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Se dúvidas tivesse (dissipadas já há muito tempo), o meu post anterior, partilhado por aí por um libertário indígena e comentado por mais uns ditos liberais e libertários portugueses que me presentearam com os mimos que a sua tribo habitualmente reserva para todos aqueles que não alinham na sua ortodoxia simplista e própria de seres intelectualmente grunhos, acaba por servir para comprovar, mais uma vez, que muitos dos putativos liberais cá do burgo só o são quanto à dimensão económica, não hesitando apoiar declarados fascistas e candidatos a ditadores, seguindo na esteira do pior de Friedrich Hayek, Milton Friedman e dos Chicago Boys que formularam as políticas económicas de Pinochet e o apoiaram, justificando-se Hayek com a possibilidade de transição democrática num país cuja economia entretanto prosperasse. Ou seja, validam, mais uma vez, algo que há muitos anos venho escrevendo: não são liberais clássicos. Um liberal clássico, nos dias hoje, como explicam Eric Voegelin e John Gray, é um conservador no sentido anglo-saxónico, um defensor da democracia liberal e dos valores a esta subjacentes, nunca poderá apoiar um aspirante a ditador. Aliás, esta possibilidade arrepiaria Adam Smith, Edmund Burke ou Karl Popper. Claro que, para perceberem do que estou a falar e as suas próprias contradições, os nossos patuscos ditos liberais e libertários precisavam de ler coisas que não se compadecem com a simplicidade panfletária a que estão habituados e que permeia as suas diatribes e concursos de ortodoxia. Aliás, fiquei bem esclarecido a respeito da ignorância e do fanatismo de que sofrem quando, excepcionalmente, acedi a explicar um post meu em que me referia a várias ideias bastante conhecidas de Hayek, Oakeshott, Ortega y Gasset, Bertrand Russell e Popper que o meu interlocutor e os seus compagnons de route na caixa de comentários desconheciam em absoluto, o que, em vez de os tornar mais intelectualmente humildes, apenas reforçou o seu fanatismo em torno do que diziam ser um pensamento próprio (de grunhos, claro). Não há como não continuar a dar razão a Alçada Baptista, para quem "Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas,” e por isto mesmo há que continuar a lutar, na senda de Fernando Pessoa, contra a ignorância, o fanatismo e a tirania.
Roger Scruton, Fools, Frauds and Firebrands:
It is testimony to the success of communist propaganda that it has been able to persuade so many people that fascism and communism are polar opposites and that there is a single scale of political ideology stretching from ‘far left’ to ‘far right’. Thus, while communism is on the far left, it is simply one further stage along a road that all intellectuals must go in order not to be contaminated by the true evil of our times, which is fascism.
It is perhaps easier for an English writer than it is for an Italian to see through that nonsense, and to perceive what it is designed to conceal: the deep structural similarity between communism and fascism, both as theory and as practice, and their common antagonism to parliamentary and constitutional forms of government. Even if we accept the – highly fortuitous – identification of National Socialism and Italian Fascism, to speak of either as the true political opposite of communism is to betray the most superficial understanding of modern history. In truth there is an opposite of all the ‘isms’, and that is negotiated politics, without an ‘ism’ and without a goal other than the peaceful coexistence of rivals.
Communism, like fascism, involved the attempt to create a mass popular movement and a state bound together under the rule of a single party, in which there will be total cohesion around a common goal. It involved the elimination of opposition, by whatever means, and the replacement of ordered dispute between parties by clandestine ‘discussion’ within the single ruling elite. It involved taking control – ‘in the name of the people’ – of the means of communication and education, and instilling a principle of command throughout the economy.
Both movements regarded law as optional and constitutional constraints as irrelevant – for both were essentially revolutionary, led from above by an ‘iron discipline’. Both aimed to achieve a new kind of social order, unmediated by institutions, displaying an immediate and fraternal cohesiveness. And in pursuit of this ideal association – called a fascio by nineteenth-century Italian socialists – each movement created a form of militar government, involving the total mobilization of the entire populace, which could no longer do even the most peaceful-seeming things except in a spirit of war, and with an officer in charge. This mobilization was put on comic display, in the great parades and festivals that the two ideologies created for their own glorification.
