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« Na Póvoa do Mar »

por Cristina Ribeiro, em 07.03.13
" Às sete e meia, largo de casa, a caminho do Monte Largo, para tomar o comboio. ( ... ) O tempo corre lento. ( ... ) Lá vem o comboio!
E vou instalado nesta magnífica carruagem, género « pullman », da Companhia do Norte de Portugal. Atravesso a estrada de Fafe, ladeio a Costa e eis-me no Cavalinho. Lá em baixo a Vila, que começa a espreguiçar-se, ainda bocejante, ainda estremunhada. Devo ter um dia quente. Sento-me a ler um livrinho de Masson Oursel, " Filosofia Comparada ", mas, confesso-o! ,estou pouco para leituras desta natureza. Fecho o livro e vejo a paisagem. 
Nespereira lembra-me, como sempre, Raul Brandão. Penso nele e na sua obra tão desigual, mas onde há páginas de uma tortura imperecível. 
O comboio segue. Vizela... Campo de milho. Pinheirais. Eucaliptais. Fábricas. Rio que serpenteia. Salgueiros. E... Trofa! ( ... )
Este comboio é o das leiteiras que regressam, de vasilhas despejadas, aos seus lugares, nos subúrbios do Porto. (... )
Toma-me certa impaciência. Saí de casa para ver o mar, e o mar não se deixa ver. 
Uma ponte. Um rio-  o Ave.Lá longe, ruínas de convento; é o Convento de Santa Clara. Arcos de aqueduto. É Vila do Conde. E aconchego-me no leito das minhas recordações de há trinta anos. Há trinta anos que eu não voltava aqui! E sinto o mar! Envolve-o uma leve neblina, fumo ligeiro, de sonho...
Póvoa de Varzim. Ao descer da carruagem, os meus olhos, feitos meninos e moços, procuram o João Caneta, com a sua boina preta, as suas suissas grisalhas, a sua pele tostada do sol e maresia... ( ...)
Já entrei na Junqueira, a pé, porque me roubaram o americano, o americano da minha mocidade, com as suas mulas mazelentas e as suas campainhas rachadas. ( ... )
A lembrar-me do passado, nem reparo nas gentes que me acotovelam. Só desperto ao desembocar na Praia dos Banhos. ( ... ) Desço o areal. A Praia dos Banhos é muito maior do que há trinta anos. E muito mais povoada. São onze horas da manhã. A actividade balneária está no seu auge. O mar está semeado de cabeças e corpos. ( ... )
Almocei no Hotel Luso-Brasileiro - o Hotel de Camilo e dos torna-viagem. ( ... )
Maré cheia. Praia deserta. O relógio caminha. São três horas. Horas do comboio. ( ... )
Venho triste. Com Saudades. " 

publicado às 21:38

Nele se colhem flores de poesia.

por Cristina Ribeiro, em 06.03.13
Num solitário vale, fresco e verde,
Onde com vela doce e vagarosa
O Vez, no Lima entrando, o nome perde,
 
Numa tarde rosada, graciosa,
Quando no mar seus raios resfriava,
O Sol, deixando a Terra saudosa:
Ouvi uma voz triste que soava
Tão brandamente ali, que parecia
Um rio que com outro murmurava
O gado, que do campo recolhia,
Deixando nele, por entre a espessura
Me fui chegando à triste voz que ouvia.
Vi Tirse e Melibeu, que na verdura,
Entre bastos salgueiros escondidos
Choravam duras mágoas com brandura.
Nesta nossa ribeira ambos nascidos.
..................................................................
.........................................................................
Os versos destes dois tristes pastores
       Diogo Bernardes, « Limiano »
Do lado direito corre o rio que os viu nascer, estava-se no século XVI; ao Poeta do Lima, Diogo Bernardes, e ao Poeta frade da Arrábida, Agostinho da Cruz, irmãos que do pai haviam herdado o sobrenome Pimenta. E, sorte diferente de outros grandes Mestres, Ponte da barca, agradecida, não os esqueceu. Um jardim na sua sala de visitas, logo atrás do Pelourinho, símbolo da liberdade municipal, foi-lhes dedicado. O Jardim dos Poetas.

publicado às 19:37

Viagens na minha terra.

por Cristina Ribeiro, em 04.03.13

 

E foi na freguesia de Bravães, no concelho de Ponte da Barca, aonde fôramos chamados pelo mosteiro românico, mas também pela casa, hoje totalmente descaracterizada, desde que deixou de pertencer à família, onde Tomaz de Figueiredo situa a « Toca do Lobo », facto lembrado por simples lápide ali colocada pelos bons serviços de anónimo barquense, que encontrámos mais uma daquelas aldeias portuguesas que, apesar dos pesares, nos fazem lembrar o " jardim à beira mar plantado ".

publicado às 16:01


                   « Ahi está a soberba matta do Bussaco, esse aprazivel tapete de verdura coroando as penedias agrestes

                     e escarpadas da montanha ( ... ); a mão do homem soube crar tão grande e primorosa riqueza vegetal no 

                     meio da nudez d'aquelles cerros escalvados »

                                                                              J. A. Simões de Carvalho




" Deliberada a provincia dos carmelitas descalços de Portugal a fundar um deserto, onde os seus religiosos pudessem observar alternadamente a vida cenobitica e a eremitica, começou no ano de 1626 a intender na escolha de um lugar para este fim adequado.  "

                     Vários foram os locais oferecidos para esse fim, nomeadamente uma " grande matta, no logar de Pereiro, pouco distante de Coimbra; mas nenhum d'estes sitios correspondia ao intento ", mormente por lhes não assistir a indispensável solidão.

