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Imperiais, ou não

por Nuno Castelo-Branco, em 10.12.18

portas-imperial.jpg

Ainda a propósito da recente visita do Chefe de Estado chinês, ontem Paulo Portas teceu uma série de muito oportunas considerações a propósito das relações internacionais portuguesas, mostrando-se moderadamente entusiasmado e chamando à razão que directamente provem de um quase ininterrupto processo histórico secular. Muito positivo, sem dúvida.

Não se trataria de qualquer excentricidade, se durante demasiado tempo todo o esquema vigente em Lisboa não tivesse sofrido um deliberado e oportunista curto-circuito mental que apagou precisamente a memória daquilo que ontem através da sua boca terá miraculosamente ressuscitado. Todos recordamos as tiradas de Sampaio a propósito da ilha indonésia que foi Timor e das decorrentes humilhantes e infindáveis esperas a que se submeteu nos corredores ministeriais de Lisboa um homem da classe de Ramos Horta, aquele que seria o Prémio Nobel da Paz que sempre escapou a qualquer outro português. Sampaio é apenas um daqueles que foi emulado por praticamente toda a gente que do regime se tem servido, alijando como tralha inútil aquilo que ciosamente deveria ter sido preservado como continuidade de um país que se reconhece e pretende progredir, adaptando-se a qualquer modificação da ordem internacional e mantendo intacto o núcleo duro da sua política externa, precisamente o que não pode mudar ao sabor da corrente ou interesses de grupo. Foram e ainda são fracos imitadores do que de fora vem, estando muito distantes daquilo que britânicos, espanhóis ou franceses têm feito.  Deveriam ter aprendido algo com D. Carlos I que antes de dar posse a qualquer um dos seus Presidentes do Conselho, os advertia como princípio basilar de conduta internacional:

- Toma nota de que poderemos estar de mal com todo o mundo, menos com a Inglaterra e o Brasil. 

O mesmo princípio é hoje extensível a todos os países componentes da CPLP e a quem connosco tem aproximadas relações de dimensão variável como as económicas, políticas ou históricas na Europa, Américas, África e Ásia e no pleno respeito pela ordem interna de cada um ditada pela soberania. 

Seguindo adiante, muito tempo viveu Portugal diante do El Dorado das croissanteries pagas com perdidos fundos europeus, nisto irmanando-se os três partidos que rotineiramente têm feito a alternância do exercício do poder. Enfim, gostam e ainda almejam dar-se a ares europeus, mesmo que os seus homólogos do eixo Estrasburgo-Bruxelas, na sua imensa maioria utentes de passaportes provenientes de algo que existe no mapa-mundi há pouco mais de um século, entre discreta galhofa dentro de portas os reduzam a todos como partisanos de "copos e gajas" e a quem, nesta hora aflitiva da U.E., entre duas palmadinhas nas costas atiram uns amendoins que os entretenha. 

O que pareceu ser uma novidade, afinal nunca o foi para os mais atentos e sofríveis conhecedores da nossa história. Estando quem esteja no poder, voltou-se ao equilíbrio que nos fez ser alguém neste planeta e isso é o que há a reter. Oxalá não seja mais um subterfúgio tendo na mira mais uns tantos confortáveis lugares e respectiva engorda de conta bancária in ou offshore.

Nisso o regime teve pleno sucesso, o de fazer da imensa maioria dos portugueses gente muito desconfiada. 


publicado às 15:44

Questão em cima da mesa

por João Quaresma, em 12.06.13

«"A Europa dos dias de hoje seria impensável sem Portugal. Acho que é também uma questão de respeito isso ser dito. Precisamos de Portugal na União Europeia", afirmou Martin Schulz, no Parlamento Europeu, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República, Cavaco Silva, que hoje visita a instituição.»


É uma questão de respeito ou uma ameaça, Herr Shulz?


publicado às 14:50

«Portugal assegura o cheque de 1000 milhões de euros, no âmbito das políticas de coesão. Mas, ao contrário do desejo de Passos Coelho, Rompuy destina este montante "às regiões mais desenvolvidas do país". O governo português terá a partir de agora de negociar o poder de decisão sobre as regiões do país a que este montante será distribuido. Mas não está garantido que esta verba possa ser alocada a outras regiões.»

