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No seguimento da nossa decisão de retirar o Estado Sentido do concurso Blogs do Ano, fomos contactados pela presidente do júri, Helena Forjaz.
Para além de ter ficado esclarecida a situação que relatámos sobre as entrevistas concedidas ontem num evento promocional da Media Capital/TVI, que terá ficado a dever-se a um mal-entendido, a presidente do júri explicou-nos também a dificuldade que os jurados tiveram no que diz respeito à decisão de incluir o blog Poupadinhos e com Vales na categoria de Política, Economia e Negócios.
Tendo-nos sido pedido para reflectirmos sobre a nossa decisão, decidimos mantê-la, essencialmente porque, como escrevemos no nosso primeiro post a este respeito, Não entendemos e não nos conformamos com a inclusão, nesta categoria, de um blog que não se consubstancia numa identidade crítica e intelectual, que nem sequer cultiva o primado da narrativa escrita, que não cria conteúdos próprios e que apenas se restringe à promoção da sua actividade mercantil. Sem desprimor pelas virtudes do blog Poupadinhos e com Vales, que exulta virtudes próprias, não nos parece equitativo que um blog desta natureza possa estar presente nesta categoria. Tratar-se-á de um blog que é um negócio e não um blog sobre negócios. São dimensões distintas que não foram levadas em conta e que ferem o esforço intelectual e literário de tantos blogs de índole política ou económica.
Para finalizar, permitam-nos registar publicamente o nosso agradecimento ao júri por nos ter nomeado e à presidente do júri pela simpatia e amabilidade que teve para connosco. Gostaríamos ainda de afirmar que nada nos move contra a Media Capital/TVI, com quem cultivamos as mais cordiais relações, não sendo despiciendo referir a nossa participação no saudoso Combate de Blogs, programa emitido há alguns anos pela TVI24 e cujo eventual regresso seria saudado pela blogosfera lusa, em especial a que trata de temas ligados à política e à economia.
No seguimento do nosso último post a este respeito, bem como de um evento promocional do concurso Blogs do Ano, que teve lugar ontem no CCB, decidimos retirar-nos desta competição. Aqui fica a cópia do e-mail que enviámos à Media Capital:
Exmos(as). Senhores(as),
Vimos pela presente solicitar a imediata remoção do blog Estado Sentido da 1ª Edição do concurso Prémios Blogs do Ano TVI/Media Capital.
Não podemos pactuar com um conjunto de factos que ferem a idoneidade deste certame. A saber:
1. A inclusão do blog Poupadinhos e com Vales na categoria Política, Economia e Negócios quando o mesmo não é um blog sobre negócios mas um blog que é um negócio com uma base de seguidores/consumidores não equiparável ao número de leitores/visitantes de um blog convencional como o nosso ou o dos nossos outros colegas a concurso na mesma categoria – assunto que já abordámos há dias num outro post.
2. O tratamento preferencial em sede de comunicação social concedido ao blog Poupadinhos e com Vales, assim como a outros blogs “escolhidos”, que foram entrevistados no contexto de um evento promocional do concurso que teve lugar no dia 28 de Setembro no CCB, tendo os representantes do Estado Sentido sido informados que não seriam entrevistados outros blogs para além dos incluídos numa lista estabelecida pela TVI.
3. A não acreditação dos bloggers no acima referido evento por forma a que pudessem ser identificados, o que conduziu a que apenas os já conhecidos pela TVI fossem abordados e entrevistados.
4. A asserção clara e inequívoca de que uma série de juízos e preconceitos estarão a condicionar o processo electivo deste concurso.
Assim sendo, e em nome da transparência, da equidade, do mérito e da objectividade crítica e intelectual que seria expectável numa competição de blogs, o Estado Sentido pretende distanciar-se dos valores em causa neste concurso, pelo que nos retiramos do mesmo.
A 19 de Setembro foram anunciados os finalistas nomeados para os Prémios Blogs do Ano, iniciativa promovida pela TVI e Media Capital.