Foi assim que o padre " incumbido da escolha do logar ( ... ) partiu para Lisboa com os olhos postos na formosa serra de Cintra. Foi examina-la; e conquanto lhe agradasse pelo deleitoso e aprazivel de seus horizontes ( ... ), notou-lhe todavia outras circunstancias desfavoraveis, sendo uma das mais ponderosas a proximidade de Lisboa, que fazia de Cintra ' côrte na aldêa, povoado de quintas, conventos e paços reais, o que tudo servia mais para casa de recreação e regalo, qual em seu retiro buscavam os reis e grandes de Portugal, que para casa de compunção, penitencia e soledade '.

Contudo, à falta de outro logar, tinham assentado os religiosos em fundar alli o seu deserto."


Foi então que, sabendo o bispo de Coimbra, D. João Manuel, desse propósito, referiu ao Reitor do Colégio dos Carmelitas ter " na serra de Luso umas mattas e terras, a que chamam Bussaco: se ao padre provincial lhe parecera manda-las ver e foram do seu agrado, dera-as [ ele ] de boa vontade à Religião, pelo interesse de ter no [ seu ] bispado um convento tão unico e observante ' ( ... )

Indo o padre geral com outros companheiros visitar o Bussaco ' entraram pelas densas matas povoadas de bastas arvores, discorreram as devezas vestidas de verdes plantas, passearam as campinas ornadas de cheirosas flores, desceram aos valles retalhados de claras aguas, subiram aos montes coroados de apraziveis e dilatadas vistas, e tal graça achou o padre geral em quanto havia registado, que disse para os companheiros com devota alegria: Aqui é vontade de Deus que se funde: murem este sitio, que tem nelle o melhor deserto da Ordem. Porque, se agora, inculto, rude e tosco, é o que admiramos, cultivado será um paraiso terreal! ' "


Augusto Mendes Simões de Castro, « Guia Historico do Viajante do Bussaco »

publicado às 18:12

Viagens na Minha Terra - Gdańsk

por Paulo Soska Oliveira, em 29.12.08

Gdańsk é uma das mais belas cidades da Polónia.

 

Localizada na Pomerânia, nela encontramos a foz do Vístula. Com 460 mil habitantes, encontr-ase integrada no núcleo de Trójmiasto (Três Cidades), que com Sopot e Gdynia possuem mais de um milhão de almas.

 

Entre 1793 e 1945, fruto do domínio prussiano e germânico chamava-se Danzig.

 

Elemento fulcral na rota do âmbar, cidade hanseática, disputada por polacos, cavaleiros teutónicos, prussos, alemães, suecos e russos, ponto de discórdia que levaria ao inicio da grande ameaça de um regime totalitário e ao fim de um outro em menos de 40 anos.

 

Local de nascimento de vultos como Johannes Hevelius, Bogusław Radziwiłł, Daniel Schultz, Daniel Fahrenheit, Schopenhauer, Fritz von Below, Henry Rosovsky, Günter Grass, o primeiro ministro polaco actual, Donald Tusk e ligada a Lech Wałęsa e Solidariedade.

 

Convido os nossos leitores a observarem um pouco de Gdańsk através das fotografias da minha mais recente viagem. Estão incluídos os edifícios antigos e modernidade, incluíndo fotografias dos locais mais marcantes para o final do regime soviético - e onde se pode observar a queda do poderio dos Estaleiros.

 

Ao clicarem em qualquer fotografia serão redireccionados para um mini-álbum.

 

 

 


os famosos portões

publicado às 13:51

Viagens na Minha Terra - Westerplatte

por Paulo Soska Oliveira, em 29.12.08

Não o terá sido tecnicamente, mas ficou para a História como o local de início da II Guerra Mundial.

 

Pouco faltava para as cinco da manhã de 1 de Setembro de 1939, quando o couraçado alemão Schleswig-Holstein, ancorado na foz do Vístula no interior da Cidade Livre de Gdańsk começou a bombardear a guarnição militar polaca em Westerplatte.

 

A Liga das Nações falhara completamente nos seus propósitos. Todos sabemos o desenrolar histórico de 1939-45.

 

No entanto, não poderá ser esquecido o facto de que do lado polaco, durante 7 dias, 200 homens resistiram aos avanços de mais de 3000 soldados do Eixo, aliados por um couraçado, dois torpedeiros e alguns Stukas. A fortaleza era suposto aguentar-se apenas 12 horas. Aguentou 14 vezes esse tempo. Rendeu-se face à ausência de armamento e mantimentos.

 

Em 1966, no mesmo local foi erguido um monumento à memória dos soldados que tão bravamente defenderam aquele local. Deixo aos nossos leitores e à restante equipa um punhado de fotografias tiradas no segundo dia de Natal.  (Clicar para ampliar).

 

 

 

 

Cruz Virtuti Militari atribuída a título póstumo aos defensores de Westerplatte

  

Ruínas de um dos aquartemalentos

  

 

  


 


 

publicado às 08:32






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