Of course there are diferences. Fascist governments have sometimes come to power by democratic election, whereas communist governments have always relied on a coup d’état. And the public ideology of communism is one of equality and emancipation, while that of fascism emphasizes distinction and triumph. But the two systems resemble each other in all other aspects, and not least in their public art, which displays the same kind of bombast and kitsch – the same attempt to change reality by shouting at the top of the voice.
It will be said that communism is perhaps like that in practice, but only because the practice has betrayed the theory. Of course, the same could be said of fascism; but it has been an important leftist strategy, and a major component of Soviet post-war propaganda, to contrast a purely theoretical communism with ‘actually existing’ fascism, in other words to contrast a promised heaven with a real hell. This does not merely help with the recruitment of supporters: it reinforces the habit of thinking in dichotomies, of representing every choice as an either/or, of inducing the thought that the issue is simply one of for or against.
Em Setembro, fotografias de satélite da NASA mostraram um crescimento da camada de gelo do Ártico de 60% em relação à mesma altura do ano passado. Nos últimos invernos, em ambos os hemisférios, registaram-se recordes de baixas temperaturas e, na semana passada, foi anunciado - note-se: com três anos de atraso! - que em Agosto de 2010 foi registado um novo record da temperatura mínima global, na Antártida. E entretanto, no Egipto nevou pela primeira vez em mais de um século.
Nos anos 70 e 80, a previsão catastrofista em voga era de que se estava a caminho de uma nova era glaciar. No princípio dos anos 90, foi a vez do buraco na camada de ozono que, dizia-se, crescia descontroladamente, que era consequência da industrialização e que atiraria o Mundo para um inferno de temperaturas altas, raios ultra-violeta e cancros de pele. Depois de anos de alarmismo, provou-se que esse buraco sempre existiu sobre o Pólo Sul, que é normal que exista e que não é consequência da acção humana. Mal a mentira sobre o buraco da camada de ozono foi desmentida, surgiu a do aquecimento global, provocado (de novo culpando a industrialização) pelas emissões de dióxido de carbono (CO2).
Só que desta vez o mito criado assumiu proporções de autêntica ideologia, quase totalitária: recorrendo à manipulação de factos científicos, ao medo e à invenção de uma ameaça à sobrevivência da Humanidade, ao sentimento de culpa, ao terrorismo informativo protagonizado por oportunistas como Al Gore - vale a pena rever o trailer do seu filme - e ao silenciamento das opiniões contrárias. E, sendo uma ideologia, instalou-se nos poderes políticos condicionando não apenas as opções de governação como também a simples legitimidade politica. Questionar a ideologia verde passou a valer a marginalização política aos "hereges". E gerou um sistema politico-económico que obrigou os países desenvolvidos (e "culpados") a despenderem uma parte importante da sua riqueza para financiarem as soluções alegadamente inadiáveis para este suposto problema. Surgiram as ecotaxas, os aumentos dos impostos para penalizar as emissões de carbono, o Protocolo de Kyoto, as suas quotas de emissões de CO2 (e multas avultadas para os infractores) e o mercado do carbono. Surgiu a pressão para substituir prematuramente equipamentos existentes e perfeitamente funcionais por outros novos pelo facto de emitirem menos dióxido de carbono, ou diminuir o consumo de electricidade numa proporção muitas vezes insignificante. Surgiu a desculpa para perseguir o automóvel particular, limitando a liberdade individual na mobilidade («usem transportes públicos ou andem de bicicleta»). E surgiu também o pretexto para fazer disparar os preços da electricidade e dos combustíveis. Duas das fontes de energia eléctrica mais caras e ineficientes, a eólica e a solar - tecnologias perfeitamente dominadas desde os anos 80 e que desde essa altura se sabe serem comercialmente inviáveis por si próprias - tornaram-se obrigatórias, sendo pagas pelos consumidores e contribuintes através de um autêntico sistema feudal justificado com os pressupostos e os mitos da ideologia verde. E já se avança para soluções ainda mais caras e ineficientes como a energia das ondas, ou a eólica em alto-mar, enquanto nem sequer se menciona a energia geotérmica, uma fonte renovável e infinitamente mais barata. A mito do aquecimento global também movimenta muito dinheiro público despendido por organismos estatais, grupos ditos ecologistas, investigação científica (2 mil milhões de dólares por ano só nos EUA) e o sector dos media, comprando lealdades e opiniões.