 

É a chamada soberania limitada, como a que a URSS impunha aos seus países-satélite. E este Rompuy - para quem não se lembra - é o presidente de todos os Portugueses; quer queiram, quer não. 

publicado às 20:10

O fracassado neo-Zollverein

por Nuno Castelo-Branco, em 24.03.13

Quando em troca da reunificação alemã os franceses exigiram a criação de uma moeda única para a Europa, esqueceram-se de procurar na própria história, as causas do declínio da França e da ascensão da até então pulverizada Alemanha. No século XIX os ingleses estavam conscientes dos contratempos que a união aduaneira entre os Estados alemães pressupunha para o exercício da política de equilíbrio, sabendo-se que o abate das barreiras alfandegárias e a harmonização da economia trazem novas realidades políticas que para o bem ou para o mal, perturbam o satus quo. Assim se entende a prolongada relutância britânica quanto ao ingresso na então CEE, tendo mesmo fomentado outra organização que sob a denominação de EFTA, conformava uma alternativa a um modelo que já se suspeitava vir a tender para o federalismo. A derrota política e económica da URSS, permitiu a remoção da absurda e disfuncional RDA e desta vez, para grande contentamento dos europeus, uma unificação alemã que partiria de ocidente para leste, baseando-se na construção do primeiro Estado alemão em que a nação implicava a sua organização sob a forma liberal-democrática. Era o triunfo de 1848. Cioso das aparências, Mitterrand não pensou nesta evidência e assim nasceu para alguns escassos mas atentos observadores, uma pressentida força que dominaria a Europa. Os alemães facilmente se desembaraçaram do apreciável exército que durante os anos da Guerra Fria tinham mantido como primeira linha de defesa da Europa ocidental e bem poderá servir-nos de símbolo, a entrega aos polacos da sua poderosa força de blindados, afastando velhos temores e ao mesmo tempo mantendo a ilusão de tudo continuar a ser como dantes. Nem no plano político, nem no plano militar ou da economia, a situação é de molde a ser confundida com aquilo com que contávamos antes da entrada de rompante do Deutsche Mark nas nossas vidas, transmutado em Euro. 

 

Por muitos esforços que despendam alguns despeitados Europa fora, vulgarizando as caricaturas de uma Merkel de bigodinho e uniformizada ao estilo negro concebido por Hugo Boss nos anos vinte e trinta, a Alemanha de hoje é o oposto de tudo aquilo que lhe apontam. Os alemães descobriram as enormes vantagens do sistema representativo, conhecem a dinâmica da economia liberal e da sua organização do trabalho, tendo como efeito imediato na política, a marginalização dos agrupamentos partidários radicais de vários matizes, até nisso mostrando a sua diferença em relação a holandeses, franceses, suecos e outros vizinhos com tradicionais pergaminhos democráticos. A Alemanha vence e domina no continente, porque soube alijar aquilo que para muitos surgia como essencial - as Forças Armadas - e que para ela apenas significava despesa e uma momentânea necessidade decorrente dos compromissos assumidos com os seus antigos inimigos transformados em Aliados da NATO. O espaço económico alemão é hoje capaz de chamar a mão de obra e as mentes mais qualificadas, oferecendo imediata colocação a qualquer engenheiro formado com boas notas atestadas pelas institutos  técnicos de Lisboa, Madrid, Atenas, Varsóvia, Praga, Paris, Viena ou Roma, estendendo esse poder atracção a paragens tão distantes como ao Brasil, Argentina, Índia e China. Automaticamente seguir-se-ão os humanistas na peugada dos práticos. Esta é uma verdade incómoda e por isso mesmo relegada para o quinquagésimo plano das preocupações quotidianas. Tal como os Estados industriais do norte serviram como imãs de atracção dos mais inventivos empreendedores americanos após a guerra civil, os alemães apenas se serviram da sua privilegiada situação geográfica, da sua moderna indústria reconstruída após a derrota de 1945 e do tradicional ensino técnico de qualidade, para uma vez mais mostrarem o seu poder de organização capaz de conduzir à prosperidade. 

 

Contudo, falta-lhes o tempo e os talentos, aqueles estadistas que também não encontramos além-fronteiras, sabendo-se que os que temos são sucedâneos às ordens de anónimos desencendentes das mais maléficas personagens de Charles Dickens. É certo facilmente argumentar-se com eeloquentes tiradas a respeito da subordinação ou conluio do poder financeiro com o os políticos, mas esta lapaliciana lamentação, é uma entre outras constantes da história. Por muito que os comunistas a ela recorram como fisga, eles próprios deveriam meditar acerca das nefastas consequências de um poder político que é simultaneamente económico e financeiro, num totalitarismo que antes de tudo o resto, apenas beneficia uma ínfima minoria.

