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Este texto na imprensa, indicia algo de caninamente preocupante, especialmente quando a notícia de estupro, vem de quem se tornou numa potencial admiradora dos "uiquiliques". Que estranho final de ano de Centenário (ou talvez por isso mesmo, não).
Ainda não percebemos se se diz "viquiliques" ou "uiquiliques". Até agora, o chinfrim da roda-dentada dos media, chega pelos bons ofícios dos habituais círculos da teoria da "conspiração yankee-sionista" que além de devoradora de recursos naturais alheios, é perita em espiolhar vida intra e extra planetária. Cúmulo dos cúmulos, os americanos atrevem-se a tecer todo o tipo de considerações acerca de gente tão finamente cinzelada à Cellini, como os senhores Berlusconi, Putin, Sarkozy e sucedâneos mais ou menos cavaqueiros.
Foi uma farra ao estilo B.E. e pelos vistos, está a chegar ao fim. Sendo boas-novas provenientes de sectores da política e da finança norte-americana, espera-se sempre uma informação logicamente respeitante aos sucessos além fronteira, mencionando nomes e factos dignos de comentário por parte de diplomáticos croqueteiros enviados por Washington.
Voltando aos até agora risonhos devoradores de caviar, a tagarelice consistiu num apressado erro de cálculo, pois se à primeira vista, as compridas e afiadas línguas do Departamento de Estado involuntariamente comprometeriam a sempre atacada reputação da potência dominante, agora dá-se uma sensível mudança nas papilas gustativas.
Há uns dias, saíram novidades acerca de "dinheiros" do assunto da barragem de Cabora-Bassa. Pelos vistos, os libertadores também recebem saguates* e ficámos sem saber, se por cá alguém também beneficiou de "fundos perdidos ou compensatórios". Hoje, chega também a notícia do depósito da módica quantia de 9.000 milhões, na conta bancária do sudanês sr. Al-Bashir.
Mário Soares anda atento e não vá o diabo tecê-las, já cava trincheiras, dispõe da artilharia em losango e liga os radares, colocando o dispositivo defensivo em alerta máximo. Ao Público, declara que..."curioso é que tudo aquilo que se passa e tudo aquilo que se diz nada é contra a América, é tudo contra os outros”. Assim, num ápice, estes "expressos de fim de semana" começam a dar boa conta dos inerentes perigos que as espiolhadas informações poderão representar. Um dia destes, talvez teremos o prazer de ouvir o Dr. Almeida Santos, numa das suas proverbiais e digestivas sentenças edificantes, pós-jantarada com militantes. Com ainda mais uma posta de sorte, talvez até saberemos mais outras tantas inconfidências acerca deste alegado "co-irreponsável" do estado a que chegámos.
Afinal, tudo isto não passa de mais uma "pérfida, calculista e vergonhosa campanha dos agentes do imperialismo", enfim, da CIA. Sempre coerente e agora surpreendentemente alinhado naquilo que há uns dias aqui dissemos, Mário Soares não augura "que seja nada de muito bom”.
O problema é que por estas bandas, começamos a augurar que talvez seja algo de bom e talvez mesmo, algo de muitíssimo bom.
Como diria Soares, "õ cómance á dãcê uiquiliques!"
*Recompensa, "à moçambicana"
Os tradicionais amigos de gente tão recomendável como as famílias de Kim jong Il, Bashir el Assad e Castro, continuam na roda-viva das interpelações ao executivo, procurando tirar dividendos - quais? - acerca da não-questão WikiLeaks/Guantanamo. Tendo as suas preciosas vidinhas e propriedades garantidas pelo trabalho executado pelos "agentes do imperialismo", entretêm-se com artifícios que pretendem transformar em escândalo. Pois deviam ter a consciência de um certo silêncio popular que apenas quer dizer uma coisa: aprovação.
O povo português parece mais consciente da realidade deste mundo cada vez mais perigoso e assim, até poderíamos arriscar dizer, que a concordância com as medidas profilácticas da expansão do terrorismo que um dia nos poderá bater à porta, é total.
Quanto a questões diplomáticas, nada mais são senão isso mesmo, ou seja, assuntos que devem ser inacessíveis a roedores, "mitras" ou a rotweillers de peluche.
Hoje (ontem), numa aula de Mestrado, durante uma discussão a respeito da Wikileaks e dos documentos recentemente divulgados, em que eu defendia a necessidade do segredo de Estado, condenando a publicação destes documentos - que causa danos incalculáveis nas relações internacionais -, sendo a minha interlocutora uma jornalista, entendeu esta apelar ao princípio da utilidade. Perguntei-lhe qual a utilidade deste acto, já que os efeitos mais visíveis serão seriamente prejudiciais às relações diplomáticas dos EUA.
Perguntou-me ainda se eu "achava bem que os diplomatas tratassem Chefes de Estado naqueles termos". Respondi que um diplomata não pode estar sujeito a pensar que os telegramas que devem ser lidos apenas pelos seus pares e superiores hierárquicos na respectiva capital poderão ser publicados, pelo que tem o direito de se expressar como bem entenda.
A mesma replicou: "Então acha bem que se me apetecer eu vá ali para fora dizer que você é um anormal?". Limitei-me a sorrir e a dizer "esteja à vontade, já estou habituado, é algo que se faz muito aí por esses corredores".