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O desespero do Pedro Nuno Santos

por John Wolf, em 25.02.24

 

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Pedro Nuno Santos, no primeiro dia oficial de campanha, já denota o enorme stress que o atormenta. O desespero é mais que evidente. Começa a sentir a grande probabilidade de sofrer várias derrotas em simultâneo na noite de 10 de março. O defraudar dos camaradas por ter sido uma aposta totalmente errada, o defraudar da esquerda por não reunir condições para a sua agregação, e a traição do povo português — por fazer promessas furadas e oferecer fantasias governativas. Mais uma vez, hoje, à falta de argumentos do presente, acena com o papão da austeridade, resgatando Passos Coelho do passado arqueológico, e omitindo que foram os socialistas que estenderam a passadeira rosa à Troika com o descalabro provocado pelo governo de José Sócrates. Resta saber quem no Partido Socialista o hipnotizou ao ponto de não perceber como vai ser sacrificado, como está a ser usado para fazer a limpeza da casa. Temos a certeza de que o cinismo reina no Largo do Rato. Porque enviar para a linha da frente um soldado raso que julga que um dia será general é tenebroso, não se faz. Veremos agora o nível de adrenalina dos socialistas aumentar e contaminar ainda mais os media. Porque a angústia crescente também infecta os comentadores avençados para darem o seu contributo para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Os portugueses, na sua maioria, a maioria que elege, já não é ferrenho ideologicamente como já fora no passado. Já não quer saber de sondagens ou orientações partidárias. Quer melhores condições de vida. Quer trabalhar e dormir sossegado. Quer dinheiro para pagar as contas e médicos para tratar da saúde. Os últimos oito anos falam por si. É deixá-los andar, a falar sozinho, os camaradas, que eles já caíram, mas ainda julgam o contrário. O balão não tarda nada rebenta. Porque cheio de basófia já ele está...

publicado às 19:46

E que tal 50% de António Costa?

por John Wolf, em 26.08.18

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Como estaria Portugal com António Costa a 50% de demagogia? A pseudo-promessa de redução para metade do IRS aos emigrantes que decidirem retornar a Portugal não passa de uma artimanha de campanha. Em primeiro lugar, esses jovens ganham três vezes mais do que ganham em Portugal e inserem-se em sociedades baseadas no mérito e no desempenho. O que tem este país, do turismo à beira-mar plantado, para oferecer a esta geração? Pouco, diria. Muito pouco. Para além do mais, a medida levanta algumas questões constitucionais. Pode um decreto de governo conceder tratamento discriminatório a uns em detrimento de outros? São deficientes motores? Veteranos de guerra? Ou será que têm saudades do cozido à portuguesa? O facto de apontar a mira sobretudo a emigrados do período de 2011 a 2015 é um modo de levantar a poeira do mandato de Passos Coelho para proveito eleitoral - aquela coligação da Troika ainda pode ser espremida. E os emigrantes saídos nos anos sessenta? Valerão menos do que a geração Sudoeste? Para além do descrito, existe uma outra dimensão fiscal a ter em conta - a tributação de rendimentos de portugueses auferidos no estrangeiro (?) Chamemos à coisa uma espécie de panfletos Panamá - não chegam a ser papers. Com quase 6 milhões de portugueses por esse mundo fora, Costa não ousa tocar no assunto. Marcelo tem família no Brasil, não tem? Ah, mas há mais. Se esses emigrantes voltarem ainda têm direito a ajudas de custo para o enxoval e a máquina de lavar loiça. Mas o copo está sempre meio sujo.

publicado às 13:34

Passos Coelho: "it was a dirty job..."

