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Não faz muito sentido comentar as opiniões enviesadas dos "agora-sou-político-agora-sou-jornalista-de-causas-agora-sou-comentador-agora-sou-os-3-ao-mesmo-tempo", mas é difícil deixar passar em branco o comentário de Daniel Oliveira no Eixo do Mal acerca da pulverização do Bloco de Esquerda e do nojo deste partido face a uma possibilidade de governação partilhada com o PS.
"Acho que é fundamental neste momento de urgência pensar de uma forma diferente e agir de uma forma diferente do que é habitual! É preciso alguém que diga que não há mais cortes no Serviço Nacional de Saúde; que não há mais cortes na escola pública; que não há mais cortes no sistema de reformas; e nós então estamos preparados para dizer que nessas circunstâncias estamos disponíveis para participar numa solução de governação!".
Assim falou Daniel Oliveira no Eixo do Mal, sempre com o seu ar de pug zangado. Daniel Oliveira, assim como Rui Tavares, assim como Ana Drago, assim como João Semedo, assim como Francisco Louçã, assim como etc, etc, nunca negam a hipótese de um dia poderem fazer parte de uma solução governativa mas esta hipótese é sempre e apenas uma hipótese académica, não fossem as exigências inegociáveis sempre impossíveis de cumprir por um PS que, primeiro, sabe que a situação do país continua difícil e que talvez tenha mesmo de cumprir uma ou outra medida "inegociável" e, segundo, que conhece bem a natureza e a mentalidade da "verdadeira esquerda" sempre pronta a roer a corda e bater com a porta. Ah, terceiro, um PS que sabe que esta esquerda está cada vez mais pulverizada e fraca e, consequentemente, sem grande margem de negociação - será certamente mais tranquilo integrar nas listas do PS as prima-donas dissidentes do Bloco do que entrar em negociação com elas.
Em suma, Daniel Oliveira apela à necessidade de soluções novas mas não apresenta uma solução além do fim dos cortes. E, já agora, em nada se diferencia da esquerda habitual que não se cansa de criticar: diz querer negociar mas parte sempre de posições inegociáveis impossíveis de engolir por quem tenha os dois pés bem assentes na terra.