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Mais uma grã-besta que chega (?) a grã-cruz (?)
"A Tailândia tinha que escolher entre Abhisit - um homem de Oxford, culto, ponderado, claro e sem mácula de corrupção - e uma fulana absolutamente insignificante que não consegue reunir duas ideias. Escolheu, naturalmente, o caminho fácil. Abhsit deu o que tinha e não tinha para retirar a Tailândia do exótico político e do terceiro-mundo. Combateu a crise financeira global, garantindo ao país 8% de crescimento económico anual, lançou mão a mil e uma iniciativas visando estimular a economia, fomentar o nascimento da sociedade civil, apoiar os mais desfavorecidos sem demagogia. Combateu, até, esse flagelo da corrupção que mina a governação desde há décadas, entregando à justiça ministros corruptos. Foi, sobretudo, um defensor leal e radical da instituição monárquica. Fiou-se, contudo, na sua tradição inglesa, ignorando que a Tailândia não é o Reino Unido. Tinha, a combatê-lo, as flores do mal da democracia: o caciquismo, o "discurso de taxista", o milenarismo, a impaciência das massas que querem queimar etapas e querem ser "ricas"; isto é, querem motos, cartões de crédito, comida de graça, transportes de graça, educação de graça, tudo de graça. Um combate de Abhisit, sem dúvida votado ao fracasso, pois o "homem da rua" julga que pode ser rico se vender o ouro dos museus e dos palácios, se se deitar para o lixo todas essas ninharias que não compreende e julga antiqualhas - para que serve o Budismo ? para que serve a cultura ? para que servem as Forças Armadas e as elites que transportam a memória do "nós" intemporal que são as sociedade ? - e quer dinheiro."
Não deixe de ler o texto completo no Combustões
Para quem perceba minimamente a língua do antigo Sião, esta criatura de esgar besta, é uma quase semi-imbecil. Não relincha coisa com coisa, mas... conseguiu! Sempre de updates na boquinha aberta, quando se refere a governar fala de management, de estar na "moda", do "bem para todos" (évelitín nai fó éveli bódi), de ser very modern (ela diz "véli móden"), de riqueza, to be very fashionable (ela balbucia "to bi véli féchioneiban") , viagens lá fora e pouco mais. Os seus apoiantes não são muito melhores, isto é, aqueles que as televisões entrevistam. Não nos referimos à ínfima minoria activista candidata à reedição de Pol Pots em versão Chao Phraya, mas sim daqueles que dançam ao rufar do primeiro tambor, ainda brincam às escondidas, usam t-shirts do Mickey Mouse coloridas, acreditam piamente na existência de fantasmas, vão aos comícios para se empanturrarem com Kao Pad à borla e choram de emoção ao escutarem qualquer actuação da Romana ou do Toy lá do sítio. Enfim, a esmagadora maioria. Frases do género "voto nela porque se veste bem", "voto nela porque é uma mulher e parece uma miss", "voto nela porque é a candidata mais rica", "voto nela porque gosto dos dentes brancos do seu sorriso", "voto nela porque diz que vai aumentar o nosso salário em 40%", voto nela porque vai ser tudo for free (eles pronuciam fó fâlí")", voto nela porque parece uma japonesa" (eles dizem "same-same kon nipun"), "voto nela porque tem uma pele branca e não precisa de usar bleaching cream" (eles pronunciam blitin ca-lim), etc, etc, fazem o todo.
Vamos a ver o que dali sairá: asneira garantida e teleguiada pelo patifório do mano, o duvidosamente "senhor" Thaksin Shinawatra.
Fiquem tranquilos, porque não se trata de uma imagem "gaga" tirada de um filme XXX rodado em Bangkok.
Este descansado e inofensivo menino que conta vinte e cinco anos de idade, encontra-se desde ontem detido pela policia, acusado de ser o organizador e autor de uma série de atentados de cariz subversivo. Chama-se Surachai Thewarat e surge ligado ao ataque de granada que vitimou cinco soldados, entre estes, um coronel. É igualmente acusado de ter atacado com granadas a estação de metro de Sala Deng, assim como o 11 Regimento de Infantaria e o grande Hotel Dhusit Thani. O currículo fica ainda enriquecido com a morte de dois policias na zona do Parque Lumpini, no centro nevrálgico da acção "red".
Surachai admitiu a autoria de outros atentados, como aquele perpetrado contra a esquadra de policia de Lumpini e um posto de controlo onde um agente caiu varado pelas balas. As autoridades conseguiram estabelecer as suas ligações com outros grupos de activistas, recorrendo a números de telefone e a movimentos bancários, o tal Evereste de dinheiro dos pobres pés-descalços, que durante a crise correu a rodos.
Como nota curiosa, saliente-se ainda o facto deste benfeitor das massas populares se ter dedicado ao comercio de inofensivas armas, como metralhadoras AK-47 e lança-granadas M-79 que alegadamente lhe teriam sido fornecidas pelo falecido major-general Kattiya Sawasdipol, uma espécie de gesticulante Otelo de ocasião.
O pacífico movimento vermelho-thaksinista e as suas proezas decalcadas de outras localidades bem próximas das fronteiras do Reino. Tudo boa gente!