O documentário abaixo, realizado em 2007 pelo canal britânico Channel Four, dá uma ampla visão sobre todo este fenómeno.
A propósito deste post do Fernando Melro dos Santos (de onde retirei o título), um video que é uma autêntica paródia da sociedade idiotizada que se está a criar:
Há também um tutorial semelhante sobre como abrir uma porta. Melhor que muito sketch dos Monty Python, não é?
Agora vejamos este tutorial a sério feito pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, muito politicamente correcto (muita família monoparental, só uma das mães tem aliança de casamento) e multicultural do princípio ao fim:
É uma velha lição dos totalitarismos que quanto mais se tratarem as pessoas como idiotas e incapazes, mais as pessoas nisso mesmo se tornarão e acatarão o que lhes for ordenado sem questionar, porque se sentirão sem competência nem responsabilidade para decidirem ou pensarem pelas suas cabeças. E nesta matéria, ninguém bate os países anglo-saxónicos.
O cursus honorum do político profissional na partidocracia portuguesa é o exemplo mais saliente da gritante ausência da palavra Liberdade na narrativa ideológica oficial. Desde o beija-mão rastejante até à obediência servil às chefias partidárias, que atravessa curiosamente todos os estamentos etários, a carreira política é uma fonte inesgotável de arrivismo. Como explicar, por exemplo, a ascensão do atrevimento ignorante nas juventudes partidárias do centrão? O problema da liberdade em Portugal não se reduz apenas à deficiente concepção dos institutos da propriedade e do contrato. O problema é bem mais agudo e começa na Política. Na política com P maiúsculo. Na incompreensão, perigosa e letal, de que a democracia só funciona se for devidamente temperada pela lei e pelo direito. O principal problema deste "torpe dejecto de romano império" é a fraqueza do Estado de Direito. Sem ele, o despotismo e a corrupção dos costumes serão, inevitavelmente, uma realidade tangível. Já estamos nesse estádio. E digo mais, caso não atalhemos de vez esta putrefacção generalizada acontecer-nos-á aquilo que Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) diz na passagem em baixo, citando Ezequiel: "abençoado é aquele que, em nome da caridade e da boa-vontade pastoreia os fracos pelo vale da escuridão, pois ele é verdadeiramente o protector do seu irmão e aquele que encontra as crianças perdidas. E Eu atacarei, com grande vingança e raiva furiosa aqueles que tentam envenenar e destruir os meus irmãos. E saberão que eu sou o Senhor quando eu tiver exercido a minha minha vingança sobre eles"- Ezequiel 25:17. Os germes do totalitarismo andam por aí, ocultos sob a neblina da ilusão. E por mais que tentemos negar o óbvio, a liberdade encontra-se ameaçada. Seja no estupro económico do país, seja no abastardamento da democracia pela costumeira imundície dos pastores do regime, a liberdade está a sofrer vários abalos. E, mais cedo ou mais tarde, a gana de ter um Pastor que nos comande será infinitamente maior que a vontade de agir e viver em, e com, Liberdade. Cuidado.
Hoje comemora-se uma data fundamental na história desta III República. Uma data que selou o melhor e o pior deste regime: o acantonamento definitivo do delírio totalitário esquerdista e a emergência de um consenso socializante imobilista que desde então, com nuances, continua intocado. A III República é o 25 de Novembro, goste-se ou não se goste.