por John Wolf, em 03.10.17

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Passos Coelho será injustamente lembrado por muitos, mas foi o homem certo no momento errado - "it was a dirty job and somebody had to do it". O homem que agora se prepara para sair da cena política, não escolheu o mandato. O mesmo foi imposto duramente e sem tréguas. A geringonça herdou uma casa arrumada e pôde libertar-se da Troika e de todo um léxico associado à Austeridade. Se houve alguém que teve de pagar um elevado preço político, essa pessoa foi Passos Coelho. E ele sabia-o a cada medida imposta, a cada decisão que castigava o contribuinte português, o trabalhador nacional. A personificação de tudo quanto é sinistro na sua pessoa foi habilmente promovida pela oposição, como se todos os males do mundo português e o descalabro económico e financeiro tivessem sido criados por ele. O Partido Social Democrata (PSD) enfrenta agora outros dilemas. Como se diferenciar e apontar as falhas de um governo de Esquerda embalado pela onda favorável do turismo e receitas conjunturais? O PSD, à falta de candidatos-estadistas para relançar a sua estirpe política, tem forçosamente de procurar noutro palheiro a saída desta crise de liderança e défice de carisma. Rui Rio ou Luis Filipe Menezes se fossem um só, uma soma de partes, talvez pudessem representar o partido com argumentos e credibilidade, mas essa construção não é possível. Se o PSD não foi capaz de produzir uma nova geração de lideres com profundidade e campo de visão (perdão, Luís Montenegro não tem o que é preciso), terá de validar outros vectores, outras propostas, correndo o risco de perder terreno para o ex-parceiro de coligação - o CDS. O processo de recalibragem não depende de uma figura de proa. Sustentar-se-á numa leitura ajuizada da realidade ideológica e política que extravasa os parâmetros de Portugal. O PSD não pode ser um mero agente reactivo ao poder instalado, à bitola ideológica, ao PS, o PCP, o BE e agora o CDS. Exige-se uma lavagem de conceitos operativos, um refrescar de propósitos, um realinhamento sem sacrificar os princípios fundadores, os valores de base. Nessa medida, mais do que homens-estandarte, serão as ideias que terão de se autonomizar. Serão axiomas e conceitos plenos que terão de servir de justificação. Por outras palavras, as respostas estarão na métrica da realidade, como por exemplo o nível recorde de dívida pública. Serão os factos inegáveis que emprestarão credibilidade às propostas, e menos o estilo de discurso ou as preferências de liderança. O PSD, à falta de cão, terá de caçar com gastos não previstos pelo seu guião clássico, tradicional. Se souberem aproveitar a crise estarão preparados para a próxima bancarrota.

 

foto: Expresso

publicado às 20:50

O governo de oposição PSD-CDS

por John Wolf, em 22.02.16

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O PSD e o CDS votaram contra o Orçamento de Estado (OE) de 2016, mas nem precisavam de o ter feito. Ao longo dos últimos anos da minha vida tenho vindo a aprender que por vezes nada fazer é o melhor que se pode fazer. O governo de António Costa não precisa de terceiros para cair pelas escadas abaixo. O conteúdo do OE falará por si, e revelará a seu tempo a sua inviabilidade, a sua fragilidade. A Catarina Martins irá aproveitar para extrair mais dividendos de um governo de que não quis fazer parte. Agora percebemos com ainda maior clareza que não deposita muita fé nas promessas eleitorais dos socialistas. António Costa, em vez de se concentrar nos desafios que o país enfrenta, está obcecado com o fantasma do governo anterior. O Partidos dos Animais e Natureza (PAN) bem que quis tratar da questão das touradas, mas Costa esboçou uma chicuelina, atirando para os curros a investida do seu parceiro a solo. Mas o mais grave disto tudo é que fica demonstrado o modo como o governo não consegue caminhar sozinho sem demonstrar tiques de paranóia. Afinal o PSD e o CDS têm muito mais poder na oposição do que tinham no governo. O PSD e o CDS vão chumbar o OE em Bruxelas, vão afogar as agências de rating com menções desonrosas. Vão conspirar no grupo de Bilderberg. Vão fazer macumba junto de prospectivos investidores internacionais. Vão rogar pragas aos agricultores da Beira-Baixa. Vão formar um cartel em Sines para inflacionar o preço do crude em Portugal. Vão fazer falir empresas públicas e privadas para que um terceiro resgate chegue ainda mais rapidamente. A oposição vai governar, deste modo, na sombra escura, e derrubar Portugal. O guião rectificativo da desgraça pode já ser lido na íntegra. Está escrito naquele tomo socialista sobejamente conhecido, dedicado à responsabilidade política, ao sentido de Estado e ao interesse nacional. O que está acontecer era de prever. Mas também de evitar.