O Estado Sentido foi um dos escolhidos para integrar o lote restrito de apenas 4 blogs, de entre milhares, na categoria de Política, Economia e Negócios, onde se encontram também o Aventar, o Lewis e o Poupadinhos e com vales.
Segundo o que os Prémios Blogs do Ano publicaram no seu site, a categoria em causa "engloba os blogs que falem/comentem assuntos ligados a política, economia ou mundo dos negócios e empresas". Naturalmente, compreende-se a inclusão do Aventar e do Estado Sentido, porquanto são, efectivamente, blogs que discorrem sobre assuntos ligados à política e à economia. Compreende-se também a inclusão do Lewis, um blog que, dedicando-se ao marketing, à comunicação e às relações públicas, acaba por estar relacionado com o mundo dos negócios e das empresas.
Mas é, de facto, incompreensível a inclusão nesta categoria de um blog como o Poupadinhos e com vales, que se limita essencialmente a fazer publicidade a vales de desconto e promoções, sem qualquer esforço intelectual para comentar assuntos ligados à política, economia, negócios e empresas.
Não podemos deixar de manifestar algum espanto e indignação pelo critério adoptado pelo júri. Não entendemos e não nos conformamos com a inclusão, nesta categoria, de um blog que não se consubstancia numa identidade crítica e intelectual, que nem sequer cultiva o primado da narrativa escrita, que não cria conteúdos próprios e que apenas se restringe à promoção da sua actividade mercantil. Sem desprimor pelas virtudes do blog Poupadinhos e com Vales, que exulta virtudes próprias, não nos parece equitativo que um blog desta natureza possa estar presente nesta categoria. Tratar-se-á de um blog que é um negócio e não um blog sobre negócios. São dimensões distintas que não foram levadas em conta e que ferem o esforço intelectual e literário de tantos blogs de índole política ou económica.
O Tony Carreira é bom, mas não pode estar em competição com Plácido Domingo. Não se misturam alhos com bugalhos, ou melhor, não se deveriam misturar. É que o público alvo dos blogs que efectivamente tratam de temas relacionados com política, economia e negócios é visceralmente diferente daquele que procura obter vales de desconto e promoções, sendo ambos igualmente meritórios. Mas o que é certo é que são diferentes, brutalmente diferentes. Diferentes ao ponto de os blogs de política, economia e negócios mais célebres em Portugal terem, no seu auge, visitas diárias na ordem dos 1.000 a 5.000 visitantes e, por exemplo, blogs como o Poupadinhos e com vales ou A Pipoca Mais Doce ou, ainda, Visão de Mercado, terem, no mesmo período, mais de 10.000 visitas diárias.
Assim, lamentavelmente, o Estado Sentido, bem como outros parceiros de competição, encontra-se numa situação de clara desvantagem perante um blog que, tendo o seu mérito, em nada se enquadra numa categoria que pretende premiar os blogs que comentem assuntos ligados à política, economia, negócios e empresas.
Se o objectivo da TVI e da Media Capital consistia em promover e premiar blogs que são em si um negócio e que não contribuem para o debate político, poderia ter sido criada uma categoria para o efeito, ou uma categoria denominada “Outros”, onde pudessem estar blogs que não se enquadravam em nenhuma das categorias a concurso.
Somos uma entidade sem fins lucrativos, a não ser que consideremos as mais-valias que advêm do grande debate a que nos propomos em nome do desenvolvimento de Portugal. Somos contribuintes líquidos para o processo de pensamento a que este país está obrigado. Não somos mercadores de opiniões alheias nem temos lucros a reportar. O desnível dos números que se regista é avassalador e provoca a diluição da relação competitiva que se desejava saudável e justa. A autenticidade, a dimensão de um blog, as referências e a sua relevância são critérios válidos desde que a disciplina conceptual seja observada. Ora nesta competição que ainda corre, os desequilíbrios formais e substantivos não passam despercebidos pondo em causa a idoneidade dos organizadores, dos jurados e dos próprios blogs a concurso.
