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Já que estamos numa de comentadores a tempo inteiro nas TVs, com paleio previsível e tantos a recibos-rosa, penso que seria extremamente agradável ampliar o âmbito da questão. Onde está o cigano-comentador? Onde pára o bangladeshi a caminho da cidadania portuguesa? E o cabo-verdiano que já cá está há meio século? Não me lembro de ter visto um debate com indivíduos que são destinatários do (des)contrato social. Rousseau refere a participação dos destinatários da solução contratual na sua formulação — o que designa de volonté générale. Seria deveras educativo e interessante escutar aqueles contemplados por soluções governativas em relação às quais não têm direito de produção ou de voto. Certamente que terão opinião. Sim, este post é uma provocação para acicatar os ânimos e as razões daqueles que se dizem paladinos das garantias daqueles que vivem na república. Se a imigração e a perda da identidade nacional são temas quentes, seria muito elucidativo escutar os excêntricos para podermos tirar as medidas das ilusões, dos enganos e, de um modo mais importante, dos factos. O comentariado em Portugal é cinzentão e pouco ousado. Ainda remanescem uns dias para angariar matéria relevante que possa ser colocada a discussão para gerar controvérsia construtiva. Mas pelo andar da CP, as forças que fazem pouca-guerra ideológica parecem ser as mesmas que dominam a paisagem discursiva desde a fundação democrática de Portugal. É melhor ficarmos quietos. É preferível que não se mexam. Daqui não saio, daqui ninguém me irra. Quanto aos candidatos — muito gostam eles de ir ao bairro étnico ou visitar comunidades portuguesas no estrangeiro para demonstrar solidariedades diversas.