 

Para a política que a todos interessaria, a falta de estadistas alheios às conveniências eleitorais ditadas pelas sondagens de fim de semana, poderá revelar-se como factor decisivo para mais um indisfarçável fracasso neo-carolíngeo. Afastada uma hegemonia de inaceitável estilo bismarckiano - não queremos ferro nem sangue -, o trabalho de conformação de um espaço aduaneiro, económico, implica a paciência de décadas necessárias à remoção de obstáculos de toda a ordem - não descurando a própria história de uma Europa habituada a auto-mutilar-se -, principalmente quando já não se trata de uma mera reedição ou adaptação do Zollverein nacional-alemão de há quase duzentos anos. O mundo mudou radicalmente, a Europa já nem sequer é senhora de si própria desde finais de 1917 - o ano do irromper norte-americano nos campos da Flandres - e esta realidade parece andar afastada das mentes dos políticos que se vão sucedendo nas cadeiras o poder. 

 

A Alemanha que soberanamente já não precisa nem fala de Lebensraum e concomitantes reivindicações territoriais, não se preocupou minimamente com os aspectos políticos da unificação europeia, ou não teve em conta as muitas décadas e algumas gerações para a consumar.

 

A U.E. vive dependente da energia, um obstáculo incontornável ao seu impossível renascer como força dominante ou pelo menos, de primeira relevância no planeta. Tendo aberto as suas portas à entrada de uma enorme massa de populações exógenas aos valores que definem a própria ideia de Europa, vê-se hoje depauperada pela total irrelevância militar e dependência quanto aos acontecimentos na sua periferia além Mediterrâneo e por um cada vez mais necessário entendimento com aquela outra parte do continente que por se considerar a si mesma como um império que conforma nações, não participa da herança do Tratado de Roma. O perceptível afastamento americano que também por nossa responsabilidade desvia o vector dos seus interesses para a bacia do Pacífico, deixa todos os europeus perante dilemas aparentemente irresolúveis, ao mesmo tempo que incompreensivelmente contribuímos para a desestabilização do Médio Oriente e norte de África. Se se verifica um progressivo afastamento em relação aos norte-americanos, simultaneamente a Europa vê-se compelida a colaborar em políticas que antes de tudo vão contra os seus mais imediatos interesses e segurança. Não temos voz.

 

O Euro consistiu num empreendimento político de aparente compensação da Europa ocidental e que de forma inesperada para os mais entusiastas proponentes, apenas serviu aqueles que pretenderam enfraquecer - os alemães -, aferrados os sonhadores ao abstruso princípio do wishful thinking. O primeiro objectivoo consistia em drenar a Alemanha de recursos financeiros, canalizando-os para outras paragens, mas os factos desmentiram as esperanças dos proponentes. Expandindo o seu poder para leste e para os Balcãs, a Alemanha viu politicamente confirmar-se aquele pressuposto de Bismarck que garantia o domínio da Mitteleuropa - hoje mais extensa e fragmentada que jamais - a quem controlasse Praga. Para os alemães, felizmente já não existe um tampão austro-húngaro capaz de obrigar a compromissos. É esta a imediata alternativa aos problemas suscitados pelo Sul e pelos até agora parceiros do ocidente. A França encontra-se irremediavelmente atrelada à poderosa Alemanha, assim como acontece com os holandeses, belgas, austríacos, toda a Europa central e do norte. Contudo, o sonho dos Estados Unidos da Europa em moldes americanos, é impossível pelas evidentes razões impostas pela geografia e pelo aglomerado de populações que ao contrário do que se esperava, não recorreram à "livre circulação" das gentes, aquela pretendida mescla de línguas e tradições que nos novos mundos conformaram realidades políticas modernas. Em suma, não se verificou com um simples estalar dos dedos, uma corrida de berlinenses ao arrendamento de casas em Lisboa ou Atenas, estabelecendo charcutarias nas Amoreiras e lojas de electrónica na Baixa pombalina.

 

O apressar das decisões que vão no sentido do federalismo ditado por desconhecidos  e mentalmente sovietizados funcionários custosamente repimpados em Bruxelas, em sintonia com os ditames financeiros engendrados à revelia daquilo que serviu para criar a Europa do pós-guerra, garantem o insucesso e infalível "salve-se quem puder" que prenuncia o alvorecer de uma nova etapa. É este o caso que todos temos em mente, o português.

