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A resistência ucraniana e o bluff de Putin

por Samuel de Paiva Pires, em 28.02.22

Hoje, no Observador, um artigo meu com uma análise neo-realista sobre a resistência ucraniana e o bluff de Putin a respeito da utilização de armas nucleares.

Importa ainda salientar que, desde o início do conflito, subsiste aparentemente um motivo para as potências ocidentais não intervirem directamente com forças militares convencionais no teatro de guerra: a posse de armas nucleares por parte da Rússia. É o receio de uma escalada conducente a uma guerra nuclear que está nas mentes dos decisores políticos, bem como nas de muitos comentadores, especialmente após a ameaça, por Putin, de consequências nunca vistas na nossa história. Ora, a ameaça implícita de utilização de armas nucleares por Moscovo não é credível. Primeiro, porque, como mencionado acima, os Estados são actores racionais e estratégicos que têm como objectivo primário a sua própria sobrevivência e as armas nucleares só são úteis para efeitos ofensivos se apenas um dos lados num conflito as detiver. Segundo, porque retém validade a brilhante análise de George Kennan no seu Long Telegram (1946) e em The Sources of Soviet Conduct (1947), que esteve na génese da doutrina da contenção do expansionismo soviético. Conforme salientou o eminente sovietólogo, o Kremlin é “Impermeável à lógica da razão e altamente sensível à lógica da força. Por esta razão, pode-se retirar facilmente – e geralmente fá-lo quando encontra uma forte resistência em qualquer ponto.” Assim foi aquando das crises dos Estreitos Turcos e do Irão, logo em 1946, mas também no restante período da Guerra Fria, quando os EUA já não detinham o monopólio das armas nucleares.

Isto significa que o cálculo da utilização de armas nucleares não é tão linear e automático como muitos comentadores e políticos pensam, talvez influenciados pelo clássico de Stanley Kubrick Dr. Strangelove. Trata-se de uma tecnologia eminentemente defensiva e quando dois lados em confronto a detêm, ao invés de poder contribuir para uma escalada, pode precisamente levar ao término das hostilidades. Quando a sobrevivência de um dos lados é colocada em causa pelo recurso a esta tecnologia, devido à garantia de retaliação, deixa de fazer sentido utilizá-la – era nisto que assentava a doutrina da Mutual Assured Destruction (MAD).

Putin está ciente disto e acredita que os Estados ocidentais não intervirão militarmente na Ucrânia devido ao receio de uma escalada para um confronto nuclear. Talvez esteja na altura de o Ocidente ser imprevisível e surpreender Putin com o que para este é improvável, revelando o seu bluff. Seria um golpe de mestre que rapidamente o obrigaria a suspender as hostilidades e a sentar-se à mesa das negociações antes que o seu regime colapse.

publicado às 09:31

trump-putin-g20.jpg

Aaron David Miller e Richard Sokolsky, "Trump is a Bad Negotiator":

Granted, international diplomacy is a lot tougher than cutting real estate deals in New York, and there’s still a lot of time left on the presidential clock to make Trump great again. But half a year into the Trump era, there’s little evidence of Donald Trump, master negotiator. Quite the opposite, in fact: In several very important areas and with some very important partners, Trump seems to be getting the short end of the proverbial stick. The president who was going to put America first and outmaneuver allies and adversaries alike seems to be getting outsmarted by both at every turn, while the United States gets nothing.

(...).

