrosa e ilegal censura oficial prefere não divulgar. Ao contrário da cada vez mais insuportável praxis do politicamente correcto, deveremos todos ver as imagens com atenção, ficando assim cientes da solução final que nos estará destinada no caso da sua vitória na Europa. As suas faces estão por todo o lado, são perfeitamente reconhecíveis e os até agora considerados competentes serviços de informação sabem bem quem são.
O que se exige? Uma punição absoluta, eliminando-os do nosso convívio. Ousam regressar porque nos consideram timoratos, relaxados e alvos fáceis. Disso se gabam abertamente. Ora deseganemo-los de uma vez por todas e tornemos a posição bem clara: não há entre nós, na Europa, um único lugar para eles.
Dado o que até aos nossos dias de forma ultrajante tem ocorrido com o evidente simulacro de justiça vigente na há muito chantageada Alemanha, não é justificável a manutenção das actuais leis da protecção da nacionalidade e de tudo o que o estatuto de nacional do país X ou Y significa. Ainda há escassos dias uma irresponsável do governo sueco ousou sugerir o "início de preparativos para a reintegração social de todos aqueles que alegremente partiram para o Próximo Oriente". Impossível, é uma posição grotesca a roçar o crime.
São estes verbrecher element plenamente reconhecíveis não apenas através das imagens em que sorridentes surgiam ao lado das suas desgraçadas vítimas cortadas em pedaços ou abertamente escravizadas, como também - e isto é equivalente - pela opção consciente e livremente tomada. São um colectivo, logo colectivamente devem ser responsabilizados. Todos, sem hipótese de qualquer excepção.
Nenhum deles desconhecia o que estava a acontecer nos territórios dominados pelo Estado Islâmico. Todos, todos eles tomaram prévio conhecimento dos atentados aos direitos humanos, dos assassínios genocidas, do espezinhar dos elementares direitos das vítimas chacinadas. Eram voluntários, ansiosamente queriam participar nos crimes e partiram. Todos eles sabiam da existência de inacreditáveis torturas prévias à infalível execução com requintes de malvadez. Todos eles usaram e abusaram do poder que transitoriamente tiveram. Todos eles participaram ou gostosamente assistiram às queimadas humanas em levas da morte, às execuções sumárias, ao despenhamentos do alto de edifícios, afogamentos, degolas em praças ou matadouros, ou ao mais prosaico e secundário destruir de património. Regozijaram-se com a existência de mercados de escravos.
Ainda na Europa e diante dos ecrãs dos seus computadores, riram abertamente perante todas as atrocidades cometidas em nome não se sabe bem do quê e de que sacra-inexistência. Uma leitura na diagonal das mensagens trocadas a cada ocorrência trágica, confirmam o acima descrito. Não têm nem poderão alguma vez ter a menor hipótese de escapar impunemente.
Em suma, devem pagar pelos seus crimes e de uma forma radical, pesadamente.
Sob pena de enfrentarem a curto prazo aquilo que todos pensam como séria probabilidade, os governos ocidentais não podem dar-se ao luxo de exigir aos seus concidadãos ultrajados, mais o vergonhoso e aviltante sacrifício de não só os ter dentro de portas, como ainda serem obrigados a sustentar o seu parasitismo em prisões confortáveis e onde espalharão ainda mais os venenosos ensinamentos que lhes foram prodigalizados através de teclados e excitadas oras. Não!
A democracia significa o pleno acatar do Estado de Direito - em suma, aquilo que somos e queremos - por eles rejeitado.
Não vertamos uma única lágrima pelos facínoras e voluntários companheiros de caminho, estejam eles aqui a opinar de forma mais ou menos ostensiva, ou lá, no Próximo Oriente. Devem permanecer onde estão, para onde para sempre partiram. Para sempre, em termos temporais signifique isto o que significar.
A propósito do turra que há uns dias resolveu atropelar pessoas numa movimentada rua de Estocolmo, o noticiário de ontem dizia textualmente que ..."reconheceu ser o autor do atentado* e aceitou a prisão preventiva".
Aceitou? Que alívio, ficamos todos tranquilizados quanto à decente solidez da justiça sueca.
*Atentado, não ousaram dizer crime.