 

Tudo isto é bastante desagradável e não podem ser adiadas as decisões que se impõem. Para Portugal, o estertor do atantismo consiste numa catástrofe à qual devemos reagir de imediato. Contando com uma posição central no mundo "que nos interessa" e plenamente justifica a continuação de um projecto nacional quase milenar, urge rapidamente repensar aquilo que há a fazer e passarmos à acção. Não se trata do disparatado abandono de um espaço europeu ao qual desde sempre pertencemos, mas sim o reencontrarmos a fórmula que nos permita colocar os nossos parceiros perante algo que há uns seiscentos anos conseguimos para benefício de todos: factos consumados que abram aos europeus uma outra janela para o mundo. Se souberem aproveitar a oportunidade, tanto melhor, pois caso contrário terão de limitar-se à inevitável finlandização que aí vem. 

publicado às 13:29

O Nobel da UE e a "Paz na Europa"

por João Quaresma, em 13.12.12

Desde que a Comissão Europeia autorizou (por proposta de Madrid) os espanhóis a pescarem em águas territoriais de Gibraltar, totalmente à revelia da soberania britânica e apesar de um processo movido pelo Reino Unido contra a CE no Tribunal de Justiça da União Europeia (que confirmou a decisão da Comissão), que se sucedem os incidentes envolvendo pescadores espanhóis, lanchas britânicas (da Polícia de Gibraltar e da Royal Navy) e lanchas espanholas da Guardia Civil. A tensão diplomática e no local tem crescido ao longo do ano, tendo em Maio chegado a dar-se alguns choques entre cascos espanhóis e britânicos. A Royal Navy tem estado muito mais presente em Gibraltar e, no final do mês passado, o porta-aviões Illustrius fez um exercício com fogo real ao largo do Rochedo, pela segunda vez este ano.

Domingo passado, o ministro dos negócios estrangeiros britânico William Hague lançou, formalmente, um sério aviso a Espanha:

«We would take a grave view of any attempts by Spain to exert any authority or control within British Gibraltar Territorial Waters as part of implementation of an SAC management plan or for any other reason. Any attempt by a Spanish State vessel, or vessel acting on behalf of the Spanish State, to exercise jurisdiction within BGTW is a violation of British sovereignty and we will respond accordingly. We will continue to take whatever action we consider necessary to protect British sovereignty and the interests of Gibraltar, its people and economy.»

 

E, afinal, isto acontece por causa de uma decisão da Comissão Europeia.

publicado às 02:13

A "Europa" na cimeira do G-20

por João Quaresma, em 26.06.12

«The doors of the dining room had hardly been closed before the European representatives began giving their counterparts from other continents an eye-opening demonstration of how powerless and divided they are. The humiliation began with a simple question from the host, Mexican President Felipe Calderon. He wanted to know what the Europeans intended to do to get the high interest rates that the Spanish government currently has to pay on its bonds under control.

It was an important issue, replied Italian Prime Minister Mario Monti, whose country is also having great difficulty funding its debt at sustainable interest rates in the market. He proposed that the euro bailout fund buy bonds on the secondary market.

Out of the question, German Chancellor Angela Merkel sharply replied. But why not, her Spanish counterpart wanted to know? Then, Spanish Prime Minister Mariano Rajoy complained about how unfair it was that the crisis is affecting his country, especially given that the Spaniards are "hard-working people" who get up "at 7 a.m. every morning."

In the end, it was British Prime Minister David Cameron who said what many people in the room were thinking. He pointed out that the euro is not irreversible, and that afailure of the common currency is quite conceivable. French President François Hollande tried to downplay Cameron's remarks, but no one was convinced anymore.


Quarreling in Front of World Leaders


In about half an hour, Zenawi [Primeiro-ministro da Etiópia] and some of his counterparts probably learned more about Europe than they wanted to know. The European Union is in the middle of the worst crisis of its history, the common currency is threatening to break apart, and the leaders of the most important European nations were quarreling in full view of their counterparts from five continents.»

publicado às 17:30

E vão cinco.

por João Quaresma, em 25.06.12

Depois do downgrade para nível lixo, Chipre pediu esta tarde resgate financeiro à UE.