Let’s start with the president’s recent encounters with the president of Russia, a man who admittedly has confounded his fellow world leaders for nearly two decades. Apparently without any reciprocal concessions, the world’s greatest negotiator bought into Russia’s plan for Syria, where U.S. and Russian goals are in conflict; ended America’s covert program of support for the moderate Syrian opposition, then confirmed its highly classified existence on Twitter; and had an ostentatious one-on-one meeting with the Kremlin strongman at the G-20 dinner, sticking a finger in the eye of some of America’s closest allies. It’s bad enough to give Putin the global spotlight he craves while accepting Russia’s seriously flawed vision for Syria. But to do so without getting anything in return gives “the art of the deal” a whole new meaning. Trump’s failure to hold Putin accountable for Russian interference in the presidential election is the most egregious example of putting Russia’s interests first and America’s interests last, but it’s hardly the whole of the matter. There’s no other way to put it: Trump has become Putin’s poodle. If it weren’t for Congress, public opinion and the media, Trump would be giving away more of the farm on sanctions, Russian aggression in Ukraine and other issues that divide the United States and Russia. That’s not winning; it’s losing.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 14:29

A mensagem de Trump para Putin e Xi Jinping

por Samuel de Paiva Pires, em 07.04.17

donald trump.jpg

Não se consegue ainda perceber bem as consequências do ataque que Trump lançou esta noite sobre a base militar síria de onde alegadamente saíram os aviões que protagonizaram o recente ataque com armas químicas na Síria - ainda não foi confirmada a autoria deste ataque, embora a administração norte-americana afirme que tudo indica que a responsabilidade recai sobre Assad e a posição russa seja realmente risível. Alguns começaram já a condenar Trump por trair a retórica isolacionista em termos de política externa utilizada durante a campanha para as eleições presidencias do ano passado, outros afirmam que o ataque desta noite mostra um aventureirismo perigoso.

 

Eu prefiro sublinhar que Xin Jinping chegou ontem aos EUA para reunir com Trump e que tanto a China como a Rússia têm apoiado a Síria na ONU, o que me faz crer que a acção algo imprevisível de Trump comporta essencialmente uma mensagem para Pequim e Moscovo: há linhas que não podem ser atravessadas mesmo em contextos de guerra e os EUA não vão assistir impavidamente às acções de russos e chineses que atravessam essas linhas ou que apoiam quem as atravessa.

 

O ataque lançado pelos EUA é cirúrgico o suficiente para ser uma justa retaliação pela acção inqualificável de Assad, mas também, e mais importante, para servir como demonstração de força e enviar uma mensagem a Putin. E não deixa de ser ridículo ver o presidente russo, tantas vezes aplaudido por muitos por decisões imprevisíveis e demonstrações de força que ignoram ou violam o direito internacional e são justificadas por pretextos dúbios recorrendo a argumentos tipicamente utilizados por potências ocidentais, vir agora argumentar que a decisão de Trump viola o direito internacional, é uma agressão a um Estado soberano  e prejudica as relações entre EUA e Rússia. Ora, afinal, o que foram as invasões da Geórgia e da Ucrânia, e em particular a anexação da Crimeia, senão provocações da Rússia a todo o Ocidente e agressões a Estados soberanos violadoras do direito internacional?

 

A utilização recorrente deste tipo de argumentos por Putin, que não correspondem à prática russa, deixa bem patente a duplicidade do presidente russo que ainda vai passando algo incólume, mas a sua utilização no dia de hoje mostra também que Putin foi surpreendido por Trump e não sabe bem, pelo menos para já, como reagir - o que é muito positivo.

 

(também publicado aqui.) 