Começo pelo caso de violência doméstica que envolveu Donald Trump. Foram parentes próximos do seu Partido Republicano que lhe deram umas valentes castanhadas. Não foram estranhos. Foram "militantes" que, em nome de outras crenças, abandonaram o "camarada" naquela hora díficil de revogação do Obamacare. Não seria interessante, em nome de Abril, da democracia e das balelas de liberdade de expressão que por aqui grassam, que uns quantos socialistas virassem o prego às intenções da Geringonça? Não seria democrático e vibrante? No entanto, temos exemplos bicudos de dissonância partidária neste país. Penso em Campelo, penso no queijo Limiano e penso no triste desfecho dessa ocorrência - nos saneamentos e exclusões. Enfim, fico-me por aqui. Acho que conseguem pintar o resto do quadro. Não preciso de acrescentar grande coisa ao estado da arte partidária em Portugal. O Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português têm superado as minhas expectativas - são frouxos, fracos. Deixaram-se levar e fingem a discordância para primeira página de matutino - mais nada. Mas adiante, passemos ao berbicacho seguinte. A violência doméstica em barda, que Portugal oferece aos jornais da TVI e CMTV, prova o seguinte; quem não tem cão, caça com gato. Os americanos, que são os campeões da venda retalhista de pistolas Colt e espingardas Winchester, não são tidos nem achados nestas histórias. Em Barcelos e Ovar bastou a faca. Nem foi preciso o alguidar. Em Barcelos foi uma coisa de brio, Briote, de seu nome. Em Ovar, foi algo esmerado, foi em Esmoriz. Pelos vistos não são necessários refugiados sírios nem fundamentalistas islâmicos para dar conta do recado - decapitar, degolar. As celúlas de violência doméstica abundam em Portugal ao ponto de se poder designar o flagelo de terrorismo doméstico. Os políticos de brandos costumes e as assistentes sociais que apregoam a reintegração social dos infractores com cadastro firmado são sempre os derradeiros responsáveis - não têm culpa das bofetadas. De nada servem as desculpas dos problemas de bebida, e da miséria económica e social dos agressores, para justificar a clemência e o encosto judicial incipiente. Assistimos a uma guerra civil com contornos preocupantes. Tinham sido os socialistas, quando estavam na oposição, que apontavam o dedo ao PAF como responsável pelo descalabro moral do país. Pois bem, agora que é tudo um mar de rosas de recuperação económica, melhoria nos níveis de desemprego, défices que já dobraram a fasquia dos 2,1%, nada disto deveria acontecer - a paz deveria ser plena e inequívoca. Contudo, o guião de instabilidade emocional continua a prevalecer. O português suave continua a ser aquela história da carochinha. O assassino, que era pacato e boa pessoa lá no café da aldeia, vai à praia dar umas passas inofensivas e depois enterra a beata no areal.
O Manuel Freire dizia que …não há machado que corte, a raíz ao pensamento"
Pois não, não há e passando isto aos alemães, nossos amigos, aliados e sponsors, cujo país se tornou por vontade própria num merecido mega-saco de boxe, as notícias são veiculadas de uma forma muito imaginativa e quiçá, divertida. Os alemães, nossos amigos, aliados e sponsors pensam, logo existem.
Por exemplo, ontem aconteceu "aquilo" em Dusseldórfia e como foi então identificado o meliante? Para além do tradicional problema mental que o coloca mais ou menos (felizmente muitíssimo menos!, ufa...) ao nível de Béria, Himmler, Iezhov e outros malandretes da história, disse-se que provinha de um território "da antiga Jugoslávia", entidade agora tão geográfica como América, Ásia, África, Oceânia ou Europa e que terá há muito desaparecido dos mapas políticos.
Claro…mas, caros aliados e sponsors alemães, assim não dá, não pode ser e como facilmente detectámos a insinuação logo à primeira, parece-nos que têm de ter ainda mais imaginação! Em suma, sejam mais ousados e inventivos.
