por Nuno Castelo-Branco, em 08.05.09

Quando há dois dias aqui deixei um apelo, pelos vistos exprimi-me da pior maneira, pois poucos o entenderam. Sei bem que existem irreconciliáveis visões da nossa sociedade, impossibilitando uma "união" contra-natura. O apelo referia-se tão só à necessidade de evitar públicas e estéreis guerrilhas que a ninguém aproveitam. Não compreenderam ou não querem compreender. Paciência. No entanto, publico o comentário de hoje no Portugal Contemporâneo. E ficamos por aqui.
É natural que o Rui não tenha compreendido o que pretendi dizer, pois não sendo abertamente monárquico, não tem qualquer interesse especial nas contendas estéreis que acabaram por destruir o regime em 1910. A partir desta data, claramente impediram o regresso da ancestral forma de representação do Estado: nem sequer dando muito relevo ao permanente ataque do partido legitimista às instituições da Carta, salientemos a feroz contestação à figura de D. Manuel II e finalmente, a vergonhosa submissão a uma 2ª república que bem se serviu de quem a lealmente apoiou sem nada receber em troca. Reconheço perfeitamente - não me faça ainda mais parvo do que sou - a impossibilidade de uma aliança com sectores que não partilham minimamente de princípios que estabelecem a organização da sociedade. Isto não quer dizer que os ataque, até porque em regra, são pessoas de grande categoria intelectual e de uma desarmante honestidade. Contudo, vivo no século XXI e gostava apenas de saber, dada a minha reconhecida ignorância em matérias filosóficas de entretenimento intelectual, como seria possível construir-se uma Cidade com pressupostos há muito volatilizados pela história. A evolução existe mesmo.
Aquele post no Estado Sentido, consistia apenas num alerta quanto à necessidade de não existirem guerrilhas que não aproveitam a um sector que se está a afirmar. Pelos vistos, o silêncio não é de ouro. Que pena, porque no sector oposto, os republicanos - os chamados democratas e aqueles que abertamente visam a destruição deste tipo de república -, não tomam a própria existência da "república" como ponto fundamental de discórdia. É essa a vantagem que pelos vistos, prosseguirá com o actual estado de coisas.
Em suma, aquilo que o Rui considera "propostas deste género", resumiam-se apenas a uma chamada de atenção para a necessidade do silêncio. Não me arrependo minimamente do texto, porque o considero demonstrativo de algo que vai escasseando. A decência."