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Alguns chegam, outros abalam. A política, no que tem de mais entranhadamente firme, é um lugar onde não há o menor espaço para grandes e frutuosas amizades. Não é que eu advogue, note-se bem, um qualquer maquiavelismo de trazer por casa, até porque o sábio florentino, não obstante as imensas tergiversações feitas ao longo dos anos a respeito da sua obra, era um tipo que conhecia como poucos a natureza intrinsecamente dúctil do ser humano. Mas a verdade é que quase todos os dias somos assoberbados com exemplos práticos do carácter, ou da falta dele, na política. Vejam este pequeníssimo exemplo. Para quem não sabe, Feliciano Barreiras Duarte foi um dos políticos profissionais a quem foi aberta, há meses, a porta de saída aquando da última remodelação governamental. Saiu, e, ao que parece, saiu mal. Saiu de tal forma que, passados poucos meses, resolveu investir a sua parca verve contra o actual secretário de Estado, que ocupa, curiosamente, as mesmas funções outrora ocupadas pelo ilustríssimo Feliciano. A investida termina com uma pergunta mui afectuosa, nomeadamente, um "afinal ele faz o quê"? Acredito, com toda a franqueza, que a questão em si tenha toda a pertinência deste mundo e do outro, mas, o novel articulista do I olvidou-se - porque será? - de fazer a pergunta em questão a si próprio. Afinal de contas, o que fez Feliciano Barreiras Duarte ao longo da sua estada no Governo? Que obra e que marcos legou aos doces papalvos portugueses? Bem se vê que nada, um enorme e rotundo nada. É por isso que, por mais que o tempo passe, Maquiavel terá sempre razão. A política não é para meninos, nem, muito menos, para amigos de longa data. A vingança serve-se sempre fria, nem que seja numa pobre folha de jornal.