Nós, portugueses estamos treinadíssimos para este tipo de coisas e no tempo dos nossos pais e avós ou bisavós - ena, ena, já lá vão algumas gerações -, quando nas revistas do Parque Mayer alguém cantarolava qualquer coisa a respeito de Santo António, toda a gente percebia a quem se referia. Era o que se chamava "ler as entrelinhas" e desta forma os portugueses tornaram-se peritos no decifrar de enigmas, as tais indirectas por vezes demasiadamente óbvias. Burricos eram então os distraídos do lápis azul, artefacto que não pode nem deve ser confundido com lápis lazúli. Se não vos agrada este conselho dos vossos amigos aliados e sponsorizados portugueses, sempre podem pedir auxílio indicativo aos russos, ainda mais peritos em contornar esse tipo de dificuldades. Sob 30 graus negativos e na bicha para a garrafinha de leite, sempre arranjavam uma piada muito indirecta que logo pela manhã era contada no metropolitano moscovita, um monumento de engenho e arte.
Para a próxima, os nossos amigos, aliados e sponsors alemães talvez consigam ainda ser ainda mais politicamente correctos e fazerem um comunicado com este teor:
- "um atacante proveniente de um antigo território do Império Romano, fez isto e mais aquilo. Era um louco comprovado"
Sempre fica mais abrangente e todos compreenderão.
Ainda acreditam nessa história do Ano Novo? 2017 não passa de um estágio temporal em segunda mão. O governo de geringonça também não é novo - é mais de terceira mão. A presidência dos EUA, essa sim, é nova, original. O que se passou em Istambul, ainda não havíamos escutados as 12 badaladas, serviu para varrer as incongruências da natureza humana, ingénua e carregada de esperança festiva perigosamente naive. A tensão pré-orgásmica que conduz à falsa percepção de mudança não tem cura. Chamem-me de cínico, mas já começamos a ter idade para deixar de ir em cantigas. Vamos a factos domésticos em primeiro lugar. Os portugueses acordaram dia 1 de Janeiro de 2017 com uma diminuição efectiva do seu rendimento disponível. A fórmula do engano e decepção parece ser a mantra de governação, com o apoio de jornaleiros amigos - "nem todos os aumentos são maus" - bonito, linda esta afirmação. Como sempre, as estatísticas e os velhos servem para justificar as decisões mais bicudas - a população portuguesa está a envelhecer. Agora elevem ao quadrado a mensagem de serenidade e paz interior, e vejam como estamos mesmo preparados para um mundo cada vez mais hardcore - Guterres não é o Papa. Enquanto rezam as praxes de estabilidade social e harmonia governativa, as rodas da realidade não abrandam. Não seria maravilhoso se o mundo dependesse das belas intenções de expressionistas como António Costa? Estes governantes tardam em entender a inversão. As excepções passaram a norma. O calendário dos anos vindouros estará marcado por incidentes que carecem de antecedentes, de validação. Este ano não pode servir de alibi e como uma declaração de que a tempestade já lá vai. Eventos como o Brexit ainda não aconteceram. 2016 apenas serviu para reservar lugares na agenda. E são muitos os passageiros. Temos o comboio regional das autárquicas. Temos o TGV das eleições francesas. Temos o canal da Mancha do Brexit efectivo. Temos as socas duras das eleições holandesas. Enfim, teremos muito com que nos entreter para além dos eventos espontâneos, terroristas ou nem por isso. A noite de ontem bem me pareceu mais contida, mais calma. Sinto no ar um certo conformismo das gentes, mas sinto que os últimos da fila são os primeiros dos diversos governos que polvilham aquilo que ainda resta de um projecto europeu. Os governos, seja qual for a sua procedência, correm riscos. Mas serão aqueles que mais prometem e menos cumprem que sentirão a corda a apertar. E depois dizem que a culpa é da ideologia, do extremismo, uma coisa vinda do passado, de um outro ano novo qualquer.
Assisti há pouco a uma entrevista a um alemão cuja mulher está numa sala, com outras pessoas, no centro comercial de Munique que foi alvo de um ataque terrorista. Dizia que tinha enviado mensagens à mulher a encorajá-la e às outras pessoas na sala a reagir caso um terrorista entrasse na sala, visto que "não se consegue falar com esta gente", e a não implorar pelas suas vidas, devendo imediatamente atacar o terrorista e "matá-lo". É o resumo perfeito daquilo que enfrentamos e devíamos fazer. Enquanto os líderes ocidentais continuarem a pensar que isto se resolve com diálogos entre civilizações e religiões e teimarem em negar a mais que evidente natureza violenta do islão e a sua perspectiva sobre o mundo moderno e o Ocidente - essencialmente, pretendem aniquilar-nos e ao nosso modo de vida -, vamos continuar a assistir, infelizmente, à ascensão da extrema-direita um pouco por todo o Ocidente, pela simples razão de que esta está ciente da necessidade de defender os valores do Ocidente perante a barbárie inspirada pelo islão e da mensagem que o alemão acima mencionado transmitiu: ou matamos, ou morreremos às mãos desta gente. Mas continuem a eleger Obamas e Merkels - verdade seja dita que, entre estes e personagens como Marine Le Pen ou Donald Trump, venha o diabo e escolha, e que infelizmente não se vislumbra ninguém capaz de assumir a liderança de uma ofensiva ocidental contra quem nos ameaça permanentemente - que o caminho para o desastre continuará a ser alegremente percorrido.