Por este andar e dado o prestimoso currículo que Surachai apresenta, os seus potenciais admiradores do BE - Fernando Rosas , foi o único político português que saiu à praça em defesa de Thaksin - ainda recorrerão a uma manif à porta da embaixada tailandesa em Lisboa.
De Bangkok chegam notícias desconcertantes. Durante umas semanas, falou-se muito das tropelias protagonizadas por um major-general renegado, com pretensões fidelistas. Organizava esquadrões armados com AK-47 e os seus lança granadas causaram alguns estragos, numa tentativa de se fazer notar pela imprensa internacional e pelos ávidos gulosos por revoluções fora de portas. Há uns trinta e poucos anos, tivemos um exemplar bastante parecido que corria pelas ruas de Lisboa, mas de uma forma infinitamente menos perigosa. Unia-os o gosto pela teatralidade, mas este tal Seh Deng era mais belicoso e um sério candidato a militarão ao estilo daqueles outros que fizeram as delícias do vizinho sr. Pol Pot.
Enquanto há notícias de deserções entre os sediciosos, a imprensa insinua que Seh Deng foi abatido por um sniper. Pelo que parece, a colossal paciência das autoridades está a chegar ao fim. No entanto, não se percebe bem quem afinal foi posto fora de combate, pois o nome noticiado sugere outra pessoa, uma tal Khattiya (Cátia). Afinal foi o major-general Seh Deng ou uma menina Cátia, provável acompanhante de futebolistas famosos? "Estórias" de danças de varão em Patpong...
Na Tailândia, não existirá nenhuma "república de Estado Novo"
Leia tudo AQUI, no Combustões. Texto e muitas fotos inéditas, tiradas por Miguel Castelo-Branco. Esta tarde, em Bangkok.
Um indivíduo acercou-se e identificou-se como professor do ensino secundário. É simpatizante de Abhisit mas deixou-me boquiaberto com a terminologia. "Sabe, 90% dos tubarões e exploradores deste povo são amigos de Thaksin. No campo democrático e daqueles que amam o Rei, a maioria são pessoas como nós, que trabalham, se levantam cedo e deitam cedo, que fazem ginástica orçamental para sobreviver". Feliz por ver que da boca de um homem que ganha duzentos Euro por mês saltam crepitantes as palavras que esperava. Disse-lhe que na Europa era o mesmo: quanto mais ricos, ociosos e metidos nas curibecas, mais pró-isto e pró-aquilo, conquanto nunca lhes metam as mãos na carteira.
Esta tarde, a multidão na Praça Real (Dusit Throne Hall)
A maioria trazia um grande autocolante destinado a enviar um recado para o mundo, infelizmente mal informado pelos media ditos de referência, que fazem clara campanha a favor do plutocrata Thaksin servindo-se exageros e semi-verdades misturadas com totais mentiras. Não [queremos] presidente, resume a natureza do conflito. Thaksin quer a república oligárquica e plutocrática, o poder absoluto para governar a seu bel prazer. Os tailandeses sabem que tal república, que os defensores do multimilionário crismaram já de Estado Novo, seria o fim da democracia e o fim da separação de poderes. Depois, há a repulsa profunda pelo terrorismo, pelo vandalismo e pela protecção que Thaksin tem recebido dos regimes autoritários ex-comunistas da região. Agora, para os defensores do governo, Thaksin é, apenas um traidor.
A multidão que se manifestava em defesa da legalidade constitucional. Foi bombardeada com rockets disparados pelos subversivos. Veja as inéditas e extraordinárias fotos exclusivas do COMBUSTÕES
Confirmando plenamente aquilo que há muito se sabe, agora chega a notícia de claras movimentações junto da "comunidade internacional" - leia-se, forças de pressão que têm intervindo na Tailândia -, no sentido da colocação de um contingente da ONU em Bangkok! Inacreditável, como se um Estado soberano pudesse admitir tal coisa, quando mesmo ao lado a Junta birmanesa - sob protecção de Pequim, tal como os "reds" - usa e abusa do poder das armas e de forma totalmente impune. Pretender-se colocar a Tailândia no mesmo patamar comparativo do terror chinês, laociano e a tantos outros da região, é um absurdo que desacredita quem recorre a este tipo de artifícios.
No pleno desespero de uma causa que já vêem perdida, apelam agora à descarada intervenção que salve os negócios de alguns e a colossal fortuna roubada por Thaksin, hoje parcialmente congelada por decisão judicial. É isto que essencialmente está em causa e a plutocracia de tudo se serve para se proteger.
O quadro torna-se cada vez mais nítido e as últimas notícias dão conta da detalhada confissão - que será televisionada - de um actor que participou no ataque armado de 10 de Abril, confirmando plenamente o que aqui foi dito. Thirachon Manomaipibul, o governador da capital, declarou hoje que as câmeras de vigilância do BTS - estação do metro aéreo - confirmam plenamente a origem dos disparos dos rockets M-79 que ontem atingiram a multidão: o Parque Lumpini, sítio da barricada "red". Previamente, a liderança sediciosa procurou ocultar a acção da origem do ataque, cobrindo com plásticos negros as câmeras de segurança (CCTV) da Administração Metropolitana de Bangkok, simultaneamente dirigindo o ângulo direccional dos aparelhos, para o céu. Torna-se muito difícil esconder a verdade e pasma-se pelos argumentos utilizados, como o "respeito pelas normas internacionais", por exemplo. Curiosa moderação esta, vinda de entidades que ainda há poucos dias cantavam já a vitória de "sublevações populares libertadoras" ou outras ladainhas da praxe, sempre susceptíveis de impressionar os observadores postados em escritórios com ar condicionado.
