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Visitas e doutores

por Nuno Castelo-Branco, em 08.07.14

 

I

1. Enxurradas de banalidades e muita pata no chinelo, eis os comentários dos "pivôs" televisivos durante toda a visita dos reis de Espanha. Ignorância crassa - datas históricas e relações familiares, formas de tratamento, total desconhecimento das personalidades que iam surgindo  no decorrer das cerimónias - é a nota determinante de todas as reportagens protagonizadas pela nossa comunicação social, inevitavelmente acompanhada pelos remoques miserabilistas quanto a carros, protocolo e "gastos (g)astronómicos de uma Corte" que recebe um orçamento muito inferior àquele outorgado à grandiosa e merecedora presidência portuguesa. A propósito, em Espanha e ao contrário daquilo que temos em Portugal - a Corte de comendadores republicanos e três ex ainda à conta -, não existe Corte. Numa hora feliz, João Carlos I seguiu os conselhos da sua avó, a rainha Vitória Eugénia.

 

Em Belém, a bagunçada do costume, com gente em contínuo flanar diante das câmeras de tv, "entras e sais" dos salões e semblantes atarantados, puxões pelo braço de fulano e sicrano, jornalistas apinhados e em confusão com as personalidades do Estado e a rampa de acesso ao pátio de recepção atravancada com very expensive indeed sucata a prazo.

 

A mulher do Sr. Cavaco Silva a languçar detrás do reposteiro, foi talvez a melhor imagem daquilo que o cerimonial republicano é: zero.

 

2. Em Queluz, mostraram-nos algumas imagens da coisinha que a televisão anunciou ser um "espectáculo equestre" - onde? Não vi! - protagonizado por alguns cavaleiros que se passeavam pelas áleas do jardim do palácio. Compondo o quadro, a mesma barafunda de gente que se atropelava diante dos soberanos e do casal presidencial, atestando aquele flagrante contraste com tudo o que ainda há poucos dias vimos na proclamação de Filipe VI. Na bicha para os cumprimentos  esteve o cada vez mais carcomido Balsemão, o tal amigo que aos seus moleques mediáticos permite todos os dislates no que respeita ao denegrir da Monarquia espanhola. A esposa - os pirosos assim chamam às respectivas mulheres - com nome de veículo alemão ao serviço do nosso regime, também lá foi. Curiosamente, ainda foi possível ver a filha presidencial, mas se o genro "do Pavilhão Atlântico"compareceu, isso foi um não-acontecimento que passou despercebido.

 

Para