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Trump, Conway...not my way

por John Wolf, em 31.01.17

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Donald Trump nunca poderia ser um político português. Não seria agraciado nem tolerado. O conceito de estado de graça que assiste aos recém-chegados ao poder foi pura e simplesmente obliterado. A inversão é plena - entrou logo ao ataque. E começa pelos Estados Unidos da América. Assistimos, quer sejamos norte-americanos ou não, à concretização das piores das nossas expectativas. A censura oficial já é um facto consumado, instalado. Mas nada disto é novo. É pela máquina de propaganda e desinformação que começam. A perseguição vivida em regimes nacional-socialitas parece ser o template em que se baseiam. A senhora Kellyanne Conway representa o pior da América profunda. Mas não está só. Contaram-me há dias que os mais reaccionários dos EUA são os jovens que polvilham os campus das universidades, e não os desempregados. E isto é particularmente preocupante porque é esta falange que irá emprestar a sua energia e os seus "conceitos" ao futuro do país. Quero acreditar, porque é o que nos resta, que seremos testemunhas de uma revolução civil americana. A única virtude que consigo extrair do ambiente instalado, num país com profundas fracturas, é a emergência de diversas frentes de indignados. Existe uma tradição de protesto nos EUA. Pensem nas manifestações contra a guerra do Vietname, contra a segregação racial, contra a globalização e os efeitos nefastos da mesma sobre o ambiente. E existem mártires. Lembrem-se de Kennedy. Pensem em Martin Luther King. O que Trump vai provocar é a reacção desmedida que transcende os orgãos de soberania que pouco valem na sua cabeça e que ele julga que domina totalmente. O despedimento da Procuradora-Geral não vai chegar para demover aqueles que entendem o processo americano, a mescla e a promessa firmada no rompimento em relação aos senhorios coloniais e a esperança que resulta do mesmo. Tenho fé, que por linhas tortas, mas lamentavelmente violentas, a América dos nossos sonhos bons possa vingar o seu nome - a parte boa do seu nome. Por causa de Trump sou mais americano do que nunca, mas não pelas razões que ele invoca. Vim de longe. Ainda não cheguei.

publicado às 12:43

A selvajaria dos beatos esbulhadores

por João Pinto Bastos, em 04.01.13

A prisão por dívidas retornou a este belo pedaço de terra soalheiro. Aumentam-se as contribuições para o monstro e, depois, cereja no topo do bolo, prende-se quem não cumprir os ditames esbulhadores. Não é difícil imaginar o entupimento que isto irá provocar nos já de si profícuos e competentes tribunais. Perdeu-se completamente o descaro, e, por mais que alguns neguem, provavelmente refastelados na vida, a liberdade está por um fio. A liberdade de viver, de empreender e construir uma vida digna. O país faliu, end of story.

publicado às 21:14

O homúnculo democrático

por João Pinto Bastos, em 13.12.12

O homem-massa está a entrar em ebulição. O fim do modo de vida dissipador empoleirado no pastiche pequeno-burguês terminará em breve, disseminando os seus escombros por todo o lado. O universalismo democrático, que produziu este homem atomizado, e que fez, também, as delícias de tanta intelligentsia ignara, sucumbirá sob o peso da dívida interminável. E a liberdade? Eis a questão do milhão de dólares. O Miguel Castelo Branco descreveu bem a coisa, alertando para um problema que, bem vistas as coisas, é o nó górdio da questão: os homúnculos que compõem os modernos regimes democráticos são "gente igual, violenta e incontrolável, presa dos instintos, falando com os punhos." Acreditam que, nestas condições, a liberdade será defendida? Não me parece. Mais, acredito que o que vem aí será, em grande medida, um futuro liberticida. Com a suprema unção dos estatistas do costume.

publicado às 21:43

Museu da Guerra (II)

por Fernando Melro dos Santos, em 11.12.12

 

Daqui.

publicado às 09:42

Da ignorância canciana

por Samuel de Paiva Pires, em 14.02.10

 

Fernanda Câncio, ao espelho, como muito bem assinala o João Távora, diz que "O pensamento totalitário é aquele que define o mundo em função de certo e errado e aglutina tudo em função dessas categorias. É o pensamento de todas as tiranias, o que quer fazer desaparecer, sob o ferrete da desqualificação absoluta - geralmente da "imoralidade" - tudo o que o contrarie".

 

Refira-se que, no mesmo post, diz ainda que "Esta divisão da sociedade portuguesa em dois campos irredutíveis resulta na monstruosidade de transformar todos, a começar por aqueles que têm o especial dever de não o ser, em estrategas políticos".

 

Pois é. Pior do que transformar todos em estrategas políticos - conheço uns quantos com essa mania que são, no mínimo, risíveis, não passando de meros estrategas da pulhítica, nas palavras do Professor Maltez -, é a muito modernaça mania de que todos são politólogos ou filósofos políticos. É assim que acabam por cometer asneiras e confundir conceitos com a maior das leviandades.

 

Cara Fernanda Câncio, o pensamento que define o mundo em função de certo e errado é o pensamento maniqueísta. Depois, na acepção clássica, tirania é a forma degenerada de monarquia, i.e., para Aristóteles, a monarquia era a sã forma de governo de um só indivíduo em prol do povo, sociedade ou bem comum, enquanto a tirania seria o governo de um só indivíduo atendendo apenas ao seu próprio interesse. Quanto ao totalitarismo, é definido por tantas variáveis e factores e pode ser tão diverso, que mais vale recomendar-lhe um dos clássicos de Hannah Arendt, As Origens do Totalitarismo.

 

Contudo, lembrar ainda o também clássico Caminho para a Servidão, de Hayek, e recordar que qualquer sociedade que se paute por uma terceira via entre comunismo e liberalismo caminhará lenta e inexoravelmente para a servidão. E já um tal de Jacob Leib Talmon também teorizou sobre a democracia totalitária. 

 

Isto tudo porquê? Porque tal como Fernanda Câncio se vê ao espelho, também ela vê Sócrates ao espelho, quando diz que : "É o pensamento de todas as tiranias, o que quer fazer desaparecer, sob o ferrete da desqualificação absoluta - geralmente da "imoralidade" - tudo o que o contrarie."  Touché.

 

A ignorância tem cura. Poupar-nos às suas desastrosas incursões por domínios que não domina sequer de forma básica era um bom começo. 

 

Entretanto, aqui fica o excelente comentário que Fernando Penim Redondo deixou ao post de Fernanda Câncio:

 

Em Setembro, ainda antes de se conhecerem os resultados das Legislativas, avisei (aqui) que o PS estava a abrir uma caixa de Pandora, e que pagaria um preço elevado pela publicação no DN do email clandestino contra Cavaco.

Para conseguir, in extremis, a vitória eleitoral acharam muito bem que se publicasse um email clandestino, que apenas continha a opinião do seu autor contra o Presidente, e que descrevia uma alegada tentativa algo canhestra de um assessor para plantar uma notícia no jornal Público.

Na altura o caso foi pretexto para uma campanha mediática que recorreu a todos os exageros e que arrastou o nome de Cavaco pela lama. Esses que então semearam ventos queixam-se agora das tempestades.

Agora acham mal que se publiquem conversas telefónicas, cuja escuta foi ordenada por um juiz, e que mostram uma autêntica conspiração para subverter, com suporte directo ou indirecto de dinheiros públicos, grupos inteiros de comunicação social.

Agora já invocam o direito ao bom nome, que antes não respeitaram, e o recato da privacidade, que antes subordinaram ao "interesse público".

É uma incoerência completa. É caso para dizer que têm o que merecem.

 

publicado às 09:28






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