Os governos democraticamente eleitos do mundo ocidental tardam em enfrentar a dura realidade dos factos. O terrorismo já não equivale a incidentes esporádicos que se dissipam num calendário alargado de ocorrências e datas. Os ataques perpetrados em Paris, em Bruxelas, em Londres ou Munique fazem parte da mesma linha de continuidade. As teorias organizacionais, construídas sobre a premissa da existência de células e hierarquias, já não servem para antecipar ou retrospectivamente dissecar os contornos dos ataques. A questão da genealogia ideológica também se secundariza perante a emergência securitária. Por mais que queiram evitar a solução musculada na Europa civilizada, os lideres de sociedades livres em breve terão de encarar o destacamento de forças militares permanentes nas ruas das cidades, a colocação de forças especiais em pontos nevrálgicos das urbes. Não mencionei uma vez sequer a dimensão dos refugiados, dos fundamentos religiosos ou dos conceitos subjacentes ao auto-proclamado Estado Islâmico. Refiro, sem valorações adicionais, o desafio de ordem e segurança que deve ser abraçado a todo o custo. O declínio da capacidade de projecção de poder dos adversários em terras distantes significa a disseminação de esforços fragmentados, mas altamente letais, no encalce próximo da tranquilidade europeia. O 11 de Setembro, intensamente sofisticado do ponto de vista conceptual e operacional, migrou para propostas de terrorismo de fabrico artesanal. Será com os meios disponíveis que os golpes serão desferidos. Os defensores das liberdades e garantias ainda não entenderam que em nome dos mais altos valores de liberdade, o combate implica o arrestar limitado de algumas prerrogativas consensualmente aceites enquanto intocáveis. A Europa está em guerra, mas tarda em admití-lo. Os terroristas de Bruxelas e Paris também elegem lideres. Chegamos a um ponto insustentável que transcende birras fratricidas entre a Esquerda e a Direita, pacifistas e belicistas. Chegou a hora de uma união de facto. A convergência política e efectiva para derrotar os atavismos internos. Chegou o momento da Europa.
Que Israel possui uma enorme e ilegal quantidade de armamento nuclear, esse é um segredo tão bem guardado como a inclinação da Torre de Pisa. Nas imediações não existe qualquer outra potência nuclear a não ser o Paquistão, muito mais a leste e que perigosamenteas obteve graças ao beneplácito do nosso aliado americano. Seguir-se-á o Irão, disso já não existe a menor dúvida.
O que era praticamente ignorado pela grande maioria da opinião pública europeia, é a já muito antiga presença de armas nucleares na base americana de Incirlik, ponto essencial de apoio a operações naquela parte do mundo, sejam elas para manter uma vigilância apertada sobre Tartus - uma das três bases com denominadas task forces que os russos mantêm fora das suas fronteiras -, seja para o cada vez mais disparatado apoio a "forças combatentes" no teatro de operações sírio, inclusivamente alguns movimentos que como a Frente al-Nusra são declaradamente anti-ocidentais e muito retintamente suspeitos de parcerias com um Estado Islâmico misteriosamente equipado com armamento alegadamente capturado no Iraque. Nada é por acaso.
Quando da resolução da Crise dos Mísseis de Cuba, Kennedy terá concedido a Kruschev a retirada dos correspondentes americanos plantados na Turquia, no então flanco sul da União Soviética. Foi este um acordo informal e jamais cumprido, uma concessão que salvou a face dos dirigentes do Kremlin, uma troca-por-troca que as superpotências perante o resto do mundo assumiram até à implosão da URSS. Caído o regime comunista vitimado pela sua própria prepotência - nesta se incluindo a desastrosa intervenção no Afeganistão -, vertiginoso despesismo militar, miséria material extensiva a toda a população que não era membro do Partido, procedeu-se a um refluxo das fronteiras controladas pelos russos: saída da Polónia, Checoslováquia, Roménia, Hungria, Bulgária e extinta RDA do Pacto de Varsóvia, ditando o fim do mesmo.