publicado às 11:25

Reunião Soviética

por John Wolf, em 19.03.14

Não sei qual é o chip que está instalado nas máquinas de política externa dos EUA e de alguns países da UE (Reino-Unido, Alemanha, entre outros), mas Vladimir Putin acaba de dar banho ao cão das aspirações do Ocidente. O russo será provavelmente o político mais hábil da actualidade. Sabe-a toda. E deu uma lição aos campeões-libertadores que haviam demonstrado a sua alegada superioridade moral no Kosovo ou no Afeganistão (a título de exemplo). O discurso de anexação da Crimeia foi uma aula magna, mas também uma primeira lição sobre a nova relação de forças que está a ser desenhada por acção deste senhor e, convenhamos, por omissão de Washington e Berlim. Não é necessário ser um génio para entender quais as implicações desta primeira incursão russa. Por que razão haveria Putin de se quedar pela Crimeia? Contudo, os EUA e a UE usam um código que surtirá pouco efeito na alteração comportamental da Rússia. As sanções, têm, na maior parte dos casos, efeitos limitados - é a Rússia que tem o gás que a Europa precisa. De nada vai servir a apólice de seguro de nome Schroder que se senta aos comandos no board of directors da Gazprom. Não vejo razões para que Putin não aspire a realizar uma Reunião Soviética. A Moldávia já o pressentiu e deixou um aviso claro a Putin - Crimeias aqui não. O que está a acontecer até pode parecer um devaneio imperialista russo, mas olhe que não. Foi a NATO que começou a desenhar um círculo em torno do Kremlin, com destinos geo-estratégicos polacos à mistura, entre outras coisas. Os franceses que estão metidos ao barulho por causa de grandes contratos, podem simular a sua indisposição e cancelar as reuniões do G8 que entenderem, mas não passa de uma farsa para inglês ver. Resta-nos assistir às diversas movimentações caducas do Ocidente. Sim, os EUA e os Europeus foram grosseiros na interpretação dos sinais que se vinham tornando claros há bastante tempo. E lembrem-se: não é a Rússia que está entre a espada e a parede. São outros que estão encostados às cordas.

publicado às 14:17

Um belíssimo artigo de Henry Kissinger:

 

"That is the essence of the conflict between Viktor Yanu­kovych and his principal political rival, Yulia Tymo­shenko. They represent the two wings of Ukraine and have not been willing to share power. A wise U.S. policy toward Ukraine would seek a way for the two parts of the country to cooperate with each other. We should seek reconciliation, not the domination of a faction.

 

Russia and the West, and least of all the various factions in Ukraine, have not acted on this principle. Each has made the situation worse. Russia would not be able to impose a military solution without isolating itself at a time when many of its borders are already precarious. For the West, the demonization of Vladimir Putin is not a policy; it is an alibi for the absence of one.

 

Putin should come to realize that, whatever his grievances, a policy of military impositions would produce another Cold War. For its part, the United States needs to avoid treating Russia as an aberrant to be patiently taught rules of conduct established by Washington. Putin is a serious strategist — on the premises of Russian history. Understanding U.S. values and psychology are not his strong suits. Nor has understanding Russian history and psychology been a strong point of U.S. policymakers.

 

Leaders of all sides should return to examining outcomes, not compete in posturing."

 

Leitura complementar: Brincadeiras perigosasA "península" do TexasBreves notas sobre a situação na CrimeiaA NATO na Crimeia?Dmitri Trenin sobre a crise na CrimeiaLeitura recomendadaA crise da Crimeia e a ascensão da Rússia na arena internacionalComeçou a escalada do disparate; Sanções?; A irmandade; Liar.

publicado às 11:29

A irmandade

por Nuno Castelo-Branco, em 04.03.14

Ele sabe como baralhar e distribuir as cartas. Embora o regime de Putin seja algo que não desejaríamos ter nesta zona do mundo, há que reconhecer ser um dirigente incomparavelmente mais hábil do que os governantes do ocidente, EUA incluídos. Estamos entregues a uma irmandade de palradores diletantes e como tal, irresponsáveis. 

publicado às 19:03

Sanções?

por Samuel de Paiva Pires, em 04.03.14

Liam Halligan:

 

"Satisfying as that may be to Western diplomats, economic sanctions will be extremely difficult to impose on Russia and are, for all their symbolism, likely to be counterproductive. For one thing, as is clear to anyone who knows Russia’s commercial landscape, many large and powerful Western companies have invested heavily in this vast, resource-rich country and won’t want their interests harmed.

 

Post-Soviet Russia has attracted huge foreign direct investment, going way beyond oil and gas. Western car-makers, retailers and household product companies have piled in, keen to tap into Europe’s second most valuable retail market and Russia’s highly educated and relatively cheap workforce. The likes of VW, Ford, Renault and German engineering giant Liebherr have invested billions in production facilities. Other thoroughbred Western corporates such as Pepsi, Unilever, Procter & Gamble and Boeing are also heavily committed – all of which will seriously complicate any attempt to impose economic sanctions on Russia.

