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E é só para dizer que me provoca bocejos e um enorme fastio, não só porque a comunicação social e o país político parecem não ter mais nada sobre que falar, mas também, e especialmente, porque Portugal foi e continua a ser corrompido e desgovernado de formas e feitios que, na sua larga maioria, são ainda desconhecidos pela generalidade dos portugueses e são os mesmos que agora se armam em virgens impolutas e ofendidas a respeito dos Swaps que são os principais responsáveis por estes e pelo descalabro repulsivo que é o estado a que chegámos. Enquanto uns pobres de espírito se entretêm a brincar aos pobrezinhos, outros vão-se entretendo a empobrecer-nos material e espiritualmente brincando aos politicozinhos. Estão todos bem uns para os outros neste regime de paz podre que, paradoxalmente, tanto dá razão à luta de classes de Marx como ao diagnóstico de Hayek quanto à perversão do ideal democrático operada pelos políticos e coligações de interesses organizados. Mas são todos anjos e santos e é tudo em nome do interesse nacional, claro está.

publicado às 21:09

Nem na última previsão Gaspar acertou

por Samuel de Paiva Pires, em 05.07.13

Da caixa de comentários do Insurgente

«O que é impressionante no meio de toda esta confusão é que até na sua última previsão, na sua carta de demissão, o ministro Gaspar falhou redondamente: "É minha firme convição que a minha saída contribuirá para reforçar a sua liderança e a coesão da equipa governativa."»

publicado às 16:26

Soares em grande

por Nuno Castelo-Branco, em 03.07.13

Pelo que se lê, a sua campanha já está a ter resultados. Ele que vá um dia destes comprar fraldas ao Jumbo e logo veremos. 

publicado às 09:55

Uma perguntinha apenas

por Samuel de Paiva Pires, em 01.07.13

Tendo Vítor Gaspar pedido a demissão, pela primeira vez, a 22 de Outubro de 2012, estou em crer que o Governo terá tentado encontrar, nos últimos meses, alguém com peso político que pudesse substituir o Ministro das Finanças e servir para granjear maior legitimidade ao Governo.  Entre as eminências pardas comentadeiras muy competentes em economês, especialmente ex-ministros, será que ninguém teve um mínimo de coragem para aceitar o desafio, ainda para mais tendo em consideração a grave hora que vivemos?

publicado às 17:56

Já nem sequer é navegação à vista

por Samuel de Paiva Pires, em 01.07.13

Maria Luís Albuquerque substitui Vítor Gaspar. Pior a emenda que o soneto. Como diria Lampedusa, não se deve trocar um mal que se conhece por um bem desconhecido - especialmente, acrescento eu, quando esse suposto bem se encontra envolvido em diversas situações suspeitas. Ou um governo em desagregação e um país à deriva.

publicado às 17:20

Até o Álvaro se ri do Vítor...

por Pedro Quartin Graça, em 13.06.13

...Ou como o popular Borda D´Água se transformou num intrumento de gestão e previsão orçamental.

 

publicado às 07:51

Subscrevo inteiramente a tese de Vítor Gaspar segundo a qual foi a situação de fragilidade em Portugal que levou, em 2011, ao pedido de resgate financeiro à Troyka, quando o PS estava ainda no Governo e que o então Governo socialista negou a possibilidade de resgate até ao último momento e que esse facto fragilizou o País e que houve má negociação da taxa de juro dos empréstimos iniciais e do plano de pagamento da dívida que estava muito concentrado nos anos de 2016 e 2021: é assim e não é de outra maneira. É preciso sovar o Socialismo Português, distribuidor do que ninguém produziu, socializador da riqueza que ninguém gerou. Socialismo em Portugal corresponde modicamente a bancarrota, filha da corrupção de Regime. Hoje a Maçã Podre Suprema disto-Regime-Político em Portugal quer federar pomposamente as Esquerdas. Penso que as Esquerdas deveriam ter vergonha d'A Maior Maçã Podre do Regime e deixar o dr. Soares a falar sozinho. Quanto a Gaspar, tirando alguns excessos, é o melhor Ministro das Finanças do pós-25-de-Abril.

