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...foi franqueada pelo incensado senhor Erdogan. Farto de ver o seu nome enlameado pela catadupa de alegações em torno de assuntos bastante turvos, já se esqueceu daquilo que durante anos tentou fazer passar como verdade insofismável: o seu movimento islamita era coisa talhada "à imagem dos democrata-cristãos europeus". Por outras palavras, ali teríamos uma tardia imitação de Adenauer, De Gasperi, ou, dadas as suspeições que se avolumam acerca de intuitos de expansão da influência regional, um Helmuth Kohl.
Tudo tem servido para justificar a apresentação da candidatura turca à U.E. Há uns anos, Kadhafi dizia que a Turquia seria o Cavalo de Tróia muçulmano na Europa, mas para a gente com as circunvoluções cerebrais minadas por cifrões, taxas cambiais, empreendedorismo, "liberdade de circulação de pessoas e bens" e outros argumentos a que nos habituámos, o Sr. Erdogan representa "a legítima herança do Império Romano do Oriente". Está-se mesmo a ver. Os problemas nas margens do Mar Negro continuarão durante mais algum tempo e a ninguém estranhará uma coordenação turco-americana naquela região, coisa já bastante visível no norte da Síria. Quanto à Europa, há quem pouco se interesse com o médio prazo, pois o que importa é o mercado, o bazar.
Já podemos imaginá-lo a emular o grande sultão Mehmet II, entrando a cavalo em Santa Sofia. Para adequar a imagem aos nossos dias, a Erdogan bastaria chegar de Mercedes ao Reichstag, fazendo substituir a águia pelo crescente na tricolor alemã. Coisa impossível, claro.