A Rússia regressou aos tempos em que a sua presença territorial se limitava grosso modo ao traçado anterior ao reinado de Catarina II, a Grande, a alemã Sofia de Anhal-Zerbst que tomou a maior parte da Ucrânia, toda a Bielorrússia, a Lituânia e mais uns tantos territórios no Cáucaso. Permaneceu em actividade a Base de Tartus (Síria) e como apoio logístico a Base de Cam Ranh que já servira a marinha americana no Vietname. As restantes, todas elas situadas em territórios outrora componentes da União Soviética, contam-se pelos dedos de duas mãos e mesmo estas são de vários tipos: as que se encontram na Arménia, Geórgia e Moldávia, contam com forças de intervenção de dimensão apreciável, enquanto as outras contêm essencialmente centros de comunicações e radar. Sebastopol é um caso diferente, pois regressou ao controlo directo de Moscovo e o ocidente deveria estar preparado para reconhecê-lo.
O que sucedeu após o fim do regime soviético? Não só foi o território da RDA incluído no dispositivo militar da NATO - e a Alemanha, procurando dissipar os naturais receios russos, procedeu a um rápido e infeliz desarmamento -, como rapidamente se verificou que os antigos componentes do Pacto de Varsóvia, incluindo os Países Bálticos, foram admitidos um após outro na Aliança Atlântica. Os russos talvez esperassem a criação de uma zona tampão que fosse de Narva a Odessa, mas as expectativas saíram-lhes goradas pelos factos. Um gratutito insulto acompanhado pelo ostensivo desprezo pela psicose de cerco que o Kremlin experimenta uma vez mais. Isto teve claras implicações na forma como as autoridades russas passaram a olhar para ocidente - melhor dizendo, para os EUA -, situação ainda mais premente quando este procedeu a uma política de massive basing nas imediações da Rússia. Neste âmbito, a Turquia era uma peça anterior ao colapso da URSS e por isso, a situação não era para o Kremlin novidade alguma. A Ucrânia é, queiramos ou não, um terreno vedado à NATO.
Algo se passou desde 1991 e não valerá a pena desfiarmos o trágico rosário que é bem conhecido pelos crentes de qualquer missa televisionada até à exaustão. Todos fomos regular e insistentemente enganados nas expectativas e isso causou o ultraje nas mentes de uma imensidão de partidários da Aliança Atlântica. Há humilhações que não se esquecem ou perdoam e esta é uma delas.
Sem sequer considerarmos a hipótese de uma miraculosa conversão russa aos genéricos padrões que vigoram na Europa ocidental ou nos EUA, o massive basing acompanhado pelas catastróficas intervenções no Iraque, Líbia e mais actualmente na Síria, provocaram o gradual aumento da tensão desde o Báltico até ao Golfo Pérsico. O factor determinante que diferencia a liderança russa? Goste-se ou não da personalidade, esta chama-se Putin.
As comicamente denominadas primaveras árabes que de Tunes a Bagdade derrotaram todos os autoritários regimes laicos que tinham nascido após a descolonização, conduziram a Europa a um beco em que ainda hoje se encontra, ainda por cima agravado pela clara subversão interna, esta muito diferente de outras ocorridas nos anos sessenta e setenta, de cariz meramente político. O islamismo definitivamente passou a radical bandeira política eivada de messianismo, esta é a realidade que deveremos em definitivo entender. As responsabilidades são várias e devem ser partilhadas. Do que ninguém tem necessidade, é do acirrar de qualquer situação que possa provocar outros casos de escalada de violência militar na qual a Europa será o alvo que agora se encontra totalmente indefeso. Os países europeus estão mercê daqueles que internamente provocam os tumultos com dizeres "politicamente correctos" e mediaticamente da moda e por outros factores externos e totalmente incontroláveis por Paris, Londres e Berlim: despejar em descarado suborno, montões de dinheiro em mãos tão ou ainda mais corruptas como as dos doadores, é má política. Péssima!