Não apreciando o estilo e discordando, na esmagadora maioria dos casos, do conteúdo das intervenções de Daniel Oliveira, acredito que neste artigo ele tem, num ponto, razão.
Após os lamentáveis e relativamente infantis ataques que faz aos assessores de Pedro Passos Coelho, fruto, antes de mais, da sua natural intolerância relativamente a posições ideológicas divergentes daquela que defende (característica partilhada pela larga maioria das luminárias de esquerda), levanta uma questão de extraordinária pertinência.
É absurdo que o Governo Português ande a defender os interesses Alemães ao invés dos interesses Portugueses.
É inaceitável que um Secretário de Estado dos Assuntos Europeus venha, na Grécia, de todos os sítios, recusar "... a ideia de uma união de esforços a sul - nomeadamente entre os países intervencionados, mas contando também com a Itália ou a França.", dando sinais graves de "... falta de "solidariedade" com os países da União que defendem um caminho diferente do da Alemanha."
Já estava na altura de entendermos de uma vez por todas que na cena internacional não há, salvo raríssimas excepções, "amigos", e mesmo estes não sacrificam os seus interesses próprios pelos nossos.
A Alemanha está, como é normal e razoável a um Estado soberano, a zelar pelos seus próprios interesses, não pelos interesses de um projecto politico indefinido, de futuro incerto, que padece de inúmeros problemas para os quais ainda não se advinha solução satisfatória (apesar de já ter tido mais que tempo suficiente para perceber que os seus interesses próprios estão intimamente ligados com a sobrevivência do referido projecto), e muito menos pelos interesses de países terceiros.
Ora nós, se alguma coisa devíamos estar a promover activamente é uma alternativa à "Solução Germânica" para a crise do Euro.
Devíamos aliar-nos, não apenas aos países intervencionados de forma declarada (Grécia e Irlanda), aos países intervencionados de forma "discreta" (Espanha), e aqueles em sérios riscos de virem a ser intervencionados no relativamente curto prazo (Itália e França), mas também a outros que, não estando necessariamente com défices insustentáveis ou com as finanças públicas à beira da hecatombe, têm outros motivos para querer ver enfraquecida a posição Alemã e retirar-lhe das mãos as rédeas da condução europeia, processo que tem conduzido de forma calamitosa (Reino Unido, Polónia, República Checa e Luxemburgo, por motivos diferentes, vêm-me à mente).
Ao invés, alienamos aqueles que seriam os nossos naturais aliados nesta situação, que defendem interesses convergentes com os nossos, e vamos professando, de forma acéfala, abjecta, contrária aos nossos interesses e ao mais elementar bom senso, a nossa adesão à "Solução Germânica" para os problemas económicos, financeiros e políticos Europeus.
Qualquer dia o Parlamento Europeu muda-se para Berlim...
Frederico Pimentel
No passado Sábado, dia 16 de Março, na Faculdade de Direito de Lisboa, e durante uma pluviosa manhã, mais de 2000 cidadãos portugueses participaram na primeira prova do concurso externo de ingresso na carreira diplomática, a prova de Cultura Geral.
Esta primeira prova consistia num teste escrito em formato de escolha múltipla, que abrangeu variadíssimas temáticas, tais como: o ADN, a batalha de Alfarrobeira sob estranhos pontos de interesse, as acções familiares de Filipa de Vilhena, qual o planeta por onde passaríamos se viajássemos da Terra até Urano pelo caminho mais curto, o que é um amigo do alheio, o que significa ser uma pessoa prognata, o que foi o “estilo chão”, o que é um cefalópode, quem é que não tem ascendência portuguesa conhecida, quem realizou o “Pai Tirano”, qual é a raiz quadrada de 3.141, o que eram os Guelfos e, ainda, uma pergunta sobre Rousseau que envolvia averiguar um romance conhecido deste autor – sendo todas as opções de resposta algo obscuras a quem procuraria responder pelo ponto de vista relevante a este tipo de prova: o da filosofia política.