publicado às 18:12

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"António Costa intensifica contactos para garantir sucesso das negociações" parece o redux do filme que passou recentemente em Portugal. Aquela curta-metragem do festival das eleições que permitiu usar a tal prerrogativa de maioria parlamentar para assaltar o governo de Portugal. O Orçamento de Estado de 2016, cujo guião deixa muito a desejar, já entrou no escritório da mesma discussão. Não sei que contactos anda Costa a fazer em Bruxelas, mas o amigo Martin Schultz não decide o que quer que seja. Quem aprova ou deixa de aprovar é o putativo governo da União Europeia - a Comissão Europeia. Este show de bate-pé socialista não resultará na mudança de posição de Bruxelas. Se as exigências intransigentes de António Costa, ao que se soma a vocalidade da padeira do Bloco de Esquerda, fossem aceites pela Troika (sim, a Troika), abrir-se-ia um precedente inaceitável que seria isco para ser mordido por hermanos de causas próximas. Enquanto a nega não chega, João Galamba foca a sua antena de entertainer na questão de aumento de salários de um conjunto de gestores públicos, por sinal nenhum deles socialista. A única forma de António Costa vender o seu peixe, será cumprir com o prometido, mas acompanhando esse prato por impostos e taxas invisíveis, sobrecargas "discretas" para passarem despercebidas junto dos contribuintes. A sorte dos portugueses com juízo é não haver possibilidade de assalto em sede de Parlamento Europeu. Por outras palavras, António Costa pode espernear à vontade - o seu tempo novo não coincide com o fuso horário das contas europeias. Ter amigos não chega. Boas contas, sim.

publicado às 19:57

A sério?

por Samuel de Paiva Pires, em 16.09.15

A sério que o PS (e o seu correlegionário, o jornal Público) continua a fazer campanha em torno de quem chamou a troika? Como bem escreve o João Gonçalves​, só uma entidade a poderia ter chamado, o governo em funções. E chamou-a em resultado da sua própria governação, acrescento eu. António Costa deve crer na ideia de que repetir uma mentira bastas vezes a torna verdade. Mas não torna e os portugueses, ao contrário do que Costa parece pensar, não são parvos.

publicado às 09:39

Cartão amarelo à Grécia?

por John Wolf, em 11.07.15

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                          (não é Varoufakis) 

 

Segundo fontainha próxima do Eurogrupo, a saída grega do Euro poderia acontecer durante um período de cinco anos. Ou seja, assistiríamos a uma suspensão, ao sacar de um cartão amarelo, até que melhores ventos económicos soprem daquelas bandas. A trégua entre a Troika e a Grécia poderia servir de epíteto para algo substancialmente mais grave. No fundo seria uma resolução à portuguesa, à "águas de bacalhau", uma nova modalidade de relacionamento entre devedores e credores. Nesse interregno do concerto das nações europeias, ganhar-se-ia tempo para rever algumas das premissas que sustentam o projecto europeu. À semelhança do período que antecede a acessão de novos membros da União Europeia, teríamos um termo de exclusão que resultaria do não cumprimento de regras estabelecidas. O Estado-membro em causa nunca deixaria de fazer parte dos processos de tomada de decisão, mas assumiria a qualidade de observador nalgumas dimensões de maior importância. Por outras palavras, algumas prerrogativas teriam de ser excluídas. Se falta à União Europeia uma genuína união política e fiscal, então estes instrumentos também poderiam fazer parte das "sanções". Qualquer Estado-membro que venha a quebrar a disciplina consagrada em tratados democraticamente concebidos, poderia eventualmente ver-lhe retirados alguns poderes respeitantes a processos de tomada de decisão. Nesta fase de campeonato tudo isto pode parecer outlandish, mas este é o momento para colocar em cima da mesa todas as cartas, mesmo as mais excêntricas. Uma outra hipótese seria proceder ao resgate da Grécia, mas em vez de agravar as condições financeiras, poderia haver uma multa política - ou seja, a Grécia deixar de poder decidir em relação a matérias em que existe conflito de interesse. Por mais idealistas e líricos que alguns intérpretes libertários queiram ser, a verdade cínica e irrefutável confirma que a Democracia tem um valor de mercado, quantificável em Referendos, mas não menos qualificável do ponto de vista de consequências políticasO  problema da Grécia e da Europa já afectou a cabeça de profissionais da política, muito mais esclarecidos e habilitados do que eu, mas à semelhança de Tsipras não atiro a toalha ao chão sem mandar uns recados que podem ser enviados directamente para o caixote de lixo se assim entenderem.