Foi esta a multidão ontem bombardeada na Avenida Silom.
Esta tarde, está prevista uma grande concentração de populares que na grande Praça Real se manifestarão em defesa do trono e da legalidade constitucional. Não deixaremos de publicar toda a informação que estiver disponível.
Como dissemos, a intervenção externa existe, é descarada e sem sofismas. Há que dar-lhe remédio.
Popular defensor da Coroa, ferido à saída do Hospital cristão na Silom (foto do Combustões)
Como previamente anunciámos via Combustões, a paciência da população de Bangkok está a chegar ao fim. Hoje uma enorme multidão deslocou-se para a zona da Avenida Silom, no sentido de confrontar as barricadas "vermelhas". Foram disparados rockets M79 que segundo as autoridades, apenas podiam provir das imediações da estátua do Rei Rama VI, que se ergue precisamente à entrada do Parque Lumpini, ou seja, em pleno arraial thaksinista. Decerto será inútil procurar muito para encontrar os autores da façanha que matou gente e feriu muitas dezenas de populares defensores do regime democrático e da Casa Real. O exemplo nepalês é temido e o que tem sucedido no antigo reino hindu dos Himalaias, é de molde a aterrorizar os até agora pacatos tailandeses. Como avisámos há uma semana, o "movimento vermelho" encontra-se perfeitamente organizado, bem abastecido de recursos de toda a ordem e as suas tropas de choque não são compostas por aquilo que na Europa se chama de hooligans de futebol. São uma estrutura para-militar e treinada para este tipo de confrontos e se não chegaram ao extremo da guerra total, isso poderá dever-se apenas ao progressivo reduzir do número das suas fileiras e em sentido oposto, ao imparável aumento de efectivos do campo dos defensores da legalidade constitucional.
Os próximos passos são aqueles que já se prevêem. Iniciarão as manobras dilatórias e de desinformação, empurrando o odioso para o poder instituído. Como se a situação que se tem arrastado já há perto de cinco semanas, não seja da única e exclusiva responsabilidade da liderança pró-Thaksin e dos seus mentores estrangeiros! Ocupação de uma parte relevante do centro urbano, depredação da propriedade pública e privada, ataque à saúde pública - sangue, fezes, urina em prodigiosas quantidades escandalosamente vertidas pelas ruas -, desobediência civil e assumida intenção de subversão da ordem constitucional, para nem sequer voltarmos ao deliberado uso de armas de guerra e ataque às forças da ordem. É este o quadro indeclinável das responsabilidades de quem decidiu a aventura da qual tem agora o ónus total. Entretanto e em total desespero, a liderança "vermelha" pretende apelar ao envio de uma força de interposição da ONU, como se se tratasse de um conflito internacional. Desta forma, reconhece ser um partido político que deixou de o ser, tornando-se numa milícia armada em aberta guerra civil. Este episódio grotesco até à demência, tornaria os meliantes num estado dentro do Estado. Inacreditável
Há ainda que dar uma especial atenção ao ponto fundamental que as informais agências de desinformação não têm querido referir, pelas razões que são óbvias e que se prendem sobretudo, aos interesses económicos sem rosto mas perfeitamente identificáveis a breve trecho.
O último recurso, consiste na desesperada intenção de envolver a Coroa na luta partidária, num clássico processo que teve funestas consequências no nosso país. O Rei tem-se mantido numa total reserva, deixando a situação tornar-se completamente nítida aos olhos da totalidade da população tailandesa e também - ponto importante -, para a plena avaliação dos aliados internacionais do Reino, mormente os Estados Unidos da América, o Japão e outros parceiros regionais, como a Índia. O caso europeu, perdido de antemão pela inexistência da UE como entidade credível na cena internacional, resumir-se-á talvez, à única potência remanescente neste espaço, o Reino Unido. Seria talvez interessante que as duas eclipsadas potências históricas - assim os tailandeses continuam a encará-las - europeias, Portugal e a França, manifestassem atempadamente a sua obrigatória solidariedade com a ordem constitucional vigente.
Sabemos todos o que está em causa em toda a ampla região em disputa pela impetuosa e expansionista China continental. O sinal a enviar deve ser inequívoco, claro e delimitador das esferas de influência recíprocas. É esta a única mensagem possível de entender pelos Estados que vêem nas relações internacionais e nos Tratados, meros "pedaços de papel" ou recursos à disposição para a prossecução de ambições ilegítimas, mas possíveis de atingir pela passividade de terceiros. Foi este o caminho que a Europa e os EUA não decidiram trilhar nos anos 30 do século XX, estimulando os apetites da liderança militar japonesa que levaria o Império a uma hecatombe sem precedentes.