Tratemos objectivamente a situação: um concurso público para uma determinada carreira visa perfilar candidatos com potencial para a mesma através das suas diversas fases, e deve, por conseguinte, adequar todas as suas provas a esse objectivo. Esta prova de nada serviu a esse objectivo essencial. Aliás, como podemos ver por alguns dos exemplos, muitas foram as questões que ocuparam espaço que devia ter sido atribuído a questões bem mais relevantes ao perfil de um potencial diplomata.
Por exemplo, pesou a ausência de datas de tratados internacionais, sobre o que estes eram e, até, nomes dos mais relevantes à estruturação do sistema internacional como hoje o conhecemos. Bastariam umas curtas questões sobre dados históricos que são essenciais a provar que o cidadão em teste é de facto sequer adequado ao concurso a que se propõe, mas infelizmente estiveram largamente em falta.
Em termos de temáticas que edifiquem de facto a cultura de uma pessoa, e que são relevantes à definição do próprio conceito de cultura, sentiu-se a dor de um vácuo no que concerne a perguntas sobre o Renascimento, História da Fundação de Portugal, História do Estado, Geografia a sério (apenas duas questões do mais trivial possível), Etiqueta, grandes peças e impulsionadores na área da Música (nem os movimentos pré-modernos foram abordados) e o mesmo repete-se no mundo da Arte com as grandes escolas e vanguardas em absoluta falta, e, ainda, apenas constaram duas perguntas que procuravam de facto revelar o conhecimento sobre Literatura do candidato. Diga-se, ademais, que as que estavam presentes em nada testavam a cultura geral do candidato sobre Literatura Universal, a História da mesma e os grandes movimentos que a compuseram.
Em termos específicos a área de Relações Internacionais e Geopolítica foi largamente ignorada. Claro está, essa fase será tratada nos testes de conhecimento, mas de forma muito limitada dado o procedimento sobre esses testes e o facto deste pecar por não constituir um complemento mais desenvolto de algo prévio: nomeadamente um teste de cultura geral que testasse conhecimentos elementares sobre estas áreas, provavelmente as mais relevantes a um potencial diplomata.
Antiguidade Clássica, Judaísmo e Cristianismo, Império Carolíngio, Fundação de Portugal, a Guerra dos 100 anos e a Crise de 1383-85 e o estabelecimento da Aliança Luso-Britânica, a Ínclita Geração e os Descobrimentos, Conquista de Ceuta, o Renascimento, a Reforma e Contra-reforma, a Guerra dos 30 Anos, a Restauração e a política externa portuguesa, a luta pela hegemonia na Europa, a Paz de Vestefália e os Tratados de Osnabrück e Munster, o Tratado de Utrecht, a Guerra dos Sete Anos, Frederico II e a Prússia, o despertar da Rússia europeia, as Revoluções Inglesa, Americana e Francesa, o Iluminismo e Pombal, o Império Napoleónico, o Congresso de Viena e a Santa Aliança, 1830, 1848, a ascensão dos nacionalismos, a abolição da escravatura, a Guerra Franco-Alemã, Bismarck, Congresso de Berlim, a Restauração Meiji, a corrida para África e os ultimatos (Lisboa e Fachoda), a rivalidade Russo-Japonesa, a Belle Époque e Sarajevo, a I Guerra Mundial, os 14 pontos de Wilson e a auto-determinação, a Paz de Versalhes, a criação da SDN, a Revolução Soviética, a Conferência Naval de Washington, o crash bolsista de 1929 e a ascensão dos totalitarismos, o militarismo japonês, a Guerra Civil de Espanha (1936-1939), a conquista italiana da Abissínia (1936), o Pacto de Aço (eixo Roma-Berlim), a crise dos Sudetas, o pacto Germano-Soviético, a Conferência do Atlântico, a era atómica, a criação da ONU, da NATO e do Pacto de Varsóvia, a Guerra Fria, o advento da China maoísta, o conflito Coreano, a Conferência de Bandung, os Tratados de Roma, a crise dos mísseis de