publicado às 21:49

Oximóron a 61%

por John Wolf, em 05.07.15

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A Grécia celebra efusivamente. Derrotou a Austeridade. Esmagou o monstro. Escorraçou o papão. O fim das dificuldades e atribulações foi decretado. Meteram tanto medo ao dragão que este nunca mais tornará. Todo o dinheiro do mundo irá cair dos céus e irão viver felizes para sempre. Tsipras e o Syriza conseguiram instigar o delírio político. Assistimos a ficção ideológica. Observamos a arte de tábua rasa. Pelo menos 61% acredita nesta fábula. Na ficção do renascimento, a obliteração de vidas passadas. Ágora, agora. Os gregos decidiram que os restantes estados-membro da zona euro podem ficar no Euro. E nenhuma das restantes nações do concerto europeu será expulsa do Drachma. A Grécia irá salvar os outros países da periferia. A palavra Democracia será partilhada com todos os irmãos da Europa. A patente de auto-determinação ficará livre e ao dispor da humanidade. Oximóron.

publicado às 20:23

Grécia e o grande conflito europeu

por John Wolf, em 28.06.15

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A ruptura negocial de Tsipras com os parceiros europeus remete o drama grego para outro patamar de preocupações. Será no plano interno daquele país que os verdadeiros perigos serão expostos num primeiro momento. A toada nacional-esquerdista, imbuída de patriotismo helénico, poderá facilmente descambar para um Estado fascista. Se o povo grego votar em Referendo a aceitação do pacote de ajuda que arrasta mais Austeridade, Tsipras deve, democraticamente, se demitir, mas tenho sérias dúvidas que o faça dado o seu perfil de intransigência. A partir desse momento vislumbram-se alguns cenários mais drásticos. A saber; um golpe militar com a instituição de um regime de coronéis; a convocação contrariada de eleições em virtude da dissolução do governo e a ascensão de uma força nacionalista; a eclosão de um conflito armado com um vizinho regional com o apoio logístico e ideológico da Rússia; um ou vários assassinatos políticos; ataques terroristas de falanges políticas gregas dispostas a acentuar a dissensão interna e intimidar a comunidade internacional. No entanto, as instituições convencionais da política europeia restringem-se a consternações de ordem económica e financeira e os media insistem que é a política que move as diversas partes envolvidas. Enquanto pensam em controlar os danos decorrentes da corrida aos bancos a que já assistimos fora do horário normal de expediente, outras ramificações devem ser tidas em conta de um modo muito sério. A União Europeia para além de estar a braços com uma crise económica, social e financeira de um dos seus estados-membro, terá de encarar desafios de ordem geopolítica para os quais não está devidamente apetrechado. A Política Externa de Segurança Comum é um dos outros pilares da construção europeia que carece de uma estrutura sólida e eficaz no seio das consternações externas de uma Europa comum. Por essa razão, a opção transatlântica ainda merece grande consideração. Os EUA jogam desse modo na sombra do tabuleiro da política europeia. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) deve, face aos desenvolvimentos da situação na Grécia, pensar nas implicações decorrentes do agravamento da crise europeia. Embora haja uma tendência inata, resultante da paz longa do pós-segunda Guerra Mundial, para pensar na normalização do quadro de relações, a verdade é que ao longo da história da humanidade, a estabilidade política e económica tem sido a excepção e não a norma. Tempos difíceis aproximam-se a passos largos e de nada serve deitar as culpas a uns ou a outros. A história é isto mesmo. Irrascível, mas explicada por modelos racionais.

publicado às 08:03

Palavra de Varoufakis

por John Wolf, em 27.06.15

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Há que saber interpretar as palavras de ameaça de Varoufakis:

"Não existem provisões nos Tratados para uma saída do Euro. Existem para uma saída da União Europeia". 