A ser verdade - e é mesmo -, o que ainda estão dezenas de perigosas armas nucleares a fazer na Turquia? Com que fim se justifica a sua presença naquele país que, há que dizê-lo sem rebuços, não é de mínima confiança relativamente àquilo que julgamos ser o padrão político, social e militar ocidental? Este exército turco que na distraída opinião pública europeia passa no teste porque parece ser alegadamente laico, é sem dúvida corruptíssimo e as acusações de roubo, nepotismo, auxílio a terroristas do E.I. que genericamente são feitas a Erdogan e ao seu partido, apenas são possíveis devido à colaboração das autoridades militares que com mão de ferro controlam as fronteiras turcas. É um exército oriental, muçulmano, com isso carregando toda a tralha que a gloriosa história lhe confere. No actual contexto, essas armas nucleares não estão seguras, encontrando-se à mercê de um qualquer golpe de mão.
Quem autorizou os nossos aliados - supondo-se que a Base de Incirlik pertence ao dispositivo da NATO - a ali manter armamento daquele tipo?
Ontem a ostensivamente "collabo" France 24 comportou-se miseravelmente. Ia transmitindo de vez em quando notícias ao estilo salta pocinhas, como se aquilo não tivesse acontecido no próprio país. Realmente, mais valeu seguir os canais da tv portuguesa.
Parvez Sharma, Gay Muslim: Islam Is No Religion of Peace:
Calling Islam a religion of peace is dangerous and reductive. Like the other two monotheisms that precede it, it has blood on its hands. It’s time we Muslims start looking inward at our own communities so that the bloodshed can stop. I’m convinced that Mateen’s attitude is not fringe. It can be found everywhere from Mecca to my own mosque in New York City.
The vast canon of Islam that emerged after the Prophet Muhammad’s life has enough sanction for violence, if you know what you are looking for. And there is no lack of homophobic condemnation either. The Quran itself remains vague on the matter, lazily regurgitating the Old and New Testament’s story of the Nation of Lot. And for the majority of 1.6 billion Muslims, many of them plagued by poverty and illiteracy, the debates going on amongst the Western Muslim pundits, will make no sense. What they listen to is Khutba (Friday sermon) after Khutba that talks about homosexuality as a sin amongst other matters of religious import.
Yes, most Muslims are muddling through life, putting food on their families’ tables just like everyone else. There are countless sectarian divisions within the vast faith. But if even a fraction of a percentage of this population believes gays should be put to death, we have a problem that cannot be dismissed so easily.
Alberto Gonçalves, Os islamófilos:
As acusações de "islamofobia" são a tentativa de simular escândalo face aos triviais, e compreensíveis, receios do cidadão comum: lá por conter umas dúzias (ou uns milhões, não importa) de extremistas, o islão - homessa - é essencialmente moderado. Por mim, tenderia a crer piamente no islão moderado se este entregasse com regularidade os seus radicais filhos à polícia ou, na falta de esquadra próxima, os pendurasse no alto de um poste. A quantidade de desculpas prontas ou pesares tardios com que trata psicopatas faz-me duvidar ligeiramente do empenho do islão moderado em justificar a designação. É claro que muitos muçulmanos não sonham com a explosão de transeuntes. Porém, já que se pretende banir ou castigar opiniões, seria interessante questioná-los sobre o respeito que dedicam às mulheres, a certos grupos étnicos, a determinadas religiões e, se não for maçada, aos homossexuais. Aliás, eles respondem ainda que ninguém lhes pergunte. Os "activistas" é que fingem não ouvir.
Andrew C. Mccarthy, Killing Homosexuals Is Not ISIS Law, It Is Muslim Law:
The inspiration for Muslims to brutalize and mass murder gay people does not come from ISIS. It is deeply rooted in Islamic law, affirmed by many of Islam's most renowned scholars. This is why, wherever sharia is the law, homosexuals are persecuted and killed.