Ontem, Chavalit - um homem que desde há muito é geralmente considerado como ligado a grandes interesses e pouco susceptível de beneficiar de qualquer reputação de lisura -, veio apresentar uma fastidiosa exposição que visa o fatal comprometimento da Coroa no conflito e cujo exclusivo fim consiste na dissolução imediata do Parlamento. Consequentemente, o calculista porta-voz de Thaksin e dos seus mentores além-fronteiras, adivinham a formação de um governo sob os auspícios do Pueh Thai, o sucedâneo do extinto partido político outrora chefiado por Thaksin e pela sua camarilha de chieftans locais e tríades de negócios e de influências de várias cambiantes. É que para estes o tempo urge e não será muito arriscado imaginarmos uma provável derrota eleitoral do PT, principalmente após os acontecimentos de que foi incentivador e claro protagonista.
Eis alguns dos argumentos apresentados por Chavalit:
- In the Thai experience, the monarchy has always guided the country to overcome turbulent situations and when deemed necessary, the King has the full power to exercise royal discretion. The King's intervention during the 1973 student uprising and the 1992 Black May incidents are examples of the monarchy's involvement in overcoming crises.
- The monarchy has been a counter-balancing force to check the runaway power of a dictatorship, be it military or parliamentary.
- The monarchy is just, and therefore, the only viable institution to mend social divisions.
Apesar das aparentemente naturais palavras tendentes a convencer os mais desconfiados, a realidade é hoje bem diferente daquela que se apresentava em 1992, embora se pareça estranhamente com os acontecimentos dos anos 70, esses sim, claramente "vermelhos" e teleguiados pelo expansionismo comunista internacional.
A Coroa não pode actuar agora tal como fez prontamente noutras ocasiões, porque os dados em análise remetem-nos para os acontecimentos dos anos pós-conflito do sudeste asiático. Inebriados pela esmagadora derrota ocidental no Vietname, Camboja e Laos, os comunistas tentaram apear a Monarquia siamesa, no conhecido programa do dominó gizado por Pequim e pelo seu arisco correspondente comunista de Moscovo. O Palácio de Chitralada - a residência real - terá há muito compreendido os verdadeiros objectivos daqueles que trouxeram a guerrilha para o centro da capital do Reino e a circunspecção até agora demonstrada, vai certamente no sentido de uma cuidadosa análise. Durante anos os comunistas do Partido Comunista Tailandês derrotados da década de setenta, propalaram os velhos e requentados rumores com que atingem todas as coroas desde os finais do século XVIII e tal facto não é desconhecido a ninguém, muito menos ainda para os colaboracionistas estrangeiros que estão de serviço à subversão.
Se a Coroa não pode tomar partido numa disputa entre rivais eleitorais ou sociais - e não é essa a situação -, deverá ser a força decisiva que faz pender a balança com o peso esmagador da imensa maioria da população do país que não quererá vê-lo tombar perante uma tirania lúgubre e ruinosa. Após o Crime de 1908 e as condescendências que durante três décadas aviltaram a respeitabilidade da Ordem instituída, a crença profunda na intrínseca bondade dos homens - e neste capítulo S.M. a Rainha Dª Amélia foi cega - e a recusa em acreditar no total desrespeito por um articulado constitucional que era profundamente liberal, tornaram inevitável o fatal desenlace de 1910 e toda a tragédia subsequente. Foi esta louca imparcialidade perante a arrogante subversão terrorista que conduziu o liberalíssimo regime da Monarquia Constitucional portuguesa a um inglório e escusado fim.
Defendendo o seu trono, o Rei defende o seu povo e a Tailândia como o país independente que jamais deixou de o ser.
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Fatigada da gritaria,ultrajada pelos rios de sangue, urina e fezes despejadas na via pública, assustada pela provocação que pretende alçar Thasin a "presidente do Estado Novo Tailandês" - uma satrapia do regime de Pequim -, a população de Bangkok começa a perder a paciência. Além de mimar os soldados do Exército Real com todo o tipo de vitualhas, flores e cânticos de incitamento, iniciou aquele inevitável processo de confronto verbal que já degenera em rixas com os pretensos "vermelhos". Aos gritos de Ok Pai! - vão-se embora! - e Mai Dee! Mai Dee! - é mau! é mau! -, durante umas semanas invectivaram os provocadores a soldo. Agora já estamos noutro patamar.
Entretanto, tal como aqui previmos, a liderança thaksinista usa a voz de Chavalit Yongchaiyudh tentando a manobra de diversão que consiste no envolvimento do soberano. A resposta do Partido Democrático é de perfeita compreensão por aquilo que se pretende: "I think Chavalit should reprimand those attacking the monarchy, instead of trying to involve the King in an inappropriate manner," disse Chuan Leekpai, antigo primeiro-ministro.