Cuba, a descolonização, as guerras israelo-arábes, os conflitos no sudeste asiático e Kissinger, o choque petrolífero, os Tratados SALT, a Revolução de 1974 e o novo enquadramento internacional de Portugal, a Conferência de Helsínquia, a Revolução Iraniana, a era Reagan e Thatcher, a invasão do Afeganistão, o Solidariedade e o desmoronar do bloco soviético, Glasnost e Perestroika, a Queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, as Guerras do Golfo, Fukuyama e O Fim da História e Huntington e o Choque de Civilizações, os PALOP, a CPLP e a independência de Timor, a ascensão do islamismo, o 11 de Setembro, o declínio do Ocidente e a ascensão dos BRIC e a crise financeira, entre outros elementos da História da Humanidade e da actualidade, foram esquecidos neste teste. Ao invés, tivemos questões como aquelas com que começámos este post, entre outras mais bizarras e/ou mais rebuscadas e obscuras.
Desta forma, aqui graciosamente deixamos algumas sugestões para num futuro exame procederem a uma liminar selecção de candidatos com vocação e perfil para servir a diplomacia nacional.
Julgamos que o teste de Sábado passado não se coaduna com o propósito de selecção num dos mais importantes concursos públicos para o Estado Português, a sua projecção, a sua continuidade e a sua influência, sendo esta, contudo, uma situação facilmente ultrapassável. Estes considerandos respeitam tão-somente às matérias a avaliar, embora não seja despiciendo referir as dúvidas levantadas pela generalidade dos examinandos no concernente à perfeita identificação dos mesmos e da autoria dos correspondentes testes entregues.
João Teixeira de Freitas
Nuno Castelo-Branco
Samuel de Paiva Pires
No próximo dia 21 de Fevereiro, será inaugurado o monumento Sala Thai, excepcional honra concedida a Portugal pelo Reino da Tailândia. No âmbito da celebração dos 500 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, a Casa Real tailandesa será representada ao mais alto nível pela Princesa Maha Chakri Sirindhorn que no protocolo daquele Estado, substitui Sua Majestade o Rei Bhumibol Adulyadej.
As relações de Portugal com aquela potência asiática, situadas no quadro da viragem da política mundial que se vai centrando no âmbito das margens do Pacífico, revestem-se hoje de uma extrema importância, facto que o Palácio de Belém não poderá ignorar. Seria desejável a máxima representação do Estado naquela cerimónia que dentro de poucos dias decorrerá em Belém, mas existem informações absolutamente fidedignas acerca de mais uma não-presença presidencial naquele acto. A Chefia do Estado é antes do mais representativa e protocolar, assim se entendendo o seu alegado caracter supra-partidário e simbólico. Embora reconhecendo-se a quimera deste distanciamento numa forma de representação republicana cujos limites são bem conhecidos, a Presidência da República deveria esforçar-se por entender o peso de uma história que conta perto de um milénio. Marcando sempre posição em qualquer reunião empresarial ou do restrito mundo da plutocracia de elite, a Presidência da República tem ignominiosamente descurado os seus deveres protocolares, precisamente aqueles que não se compadecem com crises económicas ou apetites de sector, seja este político ou financeiro.
Sabemos que o Ministério dos Negócios Estrangeiros procedeu a diligências no sentido de proporcionar a máxima dignidade ao acto. Quando do planeamento da visita da Princesa Sirindhorn, causa estranheza não ter sido prevista uma visita real à iniciativa mais relevante no âmbito das comemorações do V Centenário. Encontrando-se patente na Biblioteca Nacional de Lisboa a importante exposição documental alusiva às relações entre Portugal e a Tailândia, o Estado deveria ter incluído uma visita à mesma.