Samuel Huntington, The Clash of Civilizations:
Some Westerners, including President Bill Clinton, have argued that the West does not have problems with Islam but only with violent Islamist extremists. Fourteen hundred years of history demonstrate otherwise. The relations between Islam and Christianity, both Orthodox and Western, have often been stormy. Each has been the other's Other. The twentieth-century conflict between liberal democracy and Marxist-Leninism is only a fleeting and superficial historical phenomenon compared to the continuing and deeply conflictual relation between Islam and Christianity. At times, peaceful coexistence has prevailed; more often the relation has been one of intense rivalry and of varying degrees of hot war. Their "historical dynamics," John Esposito comments, "... often found the two communities in competition, and locked at times in deadly combat, for power, land, and souls." Across the centuries the fortunes of the two religions have risen and fallen in a sequence of momentous surges, pauses, and countersurges.
Apenas os cegos e os traidores - para não lhes chamar coisas piores - não vislumbram o que foi dado em troca de um provisório consentimento quanto à pequena mercearia de bairro que é o capítulo da economia e finanças portuguesas.
Costa foi a Berlim prestar a necessária e explicável vassalagem e foi dizendo estar disponível para aliviar a Sra. Merkel dos problemas por ela própria causados e exacerbados até ao paroxismo, ansiosa como estava por obter o Nobel da Paz. Não o conseguindo, abriu a caixinha daquilo que todos, mas todos há muito tempo estávamos certos de que sucederia.
Vêm aí um corpo expedicionário para "trabalhar nos campos" e "ocupar terras abandonadas". Isto sem sequer contarmos com os que virão para "estudar". Ficamos então avisados. O al Andalus não está assim tão longe, até porque, sejamos realistas, o número final poderá ser muito superior até para os mais loucos sonhos daqueles que se desvanecem em súbitos delíquios de amor pelo próximo.
Podem chamar-me tudo o que entenderem, afinal de contas a esse tipo de delicadezas estou habituado desde que aqui sem vontade alguma desembarquei em 31 de Agosto de 1974. Bom proveito!
Esta é para aqueles que me acusam de estar sempre a bater no (mesmo) velhinho. Já disse, e torno a dizê-lo, a ideologia e os partidos, pouco ou nada têm a ver com a minha suposta acutilância crítica. Quando se levanta a poeira em torno da nomeação de assessores para o primeiro-ministro, devemos fazer uma pausa, respirar fundo e olhar à nossa volta. António Costa pode ser amigo de ocasião de Marisa Matias e companheiro de pesca de Jerónimo de Sousa, mas sendo astuto e realista, sabe que as propostas peace and love dos parceiros do tempo novo não servem os tempos perigosos que atravessamos. A segurança interna e a defesa são dimensões que exigem cuidados acrescidos. O primeiro-ministro está certo, neste caso. Contudo, esta decisão não fará descarrilar a inevitabilidade da torrente de ameaças que pairam sobre as nossas sociedades. As nomeações em causa podem contribuir para uma outra dimensão pré-conceptual - a agilização e a partilha de informação entre os diferentes corpos e entidades em causa. Eu teria ido mais longe. Teria constituído um conselho de segurança interna para agrupar em torno da mesma mesa as chefias das diversas polícias e organismos com vocação securitária ou não (ASAE, SEF, Protecção Civil e Polícia Marítima, a título de exemplo). Mas sabemos que muitos destes organismos não se entendem - há colisão das respectivas hierarquias e excessivas lealdades políticas. Basta ser um cidadão comum para perceber que a Polícia Municipal e a PSP não se embrenham de um modo fluente e natural. O polícia municipal é excelente a guardar a betoneira da obra na via pública, mas não me parece que esteja atento à missão policial no seu sentido mais abrangente. Se o trânsito estiver emperrado, este nada faz - não é com ele (pediram-lhe para guardar a grua). Em suma, falta a Portugal, um país pequeno e de fácil interpretação logística, a plena integração de todas as forças, a consubtanciação da reciprocidade de objectivos e missões. Não sei se António Costa tem noção destas disparidades e separação de águas, mas o ambiente geopolítico e a probabilidade da ocorrência de eventos fora de caixa, obriga o governo a pensar holisticamente. Sim, eles andam aí. Alguns políticos e uma mão cheia de terroristas.
Luís Menezes Leitão, Freedom is not free:
Hoje a França bombardeou territórios do Estado Islâmico, dando assim uma resposta militar ao que foi um verdadeiro acto de guerra contra civis inocentes. Essa resposta só faz, no entanto, sentido se for para preparar uma invasão terrestre. Por muito que evolua a tecnologia, uma guerra só se ganha colocando tropas no terreno e ocupando o território do inimigo.