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Porque muitos de nós, comunicação social, blogosfera e intelectuais de café vivemos no reino do “quanto pior melhor”, quero deixar uma palavra de apreço por Paulo Macedo, actual Ministro da Saúde, a quem acho que o país deve alguns bons serviços. Vou até mais longe acrescentando que se possível fosse clonaria Paulo Macedo e colocaria cada um dos clones em alguns ministérios. Muito se falou do tratamento da hepatite C e dos seus custos, tendo inclusivamente o país vibrado com o apelo de José Carlos Saldanha que para as TVs pediu “Senhor Ministro, não me deixe morrer!!”. Ficou a eloquência do pedido de quem tinha 80% de probabilidades de morrer dentro de um ano, não se falou muito do facto deste doente ter por várias vezes recusado o tratamento através de interferon, o medicamento que durante muito tempo foi o único tratamento no mercado para tratamento da doença - com diversos efeitos secundários e moderadas garantias de eficácia. Portugal foi o primeiro país da UE a comparticipar a totalidade do novo medicamento da Gilead contra a Hepatite C e a introduzi-lo no mercado. O custo deste para o Estado Português, dizem os entendidos, foi bem negociado, tendo o acordo com a farmacêutica fixado que o tratamento seria pago por doente curado. A semana passada encontrei-me com um dos meus amigos mais próximos, que de há muitos anos a esta parte era portador do vírus da Hepatite C, numa estirpe particularmente agressiva e, pior, com uma carga viral elevada, o que a prazo aumentaria dramaticamente a probabilidade de mais tarde padecer de cancro no fígado ou de cirrose. Encontrei-o e estava feliz da vida porque 20 dias antes tinha começado a tomar o novo medicamento e, de acordo com as análises feitas poucos dias antes, o vírus tinha sido erradicado do seu organismo. Estava curado. Cura fulminante. Qualquer um estaria certamente muito contente. Disse-me então que este mérito de Paulo Macedo devia ser louvado, Ministro este que em tantas ocasiões foi o saco de dar pancada preferido de tanta comunicação social. Tiro-lhe o chapéu.