publicado às 15:15

Nem sacro, nem santo depósito bancário

por Nuno Castelo-Branco, em 15.05.13

 

Durante mil anos, muitos quiseram acreditar numa ficção que dava pelo excêntrico nome de Sacro Império Romano Germânico. A realidade era bem diversa. Nunca foi Sacro - todos o atacavam ignobilmente, inclusivamente aqueles que o compunham - e nunca foi um Império, uma vez que jamais existiu a unidade e o poder central que definem aquelas grandiosas realidades políticas. Durante a maior parte da sua teórica vigência, Roma não se incluía entre as suas regiões e o Romano apenas mostrava um intuito de continuidade e de apego à Cristandade representada pelo sucessor de Pedro. Restava o epíteto Germânico, mas mesmo sendo os alemães a maioritária base étnica e cultural, naquele conglomerado centro europeu encontravam-se uns tantos checos, polacos, italianos e ainda uma nada desdenhável quantidade de francófonos. Em suma, o Sacro Império, não sendo uma divertida ficção como a Brobdingnag dos gigantes, apenas significou um não-desejo milenar que ainda hoje a Europa olha com nostalgia e até, com intuitos de restauração sob outro nome.

 

A segurança dos depósitos bancários, consiste no princípio fundamental que justifica a existência dos próprios bancos. Com o seu calmérrimo ar de sempre, o ministro das Finanças garante que os vossos depósitos bancários são sacrossantos. Quem neles tiver aqueles mealheiros onde apenas consegue guardar uns vinte mil contos em Euro, poderá ficar descansado. Poderá mesmo? Quanto ao resto, enfim, talvez seja melhor pensarem todos se realmente valerá a pena jogarem no Euromilhões, ou abrirem aquela conta que se destina ao erguer de um negócio que promova o emprego e dinamize a economia. O Politiburo de Bruxelas, respectivos comités do BCE e sucursais bancárias país a país, vão mesmo apossar-se de uma boa parte das somas superiores ao montante atrás indicado.

 

Imagine que você acabou de vender o seu pequeno apartamento e depositou cento e setenta mil Euro na sua conta. No dia seguinte, tem ao mata-bicho, a desagradável novidade de lhe terem sacado 30 ou 40% daquilo que é seu e só seu. Isto é roubo ao nível de Estaline, antecessores e sucessores. Nem o histérico Gonçalves a tanto se atreveu.

 

Foi precisamente isto o que o ministro anunciou e como é basilar em qualquer político que se preze, por exclusão de partes.

 

Já não há qualquer dúvida. Também não se duvida do suicídio da Europa. Desta forma não pode haver confiança. 

 

* A confirmar-se este processo de confisco, deixa de existir qualquer razão para a continuidade da ficção da banca privada. No caso português, não poderão inventar qualquer manobra que esconda este segundo resgate, devendo o Estado nacionalizar criteriosament, tornando-se então urgente a procura do paradeiro dos activos. Para o melhor e para o pior, Salazar e Gonçalves nacionalizaram e encontravam-se em campos ideológicos aparentemente opostos. Pois então que a chamada 3ª via o faça, a isso estará moralmente obrigada. 

publicado às 07:58

Da destruição do país

por Samuel de Paiva Pires, em 09.05.13

17,7 % de desempregados, fora os que não fazem parte das estatísticas oficiais. Acrescente-se a emigração em massa que se tem verificado de há uns anos a esta parte. Citando Vitor Gaspar, "é muito bonito".

publicado às 15:15

A propósito da 7.ª avaliação da troika

por Samuel de Paiva Pires, em 15.03.13

Apetece-me relembrar dois posts do Dragão. O primeiro, Para que conste - I:

 

«Estado e Finança são inseparáveis. Entretecem-se e reforçam-se. Afinal, sempre foi preciso financiamento para exércitos e obras públicas. Só que como o Estado em relação à Nação, também a Finança começa por servir o Estado e acaba a servir-se dele. Por outras palavras, assim como a Nação desenvolve um Estado, o Estado desenvolve uma Finança. À medida que se hipertrofia o Estado, hipertrofia-se ainda mais a Finança. Necrose com necrose se paga. Quanto mais o Estado devora a Nação, mais a Finança digere o Estado. De modo que a sujeição nanificante (e nadificante) da nação a um estado descomunal agrava-se pela subserviência deste a uma Finança desorbitada e exorbitante. E tanto assim é, e tem sucedido, que podemos hoje em dia testemunhar o nosso próprio Portugal a ser estrangulado por um Estado que a Finança traz pela trela.»