 

publicado às 17:57

Troika sem Perestroika

por João Quaresma, em 21.04.12

Faz hoje uma semana, a Ministra Assunção Cristas anunciou que 600 hectares de terras que restam da «Reforma Agrária» iriam ser colocados a leilão para que possam ser aproveitadas por jovens agricultores.

 

Daqui se levantam várias questões. Para já, pensava que os leilões para alienação de património do Estado fossem por hasta pública. Neste caso e ao que se depreende, este leilão é reservado a jovens agricultores. Por outro lado, questiono a intenção de se privilegiarem os jovens sendo que neste caso, a agricultura poderia ser uma valiosa oportunidade para desempregados que já não são jovens e que devido à sua idade encontram maior dificuldade em conseguir um emprego. Alguns deles, eventualmente, já com conhecimentos ou mesmo experiência na agricultura. Mas, não: é bonito e fica bem dizer que «é para os jovens».

 

Mas a questão principal é: primeiro que tudo, por que é que o Estado não devolve estas terras aos legítimos proprietários, que foram roubados no decurso da dita «Reforma Agrária»? Afinal, é para isto que serve ter um governo de pendor liberal? Para vender o produto do saque feito pelos comunistas?

 

Além disso, este processo implica também questões legais que poderão talvez tornar estes terrenos levados a leilão num presente envenenado para quem os comprar: o Estado Português já foi, em várias ocasiões, condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a pagar indemnizações aos proprietários das terras roubadas:

 

Em 2006:

 

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou hoje o Estado português a pagar quase dois milhões de euros em 17 acções instauradas no âmbito do processo de indemnizações pela reforma agrária ocorrida após o 25 de Abril

 

Em 2009:

 

Portugal condenado a pagar 7,6 milhões por reforma agrária

 

Em 2010:

 

Estado português condenado a pagar 125 mil euros de indemnização por causa de uma expropriação

 

Pergunto-me se não terá havido também alguma precipitação na gestão desta questão, com a prespectiva de fazer dinheiro fácil. Será que um comprador de um destes terrenos levados a leilão não poderá um dia ser confrontado com o pagamento de uma indemnização ao proprietário? Será que o Ministério da Agricultura não está a fazer uma enorme trapalhada?

 

E isto, vindo de uma ministra do CDS! De facto, 26 anos depois de aderirmos à União Europeia e mesmo com o FMI a intervir na governação, ainda há muito por fazer em Portugal em matéria de liberdade económica, que é uma das liberdades fundamentais. E depois querem que se invista neste país.

publicado às 19:45

E viva a Democracia!

por Pedro Quartin Graça, em 05.12.11

"As nações europeias deveriam ser conduzidas na direcção de um Super-Estado, sem que os seus povos compreendam o que está a acontecer. Isto pode conseguir-se através de passos sucessivos, cada um disfarçado por um objectivo económico, os quais eventual mas irreversivelmentelmente conduzirão ao federalismo". 


Jean Monnet, discurso na Liga das Nações, Abril de 1952.

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publicado às 09:50

A "revolta líbia" em imagens (3): palermices mediáticas

por Nuno Castelo-Branco, em 24.02.11

Um acampamento diante do Museu Egípcio. Uma carga de camelos, umas tantas pedradas, dois discursos presidenciais seguidos de uma demissão, uma feira de música, comes e bebes. Foi isto, a "revolução egípcia". Os olhinhos dos comentadeiros televisivos brilhavam, quando pronunciaram vezes sem conta, a sagrada palavrinha: revolução.

 

No Egipto não houve, pelo menos até este momento, qualquer revolução, tendo-se "limitado os estragos", a um render da guarda militar. Nada mais.

 

Na Líbia, a palavra que os RTP's, SIC's e afim comparsada internacional usa, é única e exclusivamente, "revolta". As palavras têm alguma importância, pois encerram em si maior ou menor contundência, hierarquização e até, legitimidade das ocorrências.

 

Kadhafi "é um revolucionário", logo quem contra ele se levanta, não o poderá ser. Nas cabecinhas dos "tudólogos" de serviço ao esquema que tão bem conhecemos desde os tempos - feliz coincidência! - em que o até agora líder líbio tomou o poder, os sublevados não passam disso mesmo: são simples "revoltosos".