O Portugal de sempre estará representado nesta excepcional honra que o Reino da Tailândia presta ao seu mais antigo aliado europeu. Na pessoa de S.A.R. o Duque de Bragança, o sucessor do Rei D. Manuel I que há cinco séculos com o Rei Ramathiboti II iniciou as relações luso-siamesas, o nosso país em Belém terá o seu representante legítimo e livre de peias, temores ou más disposições de circunstância.
Samuel de Paiva Pires
Nuno Castelo-Branco
The Alliance of European Conservatives and Reformists published a brief article on the recent statements by German politicians on Portuguese political decisions, with a reference to our letter:
«Martin Schulz and Angela Merkel have angered the Portuguese authorities in recent days with their comments about the actions of Portuguese officials. In a debate in Brussels' Solvay Library on 1st February, Schulz, President of the European Parliament, criticised the Portuguese Prime Minister's trip to Angola in November 2011, saying, “That is the future of Portugal, a decline, also a social danger for people, if we do not understand that economically, and above all with our stable democratic model together with our economic stability, we will only stand a chance within the framework of the EU”. The debate was aired on German television channel Phoenix on Sunday night. Nuno Melo, Partido Popular MEP, said that Mr Schulz's comments revealed "ignorance and prejudice".
Watch the video of Schulz's comments here (at the bottom of the page).
At a lecture given in Berlin on Tuesday, the German Chancellor criticised the Portuguese application of EU structural funds in Madeira. She said,“Those who have been to Madeira can see where the European structural funds were applied. There are plenty of nice tunnels and motorways, but that didn’t contribute towards increasing competitiveness“. Meanwhile, German finance minister Wolfgang Schäuble was filmed in conversation with Portuguese finance minister Vítor Gaspar hinting at a second Portuguese bailout.
Three Portuguese bloggers, a political scientist and two historians, have reacted to these comments with 'An open letter to Europe', highlighting the double standards and hypocrisy of Merkel and Schulz's comments.»
When Mrs. Merkel was elected German Chancellor, she saw her predecessor Gerard Schroeder leaving for a profitable position provided by the questionable Russian democracy. Gas was the motive of that influence peddling and Europe is now at the mercy of Mr. Putin. Chancellor Merkel travels to China and Portuguese-speaking African countries. For clearly commercial purposes, Mrs. Merkel goes to Brazil and other South American countries, some of which are democracies that strangely resemble the Bonapartist model. Never mind the ethical arguments, because the business world does not stop at trifles, especially if Mercedes Benz or any other large German company can charge attractive dividends by exchanging technology for cash.
The CDU-SPD duo in the persons of Merkel and Schulz does not have a centennial historical memory that could allow them to look with some caution at the relations that a country like Portugal, nine centuries old, has established for over half a millennium with other continents. When the Portuguese arrived in China, the geographical expression of Germany lived fratricidal religious wars and its hundreds of micro-states were fighting for tiny portions of land, a piece of river that could offer a slight advantage over the others. All this in a framework of an illusory I Reich destroyed two hundred years ago by another European project, undoubtedly as imperial as the one some now seem to desire. France, that now follows Berlin’s purposes, had its brief moment of glory for a decade – actually undermined in Portuguese territory, where together with its traditional British ally Portugal fought and won for true freedom in the Europe of nations. Germany itself, the recent creation of just over a century, benefited from this Luso-British sacrifice, hearing the birth of its national consciousness in the bells tolled in Lisbon, Rio de Janeiro and London’s victory celebrations.