Veja um video AQUI
Esta tarde, a manifestação em defesa da legalidade e do regime
Acabado o período de férias do Songkran, a população urbana começa a regressar à capital e por aquilo que as imagens dos derradeiros dias têm mostrado, vai crescendo o tom de indignação pelo sórdido espectáculo oferecido semana após semana, a um mundo quase indiferente. Os tailandeses são um povo orgulhoso e cioso da questão das aparências - não gostam de perder a face - e a profunda degradação das zonas mais frequentadas pelo florescente turismo ocidental, é de molde a enervar os ultrajados residentes e comerciantes. A liderança thaksinista aposta na ruína económica e no crescer do descontentamento que obrigue o regime a baixar os braços. Por outro lado, espera-se uma progressiva participação popular em quotidianas manifestações em defesa da Lei, da Constituição e da Coroa, daí a pressa dos subversivos em jogar tudo por tudo nos próximos dias, ao mesmo tempo que orquestram manobras de diversão, como "apelos ao Rei", "rendição", etc. Em qualquer país europeu, uma situação que tivesse atingido uma fracção daquilo a que temos assistido, já há muito teria sido tratada de forma lapidar, para nem sequer referirmos os "métodos dinâmicos" utilizados mais para o Leste, onde o regime do presidente Putin não hesita em utilizar toda a força do Estado para a manutenção da sua segurança interna. Isto, perante o generalizado alheamento ocidental, dada a importância da Rússia. Os negócios falam antes do sangue derramado.
O plano do assalto ao poder obedece a um conhecido e muito clássico esquema gizado pelo desaparecido Komintern e seus sucedâneos. Os métodos são facilmente adaptáveis a cada uma das situações nacionais onde urge intervir e contam sempre com a contemporização das sociedades liberais, reféns de palavras de ordem daquilo a que genericamente designamos hoje como "politicamente correcto", princípio da não-violência e contemporização perante as investidas dos radicais. Em suma, os reds são uma ínfima minoria, hábil e vergonhosamente escudada por detrás de gente naive e indefesa, onde avultam idosos e crianças de colo, enquadrando o esquema geral de resistência às forças do Estado. As etapas para as cartadas decisivas, estão há muito previstas:
1. Provocar a todo o transe a máxima violência urbana entre "massas desprotegidas" e forças militares "opressoras". Vivemos no império da informação e os sediciosos conhecem as reticências dos sectores liberais no uso de uma autoridade que a imprensa facilmente generalizará em termos de "tirania, abuso de poder, prepotência", etc. A liderança thaksinista - refugiada nos hotéis de luxo da "zona de combate" -, quer a guerra custe o que esta custar, nem que para isso acabe por impor acordos que logo rejeitará, inventando todo o tipo de desculpas para tal.
A imprensa afecta à subversão e as suas conhecidas correias de transmissão nos grandes interesses económico-financeiros no Ocidente, tenderão a propalar notícias gizadas pelos thaksinistas, apresentando agora as "milícias encapuzadas" como se "terroristas do governo e seus aliados" se tratassem. Clássico, este processo de vitimização. 20.000, 50.000 pessoas insurrectas nas ruas de Bangkok, podem parecer uma enorme multidão para os europeus que se habituaram à morigeração de costumes militantes. Na Tailândia, 1.000.000 de militantes - e não é este, nem de longe, o caso em questão! - são uma ínfima minoria, engrossada apenas pela agit-prop muito activa e teleguiada do exterior e por estrangeiros que se mantêm no país. O governo tailandês conhece essa situação, tal como a divulgou ao mundo há apenas alguns dias.
O ponto fundamental a reter, consiste no facto da liderança vermelha não desejar qualquer dissolução parlamentar que não seja imediata.
Perdida a luta pelas massas urbanas que não possuem, decidirão a clássica manobra de diversão, apelando directamente ao Palácio, mas manifestam desde já as exigências leoninas que são facilmente previsíveis e inaceitáveis:
a) imediata dissolução do Parlamento.
b) formação de um governo "até eleições" do Pueh Thai - o mal disfarçado partido de Thaksin - que se encarregará de "preparar futuras eleições". Dadas as escabrosas situações que se verificam nas províncias onde o thaksinismo instalou uma mafiosa rede de poder oligárquico-financeiro-empresarial de cacicagem e generalizada dependência, podemos imaginar o tipo de eleições que o "novo governo" poderá organizar.
c) imparável tentativa de afastar os principais concorrentes da ida às urnas. No poder "provisório", alegarão todo o tipo de razões para interditar o PAD, tal como já estão a fazer relativamente ao mais antigo Partido do país, o Partido Democrático que agora tentam dissolver. Apenas concorrerão com anões políticos.
d) vão anunciar uma imediata "revisão constitucional com intuitos modernizadores". Isto implica a bem pensada preparação da opinião pública, exaltando por enquanto a figura do Rei, mas exigindo a liquidação de instituições que alegadamente "afastam a Coroa do povo". O alvo primordial é a cabeça do regime e o Conselho Privado que na Tailândia, faz a vez do nosso Conselho de Estado, mas bastante mais influente que o de Lisboa. A conseguirem o intento, o Palácio fica-lhes nas mãos, sem contacto com qualquer força viva do país, seja ela da sociedade civil ou militar.
e) romenização da monarquia, seguindo grosso modo o modelo que Estaline e Gheorgiu-Dej impuseram ao rei Miguel I e à Roménia dos anos de 1944-47. Foi a isso mesmo que ainda há menos de dois anos assistimos no Nepal.