E o segundo, Os otários que paguem a crise. É para isso que eles existem:


«Entretanto, o país de regresso à sua penúria tradicional, do ponto de vista dos ricos e seus acólitos, é positivo: quer dizer que o país, de volta ao terceiro mundo e à realidade, está a transformar-se num país mais competitivo, com mão de obra mais barata e menos esquisita. Para os pobres, os verdadeiros, também não faz grande diferença: abaixo de pobres não passam, e já estão habituados. Concentram-se no futebol, na pinga e lá vão. Os únicos que, de facto, têm motivos para se preocupar seriamente são aquela classe heteróclita e intermediária – daqueles que vivem digladiados entre a angústia de regredirem a pobres e a ilusão de, num golpe de asa, ou por qualquer súbita lotaria do destino, ascenderem a ricos. Esses, temo-o bem, vão ter que sacrificar-se, mais uma vez, pela competitividade do país. É, aliás, urgente que desçam do seu pedestal provisório e se compenetrem dos seus deveres atávicos. São para isso, de resto, que, cíclica e vaporosamente, são criados.

E dado que os pobres não pagam porque não têm com quê, e os ricos também não, por inerência de função e prerrogativa sistémica, resta-lhes a eles, os tais intermédios (ou otários, se preferirem), como lhes compete, chegarem-se à frente. Está na hora de devolverem a sua "riqueza emprestada", o seu "estatuto a prazo"; de se apearem do troleibus da ficção e retomarem o seu lugarzinho na horda chã, em fila de espera para o próximo transporte até à crise seguinte.
Não sei se campeia a justiça neste mundo. Duvido. Mas que reina uma certa ironia, disso não restam dúvidas.»

publicado às 13:21

"Navio ao fundo"

por Samuel de Paiva Pires, em 10.03.13

Alberto Gonçalves, Navio ao fundo:

 

«Não haja dúvidas. Sempre que um governante comete uma alusão à gesta dos descobrimentos, à epopeia marítima, às gentes que deram novos mundos ao mundo e aos sonhadores que viram para além do Bojador, é certo que o sujeito ficou sem argumentos ou nunca os teve logo de início. O recurso ao patriotismo, para cúmulo se "fundamentado" em proezas remotas, é um sinal manifesto de abdicação. Invocar Vasco da Gama para compensar as massas do saque fiscal é tão pertinente quanto isentar os gregos da loucura despesista mediante referências a Aristóteles. Trata-se de um logro e, pior, de um aviso: quando o habitualmente circunspecto dr. Gaspar adopta a veneração das glórias do passado é lícito recear que até ele percebeu a miséria do presente e desistiu de remendar o futuro.»


As histórias do Dr. Soares:


«Não sou monárquico, mas dado o gabarito dos nossos republicanos praticamente não sobra alternativa. (...)


Agora a sério, é rara a semana em que o dr. Soares não se esforce por provar que a sabedoria da idade é uma força de expressão e, com frequência, uma completa patranha. Nesta e noutras questões, a pergunta que se impõe é: o dr. Soares pretende enganar quem? E a resposta é: descontados três ou quatro fervorosos da Carbonária, provavelmente apenas a si próprio. Por mim, gosto que a imprensa corra a ouvi-lo a pretexto de diversos assuntos, e só lamento que não o faça a pretexto de todos.»

publicado às 13:04

No Público:


«Vítor Gaspar afirmou que a extensão dos prazos para o reembolso dos empréstimos a Portugal e Irlanda será certamente inferior a 15 anos, acrescentando de seguida que basta uma solução “mais modesta”.