 

publicado às 19:55

Esfolar gatos gregos

por John Wolf, em 27.06.15

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Aproveitem bem. Pode ser um dos últimos fins de semana normais. Ide ao "coma como um bruto no piquenique do Continente" lá para os lados do Parque do Eduardo o sétimo, ou estiquem a banha toda na Praia da Caparica e vejam a bola logo à tarde. Está tudo bem - uma maravilha. Dia 5 de Julho veremos como é que elas são: se o povo grego tem amor à camisola do Euro e está disposto a aguentar com ainda mais Austeridade e a libertar Tsipras do ónus do desastre (o homem lava as mãozinhas com muita arte, e dizem que tem andado a ler o Príncipe de Maquíavel, enquanto Varoufakis revê Schelling). A Catarina Martins e a Esquerda, ilustradas por poetas e pragmáticos, pode voltar a tatuar no antebraço a estrofe: o povo é quem mais ordena. Teremos a expressão plena de Democracia na sua terra Natal. Hitler também foi eleito democraticamente, mas isso fica para depois dos estilhaços do Syriza serem varridos do Syntagma e aparecerem outros totalistas. O povo grego já foi exposto ao medo, mas ainda pode experimentar o terror. No dia 5 de Julho serão as massas a definir a relação de forças de um enredo intransigente: com ou sem Euros, com ou sem bailouts, com ou sem extensões, com ou sem perdões de dívida, com ou sem Austeridade, a odisseia grega não será editada, convertida em romance épico. Para todos os efeitos, os europeus encontram-se entre a espada e as espaldas aventuristas daqueles que prometem não arredar pé do sacrifício de um povo. Os rituais de autoflagelação, são isso mesmo, prerrogativas daqueles que juram ter o direito de esfolar o seu próprio gato. Tsipras também dirá que o seu povo está bem e "que só queimou um bocadinho o pêlo".

publicado às 10:38

Welcome to Europe!!!

por John Wolf, em 26.06.15

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"You, as a whole-hearted european citizen, invoking Solidarity and Democracy, Human dignity and Ethics, are simultaneously a Juncker and a Tsipras - both were born out of your endeavours and shortcomings, desires and aspirations. To be entirely honest: you, as an individual committed to the construction of the European Union, are responsible for the creation of the beast you must now deal with. This is not the time to take sides. This is not the time to be a cynic one-sider and ideological hardliner. You are responsible for the current state of affairs. You are a socialist, a capitalist, a neo-liberal, a communist, a catholic and a muslim, a moderate and an extremist. You are a european. And this is Europe."

 

John Wolf

publicado às 11:21

A Grécia ou vai ou racha

por John Wolf, em 25.06.15

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Enquanto as casas de apostas e câmbios do Bloco de Esquerda, Livre, Partido Socialista, Partido Social-Democrata, Governo e afins, se posicionam ideologicamente para o desfecho-não desfecho-desfecho da situação grega, devemos aproveitar as precipitações de Catarina Martins e a excessiva cautela de António Costa para retirar algumas ilações sobre o quadro helénico. A saber; a Grécia aderiu ao Euro em 2001, mas acabou por revelar em 2004 que havia aldrabado as contas do défice orçamental para passar no teste de adesão à moeda única. Ou seja, começou mal. Depois embandeiraram em arco e gastaram 7 mil milhões de euros para pôr de pé os Jogos Olímpicos comemorativos - vá-se lá saber que valores foram desviados para amigos e compadres. Mas vamos avançar até 2010, antes da crise estoirar, para confirmar que foi o governo daquele momento que implementou as primeiras medidas de austeridade. Ou seja, o mito urbano de que a Troika foi o único papão da Grécia é falso. Os próprios gregos já davam conta de sérios problemas e decidiram tomar as suas próprias medidas fiscais. Em 2011 a Grécia recebe ajuda externa na ordem dos 150 mil milhões de euros e subsequentemente viu a sua dívida ser desbastada na ordem dos 50%. Por outras palavras - aquele país já recebeu ajuda substancial e mesmo assim não foi capaz de reorganizar a sua casa. A verdade deve ser dita e as falsidades rejeitadas. A Grécia já foi ajudada vezes sem conta ao longo da sua história, mas parece sempre ter o mesmo destino de negação e incapacidade. Mas existe ainda outra dimensão, uma externalidade que não deve ser afastada das nossas preocupações civilizacionais. A casa de penhoras Jogos Olímpicos, sempre que visita países não  desenvolvidos ou emergentes, deixa uma rasto de incerteza, corrupção e bancarrota. Tudo em nome de uma certa vaidade do Estado organizador. E o mesmo se passa com a FIFA e os seus maravilhosos campeonatos do mundo de futebol. Veja-se o caso do Brasil, onde juraram a pés juntos que o mundial iria despoletar um processo de desenvolvimento económico e social mesmo ao lado dos esplendorosos estádios de futebol. Não sei que jogo a União Europeia vai decidir, mas aposto que o tabuleiro de decisões irá acarretar consequências para toda a Zona Euro. Ou seja, um espectáculo qualquer irá ser montado para demonstrar que está tudo bem e que decididamente caminhamos para bingo. Do modo como as negociações entre a Grécia e a Troika decorrem, podem atirar uma moeda ao ar. Ninguém sabe qual será o desfecho. E decididamente alguém sabe tudo, mas não quer dizer.