Declarando desde já que não sou fumador, sobre as medidas do governo para restringir a oferta de tabaco e dissuadir os fumadores de continuarem com esse vício (que só diz respeito a cada invidíduo, não ao estado), ler o João Campos:
«1. Acabar com as máquinas automáticas de venda de tabaco. Disparate - se nos cafés e nos restaurantes o tabaco se voltar a vender "em mão", nem por isso deixa de ser mais difícil para os miúdos arranjarem tabaco (se o objectivo for esse). De resto, quem quiser realmente fumar continua a procurar tabaco - e, em último caso, há sempre o contrabando (que tem a vantagem de provavelmente ser mais barato). Se é possível comprar haxixe em plena Rua Augusta durante a tarde, não há-de ser muito difícil comprar um volume de Marlboro algures.
(...)
Enfim, mas é o tabaco - a desculpa (esfarrapada) da saúde pública perdoa muita coisa a muita gente (que não vai gostar nada quando a ofensiva chegar ao vinho, ao café, à carne vermelha). Quem vai perder com isto vai ser, justamente a tasquinha lá do bairro. Não vale a pena frequentá-la com a mesma regularidade quando for proibido fumar naquele espaço - o Benfica posso ver em casa, e, de resto, sai mais barato fazer café em casa, tal como comprar minis ou whisky no supermercado. E sempre se pode fumar à vontade (pelo menos por enquanto - há-de chegar o dia).»
Carl Jung, The Undiscovered Self:
"The dictator State has one great advantage over bourgeois reason: along with the individual it swallows up his religious forces. The State has taken the place of God; that is why, seen from this angle, the socialist dictatorships are religions and State slavery is a form of worship. But the religious function cannot be dislocated and falsified in this way without giving rise to secret doubts, which are immediately repressed so as to avoid conflict with the prevailing trend towards mass-mindedness. The result, as always in such cases, is overcompensation in the form of fanaticism, which in its turn is used as a weapon for stamping out the least flicker of opposition. Free opinion is stifled and moral decision ruthlessly suppressed, on the plea that the end justifies the means, even the vilest. The policy of State is exalted to a creed, the leader of party boss becomes a demigod beyond good and evil, and his votaries are honored as heroes, martyrs, apostles, missionaries. There is only one truth and beside it no other. It is sacrosanct and above criticism. Anyone who thinks differently is a heretic, who, as we know from history, is threatened with all manner of unpleasant things. Only the party boss, who hols the political power in his hands, can interpret the State doctrine authentically, and he does so just as suits him."
O editorial do Wall Street Journal de hoje conta o caso de uma mãe americana que, tendo tentado colocar as duas filhas em escolas públicas fora do seu district habitacional ("perímetro administrativo escolar") na tentativa de lhes proporcionar uma melhor escola pública, foi "apanhada" a cometer este terrível crime tendo sido levada a tribunal e condenada por esse facto. Tinha usado a morada do seu pai como de "conveniência" para evitar ter de enviar as suas filhas para as escolas da sua residência de facto.
Refere o artigo que em vários estados americanos os distritos escolares têm vindo a contratar investigadores que têm a missão de seguir as crianças no percurso escola-casa para confirmar as residências efectivas do agregado familiar e, desta forma, decidir se têm ou não direito a frequentar as escolas públicas percebidas como melhores e, naturalmente, desejáveis pelos pais das crianças. A coisa chega ao ponto de, em alguns casos, se terem instituído prémios para premiar a bufaria daqueles que, anonimamente, denunciem esta particular espécie de criminosos!
Absolutamente degradante o estado a que se chegou no suposto santuário do capitalismo!
Também entre nós, a não mudarmos radicalmente este panorama - que apenas favorece a mediocridade a custos sempre crescentes, ou seja, e apenas, os defensores do status quo -, qualquer dias teremos também por cá um sr. Nunes à frente de mais uma polícia ou agência de informadores. A diferença será que, ao contrário do que tantas vezes sucedeu com a ASAE, suspeito que nenhuma escola pública venha a ser fechada e, consequentemente, os seus funcionários e professores se vejam desempregados.
Fernanda Câncio, ao espelho, como muito bem assinala o João Távora, diz que "O pensamento totalitário é aquele que define o mundo em função de certo e errado e aglutina tudo em função dessas categorias. É o pensamento de todas as tiranias, o que quer fazer desaparecer, sob o ferrete da desqualificação absoluta - geralmente da "imoralidade" - tudo o que o contrarie".