Contando com o declínio da saúde de S. M. e o seu eventual desaparecimento - que acima de tudo hoje esperam e desejam -, teremos o já iniciado processo de diabolização dos sucessores à Coroa e a laboriosa preparação para um referendo que dite nas urnas - quase sem manifestação de posição contrária -, o resultado pretendido por Pequim. Este é antes de tudo, um processo de luta pela hegemonia regional.
No apelo ao Rei - que sabem ser difícil ou praticamente impossível de ver compactuar com a subversão -, poderão também estar a prever o silêncio do Palácio, avesso à luta partidária. Então, na habitual estratégia bolchevique, apontarão baterias contra a Instituição, declarando-a ... parcial!
Este é um esquema velho de praticamente um século e que tem sido adaptado às circunstâncias de cada um dos alvos pretendidos.
Nesta luta pela conquista do vasto espaço estratégico que controla a passagem entre o Índico e o Pacífico, a China tudo tem feito para atingir os mares quentes do sul. Bases "informais" na Birmânia, a conquista das alturas dos Himalaias que para sul do Nepal lhe oferecem uma excelente posição em direcção ao odiado rival indiano, a aproximação a Teerão e uma activa penetração em toda a África austral e oriental. A Tailândia é apenas um peão a abater e no caso de um por enquanto improvável sucesso, privarão os EUA de um aliado vital, interrompendo um dos elos da corrente amiga que liga os americanos ao Japão, Taiwan, Tailândia e Índia.
Os próximos dias aconselham a atenção dos poderes ocidentais.
Impressionou-me o grande número de muçulmanos distribuídos pela multidão que não parava de crescer. A resposta para essa interrogação foi-me esclarecida por uma rapariga de véu: "hoje, nas orações da manhã, os nossos líderes espirituais apelaram à mobilização de todos os cidadãos muçulmanos para esta luta pela liberdade e pelo nosso Rei".
As fotografias são de hoje e acabaram de chegar, via Combustões. Esta manhã saíram aos milhares para as ruas da capital tailandesa. Começou o movimento popular em defesa das instituições, da liberdade. A Coroa encontra o seu mais forte esteio no povo que não quer ver o país transformado num pasto para ditadores "à moda filipina, indonésia, laociana, norte-coreana, chinesa ou birmanesa".
A estranha coligação plutocrática-vermelha que se cuide. Não tardará muito até o Song Pracharon! - Viva o Rei! - se tornar ensurdecedor.
Há alguns anos, encontrava-me em serviço naquele país do sudeste asiático. Em plena época da monção, todo o vale do Menão - corruptela portuguesa do rio Mae Nam, ou Chao Phraya -, foi inundado por uma massa de água de proporções bíblicas. Enquanto cidadezinhas de província, aldeias e quintas eram irremediavelmente isoladas como ilhas num oceano, o sítio histórico de Ayuthaya, bem no epicentro do desastre, assistia a uma devastação sem precedentes desde que a cidade caíra diante da fúria de ferro e fogo birmanês.
Aflitiva era a situação da população rural. Sem caminhos de fuga, totalmente dependente do fornecimento de víveres a partir dos grandes centros distribuidores, ficou reduzida à total impotência, esfaimada e temerosa do prosseguimento da intempérie. Pior, as quintas produtoras de bens de consumo de primeira necessidade, viram a labuta de meses desaparecer sob o lodaçal, enquanto outras, destinadas à produção de peles de crocodilos, não puderam impedir uma maciça fuga dos répteis que galgaram as cercas, em direcção ao grande rio e à miríade de canais que pontilham o mapa do velho Sião. Subitamente, deixámos de ver as crianças a exibirem as suas técnicas de mergulho à frente do Wat Phra Keaw - o Grande Palácio - , sempre à cata das moedas com que os turistas recompensavam as prodigiosas habilidades acrobáticas. Era o medo pelo choraké, o grande lagarto de dentes afiados. Alguns foram capturados, enquanto outros iniciavam uma nova vida nos klongs situados nas imediações do grande centro urbano. Era o regresso do medo de outros tempos, em que as gentes olhavam a natureza e os seus bichos como a parte integrante das suas vidas, quando não os carrascos que as cerceavam sem apelo, num necessário forçar do equilíbrio.
A capital dos então oito milhões de habitantes, também via as suas grandes thanon e soi transformadas em braços de rio, desaparecendo quase por completo o caótico, ruidoso e por vezes insuportável tráfego rodoviário. Contra todos os avisados conselhos, era com grande satisfação que caminhei de calções e chinelos, por locais onde a água facilmente ultrapassava a altura dos joelhos. Como visitante, tudo aquilo nada mais era senão um complemtento à aventura asiática, remetendo-me para outros horizontes perdidos pelo tempo. Gostava da sensação e a civilização do ocaso do triste século XX parecia desaparecer e dar lugar aos barquinhos a remos, canoas e outras embarcações profusamente decoradas com ramagens, flores e laços votivos dedicados às divindades. Naquele momento, todos viam a vantagem que os antepassados encontraram na vida embarcada, nas casas sobre palafitas e imunes aos caprichos das marés.