publicado às 11:43

A vitória dos neo-liberais gregos

por John Wolf, em 23.06.15

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O governo de Tsipras, em nome da Grécia e do seu povo, não pode cantar vitória. A conclusão de um acordo com os credores não passa de um adiamento de uma falência inevitável. Por outras palavras, trata-se apenas de  política assente no oportunismo e na vantagem limitada. Quanto custarão seis meses de alívio e a falsa sensação de segurança económica e financeira? O futuro dirá de um modo avassalador. O fôlego ganho pela Esquerda vai depender de uma botija fornecida pelo sistema financeiro que tanto foi atacado. Serão os neo-liberais e todas as instituições que gravitam em torno de um sistema financeiro hiperbolizado que terão o domínio da situação e da submissão dissimulada por aparentes sucessos. A política é uma fonte inesgotável de ironias. Serão as instituições financeiras capitalistas assentes na usura e na exploração que irão lançar uma linha de vida aos gregos. Os helenos não seguem o caminho da autonomia política e económica. Acorrentam-se ainda mais aos credores que tanto quiseram sacudir. A falsa dictomia lançada entre a alegada Esquerda e a Direita não passa disso mesmo. Um espectáculo cinicamente apaziguador de ânimos exaltados, diálogos sem expressão genuína, a prospectiva alteração de paradigma adiada até ao próximo pânico. A Europa será fiel a si. A União Europeia enverga a camisola amarela, distribui prémios aos perdedores e reclama para si o estatuto de entidade civilizadora. Os especuladores por esse mundo fora agradecem as benesses dadas pelos políticos. As bolsas disparam, os títulos valorizam, e existe dinheiro sério à mercê do peixe graúdo. Amanhã espero que aqueles que se encontram na fila apresentem também as suas senhas e listas de exigências. Espanha, Itália e Portugal podem ir ensaiando as linhas teimosas de argumentação hegeliana, para atingir a kantiga da paz perpétua que a Grécia afirma alcançar. Deus tende piedade de nós. A tempestade vai ser violenta.

publicado às 10:34

O Euro e a dose grega

por John Wolf, em 22.06.15

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Digam o que disserem, nada mudou. Se a Grécia chegar a acordo com os credores, apenas significa que a Austeridade será prolongada, incrementada. São analistas deste calibre que constituem um perigo público. Os aspectos fundamentais da economia grega não se alteram mesmo que libertem os fundos exigidos. O problema será apenas agravado e adiado. A Grécia, assim como tantos outros países do ocidente, é um drogado em busca da próxima dose de heroína. Podem passar cheques e mais cheques de 100 mil milhões de euros que a crise não será atenuada. A bolha da conveniência política tarda em rebentar, mas quando estoirar não quero estar por perto. Tsipras vai ser hasteado na praça pública. Vamos ver como descalça a bota. Como vai explicar aos compatriotas que afinal não deveria ter prometido o que quer que fosse? Afirma ser o revolucionário que rasga os contratos com os opressores, mas vai embarcar em nova ronda de austeridade. Vai eternizar a relação helénica com os senhores do capital fresco. Lamento muito. Prometia ser um dia auspicioso, mas será apenas um dia igual a tantos outros.

