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Luís Amado, provavelmente o único Ministro do Governo de José Sócrates que é tido em apreço pelas três forças partidárias do arco governamental, que tantas vezes afirmou o fim do neo-liberalismo (assisti a duas em conferências), veio hoje dizer que a "economia portuguesa deve ser submetida a um choque liberal". Posição ingrata esta, a de MNE, em que se viu provavelmente forçado a embalar na onda que tomou forma após a queda do Lehman Brothers, para agora reconhecer aquilo que muitos, entre os quais esses temíveis seres que se intitulam de liberais, já sabem desde há bastante tempo a esta parte. Não deixa, contudo, de ser interessante notar o timing, num rasgo de "vira-casaquismo" que deixa para trás muitos dos que se preparam para o mesmo. Pela falta de consistência e coerência de grande parte dos actores políticos da nossa praça, tem toda a razão o Henrique Raposo: "Liberais-conservadores vão começar a sair debaixo das pedras, numa espécie de milagre de multiplicação ideológica. Vai vir charters de liberais".
E quando é que Francisco Assis vira a casaca e cai na real? Uma pessoa com a formação intelectual de Assis sabe bem (ou deveria saber) que uns 99% do que andou por aí a dizer não passava de patranhas para manter o querido líder no poder, em nome de um pseudo-maquiavelismo há muito prejudicial do tão propalado "interesse nacional". Estamos à espera, take your time. Amado vai na frente mas a prova ainda agora começou.
Desde os anos 80 onde os conservadores ocidentais conseguiram as suas primeiras vitórias políticas significativas depois da geração de 60 tem havido uma onda revisionista no que toca a analisar a história dos diferentes movimentos revolucionários e progressistas que tem tentado dar um certo spin aos eventos mundiais – a revolução francesa passou a ser inteiramente negativa (ou de mérito marginal), a inglesa passou a ter um mero carácter económico, os regimes ditatoriais Ibéricos passaram a ser positivos, etc.