Decorridos quatro dias, a apreensão substituiu o negligente prazer pelo inaudito. As imagens que os canais de televisão mostravam, eram terríveis. Centenas de milhar de pessoas apenas sobreviviam refugiadas com os seus preciosos animais, amontoando-se nos telhados das suas casas e quintas, ou em montículos de terra no meio de um deserto de água, onde os esverdeados dos limos apenas alternavam com o avermelhado castanho da terra ensopada. Uma população sem comida e sempre fustigada por bátegas de água que teimavam em não partir para outras paragens, a ameaça da fome e do surto de doenças, atemorizou o país inteiro. O governo do 1º ministro Barnharn Silapaarcha não teve qualquer capacidade de resposta global, limitando-se a pequenas medidas paliativas, evacuando algumas localidades. Helicópteros distribuíam sacas de arroz, sem que isso significasse algo mais, senão uma patética tentativa de auto-satisfação pelo "dever cumprido" na assistência aos aflitos. O problema era vasto e de quase impossível resolução, enquanto as águas não fossem gradualmente baixando.
O descontentamento generalizou-se e os ataques desferidos na imprensa e na tv contra o governo, ameaçavam a tradicional pacatez da sociedade tailandesa, pouco dada a violências que se verificam noutros países da região.
O rei Bhumibol Adulyadej, tomou então a raríssima iniciativa de pedir a autorização parlamentar para se dirigir ao país. Monarca constitucional com os poderes materiais limitados desde 1932, dificilmente faz ouvir a sua voz nas contendas políticas que dividem as forças partidárias, sempre voláteis e ciosas da defesa dos seus interesses. Desta vez, a majestade apresentou-se à população durante o horário nobre das notícias e diante de um grande mapa de toda a região central do país, deu a sua opinião acerca dos procedimentos urgentes. Sugeriu a convocação das Forças Armadas para os serviços de engenharia imprescindíveis à abertura de canais de escoamento de água e mostrou qual a direcção que os esforços deviam tomar, tendo em atenção as cotas dos rios e afluentes, depressões no terreno e valas de retenção. O que ninguém esperava era a resposta maciça, impressionante e voluntária que a população deu ao apelo do rei. Centenas de milhar colaboraram com os soldados, sem qualquer tipo de enquadramento de "Partido". Sem rutilantes bandeiras, sem hinos de louvor à impiedosa e brutal sageza de Grandes Timoneiros. Nem um policia ou um único comissário que zelasse pela correcção processual e metódica da "Ideia", mas apenas uma enorme manifestação de trabalho em prol do bem e do interesse geral.
Em três dias os rios recolheram aos seus leitos e as avenidas de Bangkok voltaram à sua habitual cacofonia de buzinas, acelerações de motocicletas, tuk-tuk e ao impecável serviço de transportes públicos.
Bhumibol Aduliadej estava no trono já há mais de meio século e conhecia cada quilómetro do seu reino, desde as mais recônditas vilas do nordeste, até às frescas províncias do velho reino tributário do Lana Thai, a noroeste. Conhece as turbulentes províncias do sul muçulmano, assim como as paradisíacas estancias balneárias que cobrem toda a costa do Golfo do Sião e do mar de Andamão. Ao longo de décadas sentara-se no chão poeirento e falara com as populações rurais e da montanha, inteirando-se dos seus problemas e recolhendo in situ as mais diversas experiências e recomendações que dirigia ao governo central. Era o rei fotógrafo que compilava milhares de imagens e enchia cadernos com anotações. Distribuiu ou criou iniciativas reais de aproveitamento de recursos e viabilizou actividades que se consideravam em vias de extinção. Escolas, centros de saúde, quintas agrícolas experimentais, centros de artesãos que preservam o património artístico, projectos de drenagem e irrigação. A defesa da floresta, a protecção da vida selvagem e o sempre lancinante alerta quanto à depredação que a apressada e lucrativa urbanização imposta por uma megalópole em que a capital se tornou, eram escutadas como fazendo parte das suas normais atribuições de tradicional Senhor da Terra, título honorífico que lhe chegara pelo desfiar de séculos de passadas grandezas.
Aquele momento de dilúvio, consistiu numa súbita tomada de consciência por parte milhões que desesperavam pela ineficácia da acção daqueles em que ciclicamente depositavam o seu sufrágio. O poder transitório e materializado pelo texto constitucional, se satisfaz o princípio do "poder do povo para o povo", não conseguiu na hora da verdade e das grandes decisões, esconder a evidência da existência de um outro, apenas moral, simbólico e de teórica união das mais díspares gentes que formal o país. O poder real era afinal aquele para o qual todos se voltaram na hora da suprema necessidade colectiva. Sem prepotência ou arremedos de liderança despótica, pediu a autorização ao povo - as instituições representativas - para falar ao próprio povo. Pairando acima dos interesses materiais dos grupos económicos e mantendo bem firme a tradição filosófica que mantém a coerência da sociedade conformada em Estado, é também o defensor a quem acorrem todas as minorias, sejam elas étnicas ou religiosas.