publicado às 11:09

A hora grega, o tempo europeu...

por John Wolf, em 21.06.15

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O dia de amanhã pode ser igual aos restantes, mas a Grécia pode de facto determinar o futuro da Europa. Na qualidade de extra-comunitário, passageiro da aventura unionista do continente, torna-se-me relativamente fácil ver as falhas e as lacunas do projecto europeu. A União Europeia (UE) não é uma união do espírito dos povos e dificilmente aspirará a se tornar numa federação. Não foi concebida a partir de uma pirâmide de valores sustentáveis. Foram os mercados que determinaram os tratados e os regulamentos. Foi a ideia de uma bloco económico competitivo que esteve por detrás dos sucessivos momentos de aprofundamento comunitário. E na senda dessa cegueira de ganhos e proveitos, os pilares de justica comunitária e de uma política externa e de segurança comum foram obviados. Para já, são as finanças dos países da zona euro que têm servido para acentuar divergências ideológicas e alimentar considerações de ordem geopolítica. Aguardo com expectativa a coragem ou não dos decisores europeus. Se a Europa, no seu desdobramento institucional corporizado no Banco Central Europeu, na Comissão Europeia, no Eurogrupo ou no Fundo Monetário Internacional, cede à chantagem grega, então será inaugurado o início do processo de desagregação da UE. Uma conquista de Tsipras servirá de mote para os demais demandantes da zona euro e enfraqueçerá a centralidade política da Europa. A Grécia sai a ganhar. A Rússia tira proveito. Por outro lado, se a UE mantiver a intransigência da sua posição, deve contar com uma nova fronteira geopolítica na Europa. A Grécia encostar-se-á ainda mais à Rússia, sendo que estes dois países partilham estirpes distintas de austeridade. Ou seja, têm bastante em comum para forjar uma aliança firme de párias. Pela parte que me toca, deixarei de respeitar as instituições europeias se estas se deixarem torcer pelas ameaças de caos que Tsipras tão ideologicamente postula em nome da Democracia que apenas ele parece entender. Em todo o caso, a Europa, a partir de amanhã, deixará de ser o que era, ou o que nunca foi.

publicado às 13:00

Já não falta tudo

por João Quaresma, em 12.06.15

O grande problema que era a TAP foi resolvido. O interesse do Estado, os interesses dos contribuintes foram salvaguardados. Agora será o mercado a funcionar. Agora já não serão os contribuintes a serem obrigados a sustentar uma empresa contra a sua vontade. E também se cumpriu o acordado com a Troika, pelo que é o prestígio do país que também sai salvaguardado.

Agora, para normalizar a situação em Portugal e colocá-la a par do que se passa no resto da Europa, já só falta:

- Acabar com as rendas de energia tal como ficou acordado no Memorando de Entendimento com a Troika, rendas essas que são ilegais à luz do Direito Comunitário e que são responsáveis por Portugal ter uma das electricidades mais caras da Europa.

- Acabar com as Parcerias Público-Privadas abusivas e que isentam os privados de quaisquer riscos de mercado, que estão arruinar as finanças públicas e o país por gerações, e que obrigam os contribuintes a sustentarem empresas contra a sua vontade, boa parte do tempo pagando serviços de que não usufruem nem solicitaram.

- Introduzir concorrência no mercado de combustíveis, tal como ficou acordado com a Troika, para pôr um fim à cartelização do mercado e para que Portugal deixe de ter uma das gasolinas mais caras do Mundo.

- Reduzir o número de autarquias, tal como era exigido pela Troika em 2011.

- Reduzir os mais de 2 mil institutos públicos, fundações e observatórios, grande parte deles de utilidade duvidosa e que consomem muitos milhões de euros que o contribuinte tem de sustentar.