Refira-se que, no mesmo post, diz ainda que "Esta divisão da sociedade portuguesa em dois campos irredutíveis resulta na monstruosidade de transformar todos, a começar por aqueles que têm o especial dever de não o ser, em estrategas políticos".
Pois é. Pior do que transformar todos em estrategas políticos - conheço uns quantos com essa mania que são, no mínimo, risíveis, não passando de meros estrategas da pulhítica, nas palavras do Professor Maltez -, é a muito modernaça mania de que todos são politólogos ou filósofos políticos. É assim que acabam por cometer asneiras e confundir conceitos com a maior das leviandades.
Cara Fernanda Câncio, o pensamento que define o mundo em função de certo e errado é o pensamento maniqueísta. Depois, na acepção clássica, tirania é a forma degenerada de monarquia, i.e., para Aristóteles, a monarquia era a sã forma de governo de um só indivíduo em prol do povo, sociedade ou bem comum, enquanto a tirania seria o governo de um só indivíduo atendendo apenas ao seu próprio interesse. Quanto ao totalitarismo, é definido por tantas variáveis e factores e pode ser tão diverso, que mais vale recomendar-lhe um dos clássicos de Hannah Arendt, As Origens do Totalitarismo.
Contudo, lembrar ainda o também clássico Caminho para a Servidão, de Hayek, e recordar que qualquer sociedade que se paute por uma terceira via entre comunismo e liberalismo caminhará lenta e inexoravelmente para a servidão. E já um tal de Jacob Leib Talmon também teorizou sobre a democracia totalitária.
Isto tudo porquê? Porque tal como Fernanda Câncio se vê ao espelho, também ela vê Sócrates ao espelho, quando diz que : "É o pensamento de todas as tiranias, o que quer fazer desaparecer, sob o ferrete da desqualificação absoluta - geralmente da "imoralidade" - tudo o que o contrarie." Touché.
A ignorância tem cura. Poupar-nos às suas desastrosas incursões por domínios que não domina sequer de forma básica era um bom começo.
Entretanto, aqui fica o excelente comentário que Fernando Penim Redondo deixou ao post de Fernanda Câncio:
Em Setembro, ainda antes de se conhecerem os resultados das Legislativas, avisei (aqui) que o PS estava a abrir uma caixa de Pandora, e que pagaria um preço elevado pela publicação no DN do email clandestino contra Cavaco.
Para conseguir, in extremis, a vitória eleitoral acharam muito bem que se publicasse um email clandestino, que apenas continha a opinião do seu autor contra o Presidente, e que descrevia uma alegada tentativa algo canhestra de um assessor para plantar uma notícia no jornal Público.
Na altura o caso foi pretexto para uma campanha mediática que recorreu a todos os exageros e que arrastou o nome de Cavaco pela lama. Esses que então semearam ventos queixam-se agora das tempestades.
Agora acham mal que se publiquem conversas telefónicas, cuja escuta foi ordenada por um juiz, e que mostram uma autêntica conspiração para subverter, com suporte directo ou indirecto de dinheiros públicos, grupos inteiros de comunicação social.
Agora já invocam o direito ao bom nome, que antes não respeitaram, e o recato da privacidade, que antes subordinaram ao "interesse público".
É uma incoerência completa. É caso para dizer que têm o que merecem.
Um gato que era chefe conceituado
De um bando bolchevista,
Vai à cozinha de um capitalista
E acha, sobre o fogão, um frango assado,
[…]
Outro gato:
— Dividamo-lo, pois,
Bem como ensina
A moral do partido...
De resto o frango é grande e dá p'ra dois...
O outro porém, matreiro e precavido,
Mostra-lhe a unha felina
E diz: — Perdão,
O frango é meu.
[…]
- Quando em jejum, sou sempre bolchevista!
Mas, quando como, sou conservador...
LUIZ EDMUNDO
(Poeta Brasileiro)