Portugal has its own foreign policy, not depleted in mere accounting exercises or transfers of funds. Unlike twenty-five other states of the European Union, our language, just like English, is spoken in four continents, the very ones that today's German businessmen and politicians ambition having as business partners. Portugal can, should and must participate in this effort to modernize and diversify its economy, which unlike Germany, will further complement the existing deep cultural relations with Africa, Asia and America. Never have the Portuguese allowed the imposition of Continental Blockades, free trade prohibitions or outrageous limitations of its sovereignty. The communitarian Europe that Portugal joined was the one that existed in 1985, very different in purposes and fundamentals from the Europe that some want to impose nowadays, countering the national sovereignties and identities and forgetting that only these allow for the international expression of the different peoples’ wills, formulated through the democratic institutions where they feel truly represented. It is through the plurality of belongings and the diversification of external relations that European states can best contribute to fulfil the Universalist vocation of the European Union in face of the challenges posed by globalization.
Germans must be warned of the dangers arising from the ignorance and adventurous spirit of their unconscious leaders. This is certainly a task for one of the three oldest countries in the Old Continent, precisely the one that has made Europe known to the world.
Nuno Castelo-Branco
Samuel de Paiva Pires
Quando chegou à Chancelaria alemã, a Sra. Merkel viu partir o seu antecessor Gerard Schroeder para um rendoso posto proporcionado pela discutível democracia russa. O gás foi o móbil desse tráfico de influências e a Europa está hoje à mercê do Sr. Putin. A Chanceler Merkel viaja para a China e países africanos de expressão portuguesa. A Sra. Merkel chega em visita de contactos claramente comerciais ao Brasil e outros países sul-americanos, alguns dos quais são democracias de estranho recorte bonapartista. Pouco importam os argumentos éticos, pois o mundo dos negócios não se compadece com ninharias, especialmente se a Mercedes Benz ou qualquer outra grande empresa alemã, puder facturar apetitosos proventos na permuta de tecnologias por dinheiro vivo.
O duo CDU-SPD nas pessoas de Merkel e Schulz, não possui aquela memória histórica secular que lhes permita olhar com alguma circunspecção, as relações que um país como Portugal, antigo de nove séculos, foi estabelecendo já há mais de meio milénio com outros continentes. Quando os portugueses chegaram à China, a expressão geográfica da Alemanha vivia fratricidas guerras religiosas e os seus centos de micro-Estados lutavam por uma nesga de terra, um monte, um pedaço de rio que pudesse oferecer uma pequena vantagem em relação aos demais. Tudo isto no quadro de um ilusório I Reich destruído há duzentos anos por outro projecto europeu, sem dúvida tão imperial como aquele que hoje alguns ambicionam. A França que agora segue na senda dos desígnios de Berlim, teve o seu curto momento de glória por uma década, aliás posta em causa no solo deste pequeno país que em conjunto com o seu tradicional aliado britânico, lutou e venceu pela verdadeira liberdade da Europa das nações. A própria Alemanha, criação recente de pouco mais de um século, beneficiou desse sacrifício luso-britânico, ouvindo nos sinos que repicavam em Lisboa, Rio de Janeiro e Londres na celebração da vitória, o nascimento da sua consciência nacional.
Portugal possui uma política externa própria, não se esgotando esta em meros exercícios de contabilidade ou de transferência de fundos. Ao contrário de vinte e cinco outros Estados da União Europeia e tal como o Reino Unido, a nossa língua é falada em quatro continentes, precisamente aqueles que hoje os empresários e políticos alemães ambicionam ter como parceiros de negócios. Portugal pode, deve e tem de participar nesse esforço de modernização e diversificação da sua economia que ao contrário da Alemanha, será mais um complemento nas profundas relações culturais existentes com a África, Ásia e América. Jamais os portugueses permitiram a imposição de Bloqueios Continentais, proibições do comércio livre impostas por terceiros ou afrontosas limitações da sua soberania. A Europa comunitária a que o nosso país aderiu é a existente em 1985, bem diversa nos fundamentos e nos propósitos que aquela que hoje alguns querem impor ao arrepio das soberanias e identidades nacionais, esquecendo que só estas permitem a expressão internacional das vontades dos diferentes povos, formuladas através das instituições democráticas onde se sentem verdadeiramente representados. É através da pluralidade de pertenças e da diversificação de relações externas que os estados europeus melhor podem contribuir para a realização da vocação universalista da União Europeia em face dos desafios impostos pela globalização.