Em declarações prestadas no final do encontro do Ecofin desta terça-feira, o ministro das Finanças disse que a possível extensão de 15 anos “antecipada” na véspera pelo ministro das Finanças irlandês é “inconcebível” e que se trata apenas de “uma posição negocial, e não uma previsão do que será o resultado dessa negociação”.»


Quando os mais troikistas que a troika se acham no direito de espoliar toda uma nação e arrastá-la para a miséria, quando os governantes eleitos são mais "exigentes" que aqueles de quem dependemos externamente, já não sei ao certo o que isto é, mas certamente não será bem um regime de protectorado. Noutros contextos, noutras épocas, ocorre-me que uma posição destas era bem capaz de ser apelidada de traição. Mas como temos sido desgovernados por traidores, faz apenas parte do normal anormal estado a que chegámos.

publicado às 16:30

A moda da cantoria da "Grândola, Vila Morena"

por Samuel de Paiva Pires, em 19.02.13

Interromper um discurso do Primeiro-ministro na Assembleia da República com a cantoria da "Grândola, Vila Morena" tem qualquer coisa de simbólico e que fica gravado, pela apreciação ou não, nas mentes dos portugueses, especialmente na conjuntura que vivemos. Repetir a cantoria interrompendo um Ministro, nos moldes patéticos que este vídeo revela, vulgariza o primeiro acto, retirando-lhe grande parte da carga simbólica, especialmente quando o Ministro se junta à cantoria. É pena. E eu que nem gosto da música. Só espero que isto se perceba, não vá outro grupo de "cantores" surpreender-nos um destes dias quando, por exemplo, Vítor Gaspar estiver a discursar. Poupem-me, a mim e a todos os portugueses, por favor, a ter de ouvir o Ministro das Finanças a cantar. Como dizia alguém, quando quem manda perde a vergonha, quem obedece perde o respeito. E Relvas ainda gozou, fazendo coro com os "cantores". Há algo de terrivelmente errado com Portugal, para termos deixado de produzir estadistas e estarmos entregues a isto.

 

publicado às 00:17

Ordem ou desordem

por João Pinto Bastos, em 03.12.12

Na equação que serve de base à tirania fiscal do Governo há claramente uma lacuna: a presunção, pavorosa e irreflectida, de que a impaciência dos portugueses jamais virá à tona. Posso estar enganado, mas não creio que o letargo da cidadania vá durar ad aeternum. Quem viaja pelo país, quem vê e observa a resignação serena dos portugueses, sabe que, no meio da tranquilidade aparente, há um desespero lancinante pronto a explodir. Uma raiva surda perigosíssima que, se não for atalhada a tempo, pode pôr em causa os fundamentos do regime. Cuidado. O espectro do caos anda por aí.

publicado às 01:42

Evidentemente, acompanho as críticas feitas aos deputados do CDS, que provêm em larga medida de muitos militantes. Porém, se por um lado o João Távora tem razão quando afirma que "o que ressalta para mim de mais grave nisto tudo é o irremediável descrédito alcançado por uma promissora geração de jovens políticos", e também o Carlos Guimarães Pinto ao fazer notar as consequências que isto tem na jovem e frágil corrente liberal na política portuguesa, não deixa, contudo, pelo que vou lendo de militantes do CDS, de ser saudável que no seio do próprio partido se discuta abertamente esta situação. 

 

Permitam-me, no entanto, salientar o óbvio. Sabendo-se que o CDS não tem a força que o PSD tem no Governo, é perverso apontar apenas espingardas ao primeiro e deixar o segundo incólume. O Primeiro-Ministro é Pedro Passos Coelho e o Ministro das Finanças é, obviamente, seu. São os dois principais responsáveis por este péssimo Orçamento. E o PSD foi eleito prometendo, tal como o CDS, totalmente o oposto daquilo que está a fazer. O CDS está a ser queimado em lume brando enquanto o PSD tenta passar entre os pingos da chuva - o que não deve deixar de agradar aos politiqueiros da São Caetano e deveria preocupar Paulo Portas -, quando é a este último que se deve em larga medida este Orçamento.  Aquilo a que assistimos nos últimos meses foi a um jogo de forças em que o CDS é o elo mais fraco à mercê de um PSD que sabe que o CDS não provocaria uma crise política num momento tão delicado da vida nacional. Convinha que os eleitores não o esquecessem e retirassem as devidas ilações.

