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Este artigo da The Economist exemplifica algo que, em muitos lugares, é visto como uma inevitabilidade cósmica: a renovação do pensamento político, em ordem a acomodar as pulsões desestabilizadoras geradas por uma desigualdade em crescendo. A apologia de uma nova "Progressive Era", adaptada à era da globalização, seria uma oportunidade de ouro para aniquilar a esclerose que tomou conta dos poderes públicos, um pouco por todo o lado. Nem todos os remédios prescritos neste artigo merecem a minha concordância, aliás, tenho muitas dúvidas no que concerne à insistência em programas sociais que, ao inverso do que se vem propalando em alguns fóruns, contribuem objectivamente para a manutenção de uma cultura de dependência extremamente perniciosa. Sem embargo, a aposta numa agenda assente no enfrentamento do crony capitalism é uma condição sine qua non para a reforma efectiva da economia e da sociedade. Ademais, um reformismo verdadeiramente credível terá de ter como eixo central, o reconhecimento de que o actual modelo de bem-estar, sustentado num estado obeso, está fadado ao fracasso. O fim da orgia de crédito que inundou o Ocidente nas últimas décadas demandará uma dose assinalável de realismo político, o que, pelos exemplos dados pelos líderes políticos actualmente no poder, está bem longe de estar assegurado. O diagnóstico deste artigo é certeiro: ou há uma mudança de paradigma - célere, profunda e radical - ou o preço da inacção e inépcia políticas será a ruína generalizada da cidadania e, por fim, da democracia.