É um dos derradeiros, senão o último dos dirigentes mundiais de outros tempos. O seu poder não se cabouca nos biliões proporcionados por uma praça financeira, ou nas baionetas de milhões de soldados em pé de guerra. A bem conhecida honestidade e total assunção do dever, é a sólida base sobre a qual se ergue a generalizada confiança da Tailândia.
Embora não me agradem tiradas encomiásticas e muito menos ainda, panegíricos destinados a personalidades vivas, neste caso há que reconhecer a evidência: grande homem é Rama IX, cujo nome Bhumibol (lê-se Pumipon) significa Força da Terra, enquanto Adulyadej (lê-se Aduniadet) o torna em Poder Incomparável, naquelas sugestões que só uma Ásia milenar consegue fazer perdurar como atributos históricos de uma filosofia tornada como religiosa norma de conduta geral.
Força de uma terra que se resume no corpo de todos os tailandeses e no incomparável poder de uma vontade que se manifesta sempre que convocada por quem de razão e de direito chama à responsabilidade.
Jamais teve veleidades imperialistas e quis expandir fronteiras ou ameaçar vizinhos. Não é um potentado que se exibe nos palcos cerimoniais do mundo, nem faz valer a sua presença em conferênciais ou cimeiras internacionais, raramente saindo das fronteiras do seu reino. É conhecido como um homem discreto e escrupuloso cumpridor de protocolos de antanho, agradando ás massas orgulhosas de uma pageantry que tem origem num passado que jamais se submeteu a qualquer tipo de colonização ou ditame de ocupantes, fossem eles brancos, indianos ou pardos. Amado como homem bom que jamais deixou ser, eis a síntese de uma vida já ocotogenária.
Os governos, os chefes de clã e de interesses e os Partidos, vão e vêem nas marés da moda, do contexto internacional e dos acasos decorrentes da crise que alterna com a prosperidade económica e financeira. De uma coisa estão todos os tailandeses certos, enverguem eles as camisetas vermelhas, amarelas ou si-chompu (rosa): o rei fica e parece ser sempre o mesmo, pouco importando o numeral.
Bhumibol Adulyadej, merece bem o cognome que há muito os mais humildes lhe atribuíram: o Grande.
Leia as notícias completas acerca da situação tailandesa A Q U I
"Há cerca de três horas foram detonados dois engenhos explosivos, o primeiro na sede da Comissão Nacional Anti-Corrupção, a instituição que tem desenvolvido infatigável trabalho de investigação sobre os crimes cometidos por Thaksin durante os anos em que foi chefe do governo e o segundo no Ministério do Interior. As agências tailandesas informam, entretanto, que o governo estuda a possibilidade de declarar o estado de sítio e a entrada em vigor de leis de excepção."
Os "manifestantes" pagos ao dia, como a imprensa gosta de ver...
Ontem aqui deixámos um alerta acerca de um certo tipo de jornalismo que se faz em relação à verdadeira situação na Tailândia. Apenas a preguiça mental e a apressada análise, poderão dar à estampa o infindável rol de lugares comuns e parvoíces surgidas nos últimos dias. Assim, para que não subsista qualquer tipo de dúvidas:
1. Thaksin é um energúmeno da pior espécie e foi o responsável pela destruição de bens públicos, locupletando-se escandalosamente às custas do erário nacional tailandês. A violência a que sempre recorreu para abafar qualquer tipo de oposição, conduziu a um banho de sangue nas províncias do sul do país, cujos representantes apelaram directamente à intervenção do Rei, como protector constitucional das minorias e de todas as religiões do reino.
2. As imagens que têm surgido demonstram à saciedade a total liberdade de movimentos da oposição organizada pelos partidários de Thaksin. Mais, permite-se-lhes - erro fatal - a circulação com catanas e outras armas de guerra, numa clara manifestação intimidatória e contrária à Lei. Como reagiriam os jornalistas portugueses e europeus, perante este tipo de exibições no nosso território?
3. O video divulgado em primeira mão pelo Pedro Quartin Graça, é exemplificativo do tipo de "militância" conseguida pelo magnata Thaksin. Todas as deslocações são pagas ao dia, assim como o transporte, fornecimento de alimentos e parafernália de propaganda. Nada é deixado ao acaso. Trata-se do mais abjecto tipo de caciquismo, à imagem do século XIX dos países do sul da Europa e de certos regimes da actual América latina. Entretanto, as divisões no "campo vermelho" começam a manifestar-se.
4. Na Tailândia, existe uma grande apreensão pelo estado de saúde do Rei Bhumibol. Com o seu desaparecimento conta Thaksin e os seus aliados externos, pois se tal acontecer a breve trecho, será previsível um momento de desorientação que propicie um golpe de força e a instalação de um tipo de regime que se aproxime daqueles que Pequim tem tentado semear em toda a região. Thaksin é um tardio émulo do antigo ditador filipino Ferdinando Marcos.
5. Não existe já qualquer tipo de dúvida acerca da manipulação externa, onde a China e alguns interesses ocidentais parecem apostados em desestabilizar o país, tradicionalmente avesso a qualquer tipo de colonialismo.
E agora, aqui está a prova final. Contentem-se, senhores jornalistas de Portugal! Video recebido via Pedro Quartin Graça