publicado às 12:56

"Está-se já a tocar na liberdade"

por Samuel de Paiva Pires, em 28.10.12

O artigo de ontem de José Pacheco Pereira merece ser lido, relido, afixado e guardado para memória futura.

publicado às 19:05

Ler e reler

por Samuel de Paiva Pires, em 25.10.12

Em especial à atenção de governantes e defensores destes, um excelente post de Rui Rocha, de que transcrevo parte:

 

«Argumento nº 2 -  Sim, sim, sim, existe um enorme desvio entre o que os portugueses querem do Estado e o que estão dispostos a pagar. Mais, quando perguntados, os portugueses pronunciam-se de forma esmagadora no sentido de preferirem cortes na despesa. Todavia, quando se trata de identificar cortes concretos, aparece sempre uma massa de lusitanos ingovernáveis que se opõe, contra toda a racionalidade, a cada um deles.

 

Comentário: Não foram esses que lançaram na discussão pública a ideia de que seria viável uma gestão eficiente de um Estado perdulário que permitiria equilibrar as contas públicas sem envolver corte nas remunerações e sem aumento de impostos. Não. Foi a maioria que sustenta o actual governo que prometeu exactamente isso a quem quis ouvir. Com tal eficácia que muitos acreditaram. E, se os portugueses podem agora ser acusados de alguma coisa, é de terem aprendido aquilo que lhes quiseram ensinar e de terem alguma dificuldade em desaprender. Por outro lado, o argumentário da oposição às medidas do governo só é utilizado para uma parte da realidade. Que diabo. Se existe uma grande resistência a cortes em determinado tipo de despesa, não existe menos em relação ao aumento de impostos. Todavia, este avança sem piedade, ao mesmo tempo que o governo se queixa da enorme oposição ao corte na despesa. Ora, e por incrível que pareça, a existência de um governo resulta precisamente da necessidade de decidir perante interesses divergentes. Se há interesses que se opõem ao que deve ser feito, pois que o governo os enfrente. Se não o faz, só há uma razão (que não uma justificação) possível: falta-lhe legitimidade por pretender executar o contrário daquilo que prometeu.

 

(...)

 

Por tudo isto, talvez fosse melhor investir menos tempo na construção de um universo paralelo em que receita e despesa vivem de costas voltadas e nunca se encontram, em que os compromissos eleitorais se varrem para debaixo do tapete e em que se usam as grandezas dos agregados que compõem a despesa para justificar a inaceitável complacência com práticas inadmissíveis em tempo de profunda crise. É que, antes de avançar com propostas de redução do valor mínimo do subsídio de desemprego e outras prestações sociais, há um mundo de caminhos que tem de ser percorrido. As folhas de Excel não têm em memória as propostas eleitorais e os programas de governo. E não atribuem qualquer valor à ética. É essa lacuna insuperável que os portugueses (des)esperam que possa ser suprida pela acção política e governativa.»

publicado às 16:29

É política, não economia

por Samuel de Paiva Pires, em 24.10.12

O Euro e o sistema financeiro europeu assentam em pilares políticos sem correspondência com a realidade económica, daí a crise que atravessamos. Durante cerca de 2 décadas, o sistema estimulou uma tragédia dos comuns, com os governos da Europa do Sul a endividarem-se insustentavelmente - Philipp Bagus explica detalhadamente o que aconteceu. Entretanto, «O World Gold Council sugere que Portugal tenha luz verde para emitir dívida com o ouro como garantiaVítor Gaspar, como bom tecnocrata obediente, vai atrás da voz do dono, e admite fazê-lo. Quando é cada vez mais evidente que vamos ter que renegociar a dívida, o que implica não pagar parte desta, e eventualmente sair do euro - embora concorde com Manuela Ferreira Leite quando diz que isto não faz sentido visto que ainda não foi colocada esta hipótese à Grécia - fica à vista de todos o que é que se pretende com esta matreirice. Há muito que os alemães querem o ouro português. Aguardemos para ver se, também nisto, o governo vai alinhar pela mera servidão ou se demonstra ter um pouco mais de sagacidade política que o que tem tido em geral. Paulo Portas tem o dever de fazer compreender a Passos Coelho e Vítor Gaspar o que está em causa. 

publicado às 16:56

«Existe aparentemente um enorme desvio entre o que os portugueses acham que devem ter como funções do Estado e os impostos que estão dispostos a pagar


«O ministro das Finanças defendeu hoje que é difícil descer a despesa do Estado e que essa redução exige uma democracia e um sistema político maduro.»