 

Western energy security also looms large, of course. Russia is the world’s third-largest oil producer. Any hint that the flow of Russian crude might be interrupted would cause havoc on global markets. In recent days, as the sanctions rhetoric has cranked up, oil prices have spiked at $2-$3 a barrel. This can only harm Western crude importers such as the UK."

 

Leitura complementar: Brincadeiras perigosasA "península" do TexasBreves notas sobre a situação na CrimeiaA NATO na Crimeia?Dmitri Trenin sobre a crise na CrimeiaLeitura recomendada; A crise da Crimeia e a ascensão da Rússia na arena internacional; Começou a escalada do disparate.

publicado às 11:14

(foto daqui)

 

Enquanto membro da Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico e da Youth Atlantic Treaty Association entre 2006 e 2013, tive oportunidade de participar em dezenas de conferências sobre segurança e defesa, em vários países, inclusivamente na Ucrânia. Sabendo-se da história da NATO no que ao burden sharing concerne, com os EUA a assumirem a fatia de leão das despesas militares, uma ideia que esteve sempre subjacente em várias conferências, sublinhada frequentemente por norte-americanos, foi a da ausência de pensamento estratégico por parte dos europeus, que acabam sempre por se escudar nas capacidades civis e no soft power.

 

Ora, perante o que está a acontecer na Crimeia, é caso para perguntar onde é que anda o tão célebre pensamento estratégico norte-americano, quando não só previram que Putin não iria invadir a Ucrânia, mostrando claramente que não aprenderam nada com a invasão da Geórgia em 2008 e que continuam sem conseguir entender minamente o mindset de Putin, como também parecem não conseguir esboçar uma resposta minimamente séria no devido tempo?

 

Não me interpretem mal. Sou atlantista e pró-americano, mas assim como os norte-americanos gostam de falar no seu quintal, ou seja, na sua esfera de influência, também deveriam entender - sob pena de colocar em causa o equilíbrio geopolítico na Europa - que a Rússia, goste-se ou não, também tem a sua esfera de influência. Mais, quando se começa a procurar atrair países da órbita russa para a integração euro-atlântica e a subverter regimes com base numa política externa alicerçada num idealismo fundamentado nas teorias do desenvolvimento democrático, tem de se estar preparado para responder a todo o tipo de eventualidades quando se dão as famosas transições democráticas por via da ruptura. A impreparação que, novamente, fica exposta, evidencia o perigo que este tipo de idealismo pode consubstanciar, estando na origem de um problema que a Europa dispensava perfeitamente. Idealismo este que casou perfeitamente com a vontade de vingança de vários povos em relação aos russos, que, naturalmente, se compreende, mas que acaba por toldar a visão de muitos dos seus governantes. Estes, ao invés de procurarem um equilíbrio entre as aspirações ocidentais e russas, acabaram, em muitos casos, a alinhar declaradamente com os norte-americanos e a acirrar o ódio contra os russos, e se alguns estão já protegidos pela NATO, outros, como a Ucrânia e a Geórgia, aprenderam e estão a aprender da pior maneira que não se pode simplesmente acordar o urso e dizer que a culpa é do urso e ainda esperar que terceiros os defendam do urso. 

 

O facto de, até agora, a maior parte das possíveis respostas se centrar apenas em eventuais sanções económicas e no isolamento diplomático da Rússia - sendo altamente duvidoso que existam condições para o conseguir -, permite concluir que o Ocidente já saiu derrotado. A verdade é que, como este artigo evidencia, a Europa está economicamente vergada aos oligarcas russos e Putin sabe perfeitamente que os Estados Unidos não irão responder militarmente. De onde se conclui que sem hard power e a vontade de o utilizar não há soft power nem idealismo que resista.  Tal como aconteceu na Geórgia, a Ucrânia ficará, provavelmente, abandonada à sua sorte, para mal dos ucranianos, e a Rússia sairá reforçada na arena internacional. Se Bush terá sido, para muitos, um desastre em termos de política externa, Obama poderá ficar para a História como o Presidente americano que facilitou a ascensão da Rússia no século XXI. 

