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A minha direita e a direita de muitos, muitíssimos, como eu, não é a direita em que "a única razão que conhece é a força, o único diálogo que trava é com os seus pares, a única ideologia que respeita é o esclavagismo". Não, caro Luís, essa não é a minha direita, aliás, nunca foi. E posso assegurar-lhe que não é a direita de muita gente. De muita, muita gente. A direita na qual me reconheço tem como principal razão o direito, o diálogo que trava é, em grande medida, com o indivíduo, mas, também, com a pátria, a nação e a comunidade, sabendo de antemão que a desigualdade é um facto natural - sim, meu caro, não acreditamos na tese marxistóide, devidamente emulada pelo universalismo igualitário liberal tão em moda, de que todos os homens são iguais -, e tem como ideologia cimeira, a equidade. Sim, porque a noção de justiça não é apanágio exclusivo da esquerda. E, para terminar, até porque a posta já vai bem longa, gostamos daquelas coisinhas bem comezinhas como o estado de direito e a liberdade. Coisinhas que a esquerda tem tido grandes dificuldades em engolir, não é, caro Luís?
P.S.: Sim, Ulrich é mesmo um safardanas.
O alerta de Fernando Ulrich é assaz pertinente. Não tenho por norma concordar com as atoardas de Ulrich, mas desta vez sou obrigado a corroborar as palavras do banqueiro-mor da pátria. De facto, estamos perante o risco, sério e palpável, de cair numa "ditadura do Tribunal Constitucional". A propensão que alguns sectores do judiciário revelam pelo seguimento acrítico da horripilante lógica do activismo judicial é suficientemente esclarecedora quanto ao que nos espera. Como escrevi na minha última posta "o papel do Tribunal Constitucional não é, nem deverá ser a emissão de um juízo político acerca das grandes opções de política fiscal tomadas pelo legislativo". A insistência por banda dos juízes portugueses num justiceirismo inerme à realidade arrisca-se a lançar o país numa ingovernabilidade sem precedentes.
A prosápia insolente de Fernando Ulrich é mais um sinal do descaramento venal das nossas torpes elites, senão vejamos: o ilustre banqueiro defende, sem qualquer rebuço, que o Estado pague aos desempregados para trabalharem nas grandes empresas, isto é, Ulrich, sem se rir nem descompor, considera que os portugueses devem contribuir com os seus impostos - agora de uma forma aberta e desabrida - para o trabalho grátis promovido pelos rentistas do costume. Eu pergunto-me: há alguma possibilidade de reformar o país - reparem, já não falo em liberalismo - com banqueiros que pedem e exigem continuamente ao Estado, rendas, facilidades várias, negociatas e prebendas vis? Há esperança quando um banqueiro tão representativo como Ulrich defende que o Estado retribua o trabalho prestado, a título individual, a entidades privadas? Há confiança quando os grandes potentados económicos querem continuar a viver acolitados no regaço do estadão insaciável? Este país é irreformável, custa-me dizer isto, mas com pechisbesques deste calibre não sairemos da cepa torta.