Como se vê, já não falta tudo.

publicado às 12:25

Tsipras, o incendiário da Europa

por John Wolf, em 01.06.15

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Amanhã é o primeiro dia do resto das nossas vidas - bem que podia ser o título da canção para acompanhar o filme de Tsipras e a lenda da Grécia no Euro. Mas antes de continuar a insistir no lirismo desta saga, convém sublinhar o seguinte respeitante a uma eventual saída grega do Euro. Em primeiro lugar, a mesma já está a decorrer. Há largos meses que milhares de milhões de euros têm vindo a fugir daquele país. As quantias detidas em depósitos bancários têm vindo a diminuir a um ritmo assinalável, mas não significa que tenham sido apagadas do balancete da economia europeia. Bem pelo contrário. Esses dinheiros foram transferidos para outros destinos onde o Euro é a divisa oficial. Por outras palavas, os outros países da Zona Euro têm beneficiado com este processo de letargia política e monetária. A máxima tempo é dinheiro serve na perfeição para diagnosticar metade do problema - a saída de capitais da Grécia e não o inverso. Segundo as últimas confissões de fontes oficiais, a haver uma saída grega, Tsipras e o que restar do seu governo, terá todo o interesse em infligir os maiores danos possíveis aos países da zona Euro - os únicos responsáveis por todos os males e aflições da nação helénica. De fonte de inspiração para revoluções ibéricas e não só, Tsipras passará a ser o arguido principal de algo mais gravoso - o semear de caos e dissensão na Europa. Nem vou arrastar outras nuances de vendetta, como o abraço fraterno a Putin e a clara demarcação em relação ao projecto de construção da União Europeia. Poderemos afirmar, com pouca margem de reserva, que um desfecho dissidente da Grécia, servirá em última instância para o início de algo negativo - o redesenhar de fronteiras ideológicas acentuadas. A traição da Esquerda será o mote para o avanço de propostas ultra-conservadoras um pouco por toda a Europa. Nessa medida, Tsipras pode ser chamado à liça como obreiro da ascensão de regimes deploráveis, nacional-facciosos. A Esquerda revolucionária que invoca a libertação esclavagista poderá bem ser a responsável pela morte do consenso, as facadas dadas na Europa que ostenta os falos maiores da Democracia. Não esqueçamos por um instante sequer que estes lideres foram eleitos. Emanam da opção terrena, da escolha livre e iluminada de quem acredita em ilusões, mas que encontrará no seu caminho um destino mais penoso. Legítimo, dirão alguns, mas pesaroso.

publicado às 19:13

A conferência de imprensa de Yanis Varoufakis

por João Quaresma, em 22.02.15

Apesar de tudo o que já foi dito e escrito, e não tendo conseguido acompanhar integralmente a conferência de imprensa de Sexta-feira (e os jornalistas portugueses de serviço não conseguiam fazer uma tradução simultânea capaz e também não deixavam ouvir o som original), estive hoje a visioná-la no Youtube.

Mesmo não me revendo minimamente nos partidos no poder na Grécia, e também não vendo grandes hipóteses de sucesso no projecto a que se propõem (a menos que a Rússia entre em cena...), há que reconhecer mérito ao ministro das Finanças grego pela postura e argumentação.

É difícil não concordar que é necessário aligeirar o pesadíssimo fardo que foi colocado sobre a Grécia pelo pagamento de uma dívida que tem sido maioritariamente canalizada para os bancos, provocando uma devastação económica e social da qual, a ser prosseguida, o país nunca recuperará. É também compreensível que, neste cenário, os gregos queiram negociar as reformas, o modo de pagamento da dívida, e decidir sobre as suas privatizações. Sobre isto, e mesmo admitindo continuar as privatizações de forma ponderada, Varoufakis diz (aos 43 minutos do vídeo):

«A ideia de liquidar os meios do Estado para ganhar uns tostões que depois serão deitados no buraco negro de uma dívida impagável não é algo que subscrevamos. Não é preciso pertencer à Esquerda radical grega para concordar com isto.»

Outro momento importante é, aos 53 minutos, quando Yanis Varoufakis se refere à postura de Portugal e de Espanha, com bastante cordialidade.

É claro que Varoufakis não é o Syriza, e obviamente não devemos cair na ilusão de que o seja. Mas vale a pena ouvir o que o lado grego tem para dizer, mesmo que o fracasso seja a hipótese mais provável.

(Em Inglês, a partir do minuto 11)

publicado às 01:30

A Grécia cá do sítio

por John Wolf, em 20.02.15

Screen Shot 2015-02-20 at 12.22.56

 

Grécia cá do sítio. Perguntem ao Alberto João Varoufakis.

publicado às 12:21






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