 

Bombardeamentos com artilharia pesada. Sukhoi russos que despejam bombas sobre manifestantes "revoltosos", por vezes tratados por "rebeldes". Mirage franceses que aterram em Malta, evitando atacar os manifestantes. Milícias à solta, mercenários que vieram do Burkina Faso e da Costa do Marfim. Execuções sumárias. Metade do país nas mãos dos populares que já hastearam em toda a Cirenaica, a bandeira do antigo Reino da Líbia. Uma fuga maciça dos estrangeiros e um êxodo de líbios em direcção às fronteiras da Tunísia e do Egipto. 

 

Parece termos voltado ás peripécias que há setenta anos, envolveram os generais Bastico, Rommel e Auchinlek. Desta vez, o Afrika Korps, o exército real italiano e o 8th Army, foram substituídos por aquilo que vemos quase em directo pela televisão. Alimentando a estória, temos os mesmos nomes, como El Agheila, Agedabia, Misurata, Bengazi, Derna, Bardia e Tobruk. Só lá falta uma Raposa do Deserto e essa, não é de forma alguma, o sr. Kadhafi.

 

Para os nossos risíveis revolucionários de gravata, o que se passa na Líbia não é uma revolução, nem sequer uma guerra: trata-se apenas de uma "revolta", quase ao mesmo nível de uma sublevação na penitenciária de Lisboa, do Carandirú ou da velha Sing-Sing. O embaraçado silêncio da esquerda, é uma clara evidência do mal-estar, da desilusão  e da derrota que é mais que certa.

 

Enquanto o "querido chefe revolucionário" estiver vivo e escondido no seu bunker, haverá esperança para a sua "revolução". Para os negócios acordados com certos nazarins, idem.

publicado às 11:59

Os surdos - pró-cool e a fazerem campanha BE - que jamais quiseram escutar as palavras de ordem difundidas pela omnipresente Irmandade que manda no acampamento da Praça Tahrir, devem estar elucidados acerca do evoluir da situação. Aquilo que se previa está a acontecer e os bem audíveis  dichotes acerca dos "agentes americanos" e "espiões israelitas" - Mubarak e o seu regime -, desmentem  o que se tem escrito na imprensa portuguesa, sempre disposta a ver "vinte e cincos de abris" em todo o lado. O Irão já surge como declarado interveniente e pela voz do "santo homem" Rafsanjani, aconselha um Khomeini à beira Nilo. Chegam também notícias acerca da possível demissão de Mubarak. Para os "irmãos" e tal como aqui dissemos -..."quem afanosamente prepara o advento de uma "nova ordem", não está presente na praça do Museu Egípcio" -, esta cedência não será de molde a satisfazer os seus desejos e decerto subirão a parada, até ao total domínio da situação. Seguidamente, exigirão a queda de Suleiman e a constituição de um "governo provisório" que organize "eleições" por eles controladas. Nada de novo.

 

Quem cede no essencial, tudo perde.

 

Não tardará muito, até começarem os ataques à integridade física dos estrangeiros. Os "ímpios coptas" ficarão para pouco depois e não é necessário hospedarmo-nos no Hilton Cairo, para entendermos o que se passa.

publicado às 14:05

A "revolução egípcia" em imagens (1): o pipeline

por Nuno Castelo-Branco, em 05.02.11

O cada vez mais esquisito Público(zinho), prossegue o ensimesmamento copy-paste da "revolução" do Nilo. Até à colocação da última pedra que feche o acesso ao sarcófago, há sempre esperança de pôr a mão no ouro alheio. Volatilizadas as "multidões de milhões" que não passaram de milhares e após a 2ª Batalha das Pirâmides em que os cameleiros fizeram das suas, resta-lhes um estouro num pipeline. Vão mesmo ter de engolir a transição, ordeira como a todos - eles e nós - convém. Lá está a tropa a vigiar e a dizer o que se pode ou não fazer. Péssimas notícias para os do "espírito de Munique" e umas tantas cólicas para umas certas hirsutas barbichas, iconoclastas de "coisas ímpias".

 

Entretanto, a insignificante "Europa" apresenta pedidos e exigências, como se o tempo dos couraçados da Royal Navy nos molhes de Alexandria, ainda fizesse bater as horas do dia. Já não há farol que guie Merkels, Sarkozis e outras tantas vacuidades aflitas que melhor fariam em documentar-se, mesmo se apenas recorrendo às aventuras de Tintim. Já seria muito.

 

A "revolução" não está a correr como queriam? Parece que que não.

publicado às 11:25






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