Há que alertar os alemães para os perigos decorrentes da ignorância e espírito aventureiro dos seus inconscientes dirigentes. Esta é uma missão que decerto compete a um dos três países mais antigos do Velho Continente, precisamente aquele que deu a conhecer a Europa ao resto do mundo.
Nuno Castelo-Branco
Samuel de Paiva Pires
A propósito deste post do nosso colega João Gomes de Almeida, parece-nos de elementar justiça repor a verdade acerca da actual situação da Causa Real, organismo que cumpre actuar como braço político da Casa Real, através da coordenação das muito autónomas Reais Associações existentes em todo o país. Como nos é dado observar (podem consultar as actividades mais recentes aqui), neste início de mandato a recém empossada Direcção procura conhecer as realidades de cada uma das R.A., naquela inicial abordagem que permitirá no futuro mais próximo, uma melhor coordenação a nível nacional.
Não contando a Causa Real com qualquer tipo de renda ou subsídio, bem ao contrário das organizações políticas que disputam o poder executivo, cumpre aos seus dirigentes assumir às próprias expensas, os necessários montantes para as iniciativas a que se propõe, enquanto não atraem um consistente grupo de mecenas, um objectivo há muitos anos perseguido e que sabemos constituir uma prioridade para o curto mandato desta.
Esta é a verdade. Não sendo um partido político, a Causa sobreviveu à 1ª República e tentativas de aniquilamento pela violência. Sobreviveu à 2ª República e ao intento de domesticação que o regime pretendeu. Tem sobrevivido à descarada censura praticada pelos senhores desta 3ª República. A teimosia deve-se à certeza da nossa razão e esta, já é antiga de cinco gerações. A Causa Real existe desde os caóticos e nefastos tempos da 1ª República e todos os regimes, opressões e tentativas de silenciamento tem ultrapassado, pela vontade e abnegação - por vezes de forma mais expressiva - dos seus dirigentes. Essa é a verdade inegável.
Como muito bem afirmou Miguel Esteves Cardoso, a Causa Real é o maior e mais antigo movimento de resistência no nosso país.
Em virtude da demissão de Paulo Teixeira Pinto, foi empossada há um mês no congresso do Porto uma nova Direcção que termina funções daqui a um ano. Ao que nos é dado observar, durante estas semanas, em claro prejuízo das famílias dos dirigentes e do próprio e merecido descanso, esta direcção já visitou um bom número de Reais Associações espalhadas pelo território nacional com o objectivo de fazer um levantamento de necessidades e sensibilidades para as novas propostas a apresentar. Esta fase de trabalho não é visível nem espectacular, mas tem como fim um maior conhecimento do terreno que permita uma reorganização verdadeiramente eficaz.
Diminuir o esforço da Direcção que ao que sabemos assumiu um ambicioso programa de acção, é uma injustiça que deve ser corrigida. Urge apelar à colaboração e empenhamento de todos os inscritos nas Reais Associações, pertençam eles a que Partidos pertencerem. O facto é que nunca como hoje existiram tantas novas filiações nas R.A., esta é a verdade que a muitos incomoda. De resto, os balanços, críticas e candidaturas são estimulados e bem vindos no contexto das instâncias próprias dentro dos estatutos da organização, cujo próximo congresso (por sinal electivo) decorrerá em 2012.
A Causa Real deverá ser uma união de vontades e verificando-se um até há pouco inesperado reacender da ideia da Monarquia Portuguesa, há que conjugar esforços. Todas as diferenças não serão obstáculo para aquilo que a todos nos une, o supremo interesse de um país que quer continuar a ser independente nestes conturbados tempos.
Pelo Estado Sentido,
Samuel de Paiva Pires e Nuno Castelo-Branco