 

Leitura complementar: Brincadeiras perigosasA "península" do TexasBreves notas sobre a situação na CrimeiaA NATO na Crimeia?Dmitri Trenin sobre a crise na Crimeia; Leitura recomendada.

publicado às 16:05

Leitura recomendada

por Samuel de Paiva Pires, em 03.03.14

Ben Judah, Why Russia No Longer Fears the West:

 

"Vladimir Putin knows this. He knows that millions of Russians will cheer him as a hero if he returns them Crimea. He knows that European bureaucrats will issue shrill statements and then get back to business helping Russian elites buy London town houses and French chateaux. He knows full well that the United States can no longer force Europe to trade in a different way. He knows full well that the United States can do nothing beyond theatrical military maneuvers at most.

 

This is why Vladimir Putin just invaded Crimea.

 

He thinks he has nothing to lose."

 

Leitura complementar: Brincadeiras perigosasA "península" do TexasBreves notas sobre a situação na CrimeiaA NATO na Crimeia?; Dmitri Trenin sobre a crise na Crimeia.

publicado às 14:33

Estranhos tempos estes

por Samuel de Paiva Pires, em 12.09.13

Em que Vladimir Putin escreve um interessantíssimo Op-ed no New York Times que é uma lição de realismo directamente destinada a Obama, mas que, creio, poderá tornar-se um dos textos mais estudados nos próximos anos em cursos de Relações Internacionais. Começa assim: "Recent events surrounding Syria have prompted me to speak directly to the American people and their political leaders. It is important to do so at a time of insufficient communication between our societies". E termina assim: "My working and personal relationship with President Obama is marked by growing trust. I appreciate this. I carefully studied his address to the nation on Tuesday. And I would rather disagree with a case he made on American exceptionalism, stating that the United States’ policy is “what makes America different. It’s what makes us exceptional.” It is extremely dangerous to encourage people to see themselves as exceptional, whatever the motivation. There are big countries and small countries, rich and poor, those with long democratic traditions and those still finding their way to democracy. Their policies differ, too. We are all different, but when we ask for the Lord’s blessings, we must not forget that God created us equal."


Leitura complementar: As Obama Pauses Action, Putin Takes Center Stage.

publicado às 14:40

Novamente, David Remnick, The New Yorker:

 

Only one with a heart of stone could fail to be moved by the spectacle of the leaders of Ukraine, Poland, and the Baltic states standing by Saakashvili last week at a rally in Tbilisi. But Putin is not Hitler or Stalin; he is not even Leonid Brezhnev. He is what he is, and that is bad enough. In the 2008 election, he made a joke of democratic procedure and, in effect, engineered for himself an anti-constitutional third term. The press, the parliament, the judiciary, the business élite are all in his pocket—and there is no opposition. But Putin also knows that Russia cannot bear the cost of reconstituting empire or the gulag. It depends on the West as a market. One lesson of the Soviet experience is that isolation ends in poverty. Putin’s is a new and subtler game: he is the autocrat who calls on the widow of Aleksandr Solzhenitsyn. To deal with him will require statecraft of a kind that has proved well beyond the capacities of our current practitioners.

publicado às 19:06

Geórgia (6) - Vladimir Putin

por Samuel de Paiva Pires, em 15.08.08

 

 

Excelente artigo este que o Henrique Raposo referencia, de onde destaco:

 

Nearly all of the rhetoric used by Moscow to justify its actions in the war with Georgia is derived from Western historical thinking and practice -- only put "through the looking-glass," to borrow a phrase from Lewis Carroll. An EU official stationed in Tbilisi throughout the conflict observed at one point that Putin appeared to be creating a "parallel universe, a mockery of the West" when he spoke of the Russian mission to end the "genocide" in South Ossetia and administer international justice on the "perpetrators" in Tbilisi.