Em primeiro lugar, convinha fazer notar a Vítor Gaspar que está a falar do país que tem uma das cargas fiscais mais elevadas e um dos Estados mais corruptos, despesistas e ineficientes da Europa. Em segundo lugar, como já bastas vezes escrevi aqui no blog, para reformar o Estado e efectivamente diminuir despesa seria necessário realizar um profundo trabalho de reflexão sobre o que é actualmente o Estado e quais devem ser as suas funções de acordo com as possibilidades dos contribuintes portugueses. Passos Coelho foi eleito prometendo que tinha feito isso mesmo. Afinal não fez. E já se percebeu há muito que não há ninguém no governo com capacidade e vontade para o fazer. Só assim se pode também perceber esta ânsia, apresentada com requintes sádicos e punitivos como se os portugueses fossem todos pecadores, em empobrecer violentamente os portugueses ao mesmo tempo que o Estado continua irreformável e se arroga cada vez mais poder e capacidade de interferir na esfera privada das famílias e empresas. Em terceiro lugar, para além de ser evidente que a segunda afirmação supracitada é um non sequitur, impõe-se perguntar sobre Vítor Gaspar, que tem falhado naquilo para que supostamente foi nomeado, não se distinguindo sequer de um Teixeira dos Santos, que competências é que tem para avaliar a qualidade e maturidade da democracia portuguesa? Na minha modesta opinião, poucas ou nenhumas. O que o Ministro das Finanças acaba, involuntariamente, por confessar, é a sua própria inabilidade para desempenhar o papel que os portugueses esperavam dele - mas também, e principalmente, do Primeiro-Ministro. 

publicado às 15:11

Obrigado por nada

por Samuel de Paiva Pires, em 21.10.12

Viriato Soromenho Marques, Um iluminado:

 

«Dizia Max Weber que a vaidade era a doença profissional dos académicos. Vítor Gaspar não resistiu à forma suprema de vaidade que é a do providencialismo: o seu orçamento é o único possível. Isso ou o caos. Um jornalista pergunta-lhe uma opinião sobre o que parece ser uma mudança de perspectiva no FMI, um dos nossos três credores principais. No seu World Economic Outlook, o FMI lança severas dúvidas sobre os resultados recessivos e depressivos das atuais políticas de austeridade na Zona Euro. Curiosamente, Gaspar, muda de atitude. O homem que sabia tudo sobre o caminho para Portugal confessa desconhecer o que se passa com o FMI. Se a vaidade é lamentável, simular ignorância ainda é um espetáculo mais deplorável. Não acredito que Gaspar ignore que a alegada leitura "distorcida" de Krugman, da p. 41 do referido relatório (assinada por Olivier Blanchard e David Leigh), foi apoiada pelos maiores analistas económicos mundiais, nomeadamente, W. Münchau e M. Wolf. A própria Christine Lagarde advertiu para os riscos de excessiva austeridade, sendo logo repreendida pelo ministro alemão das Finanças, W. Schäuble. Um estadista ficaria encantado pela oportunidade tática de abrir uma brecha de liberdade para Portugal na "jaula de masoquistas" (usando uma expressão de M. Wolf) em que a Zona Euro da austeridade perpétua se transformou. Gaspar, pelo contrário, não escondeu a irritação por ver a sua iluminada clarividência posta em causa pelo FMI. Na parte que me toca, a dívida de Gaspar para com os contribuintes portugueses, que lhe pagaram os estudos, está totalmente saldada. Caso contrário, talvez o País não sobreviva a tanta gratidão.»

publicado às 18:28






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