But Putin appears to have a more serious objective than simply mocking the West. Not for the first time, he has usurped the pantheon of Western values and infused it with a very different theology. What emerges is a mirror image of the West, containing the same historical narrative with its high and low points, but strangely distorted for most Western eyes.

 

Quer queiramos ou não, gostemos ou não, Vladimir Putin é provavelmente um dos líderes mais inteligentes da actualidade, uma reminiscência da centelha que iluminou os espíritos dos grandes estadistas do passado, ou pelo menos do século XX. Conseguiu confundir todo o Ocidente utilizando a própria retórica ocidental demonstrando ainda que a Rússia está bem e recomenda-se, a fazer lembrar os grandes cenários de equilíbrios geopolíticos montados e percepcionados de parte a parte durante a Guerra Fria.

 

E ao que parece já ninguém no Ocidente está preparado para este jogo, convencidos da inevitabilidade da expansão das democracias liberais e habituados à legitimidade moral proveniente desse conceito que se reflecte nas premissas do que norte-americanos e europeus desejam. Habituámo-nos a tratar da cooperação para o desenvolvimento, da integração, do comércio internacional, tomamos a paz como garantia universal e quase sem nos apercebermos parece que nos esquecemos dos ensinamentos quanto ao estudo de conflitos, percepções e acções estratégicas. Putin não esqueceu e como diria Salazar, sabe muito bem o que quer e para onde vai, bem ao contrário do muito pouco erudito e mal aconselhado cowboy texano que tem vindo a desgovernar os Estados Unidos e o mundo, até porque:

 

For Putin has succeeded in dividing the Western world more deeply than ever before. He has managed to sideline all international organizations, beginning with the UN Security Council, where the United States has any meaningful say. The United States, as Georgia's main backer, is not impartial enough to have any part in resolving the crisis, the Russian argument runs. And that argument has been bought hook, line, and sinker by the European Union, which now revels in its role as the sole mediator.

publicado às 16:13

Geórgia (5)

por Samuel de Paiva Pires, em 14.08.08

Via Exílio de Andarilho aqui fica um outro ponto de vista contrário ao do excelente post do Bruno Alves. A História nos dirá qual dos dois será mais válido.

 

Via CNN online


"I think that American officials and analysts -- and I would put myself in this boat -- underestimated the scope of the Russian reaction to Kosovo's separation from Serbia," Charles Kupchan, a senior fellow at the Council on Foreign Relations, said in a conference call."The Russians at the time said that they may well retaliate by stirring up trouble in Abkhazia and South Ossetia, and I think many people said, 'Well, that's going to be mostly talk.' In fact, they've gone ahead and done it."In addition to reasserting Russia's regional preeminence, the incursion into Georgia also demonstrated the United States' relative weakness.


Janusz Bugajski, author of a forthcoming book on Russia's relations with its neighbors, said Washington's lack of forceful response sends a chilling message to nations that had been relying on the U.S. to counter Russia's power.Russian Prime Minister Vladimir Putin "is demonstrating to the rest of the world that the United States is not the sole superpower any more. Or if it is, it's so stretched that it's not going to come to your aid," Bugajski said. "That weakens the U.S. position globally quite a bit."Even if the United States resists the idea, it's possible that a resurgent Russia is ready for a new geopolitical rivalry in which powerful countries compete politically and militarily."


I think it's not inappropriate to put this conflict in the context of a 'great game,' " Kupchan said. "There is still a battle going on for influence -- Western influence vs. Russian influence -- in the Caucasus and in the southern borderlands around Russia. And clearly I think as a result of this conflict Russia will probably feel that it has taken a step forward in maintaining a 'sphere of influence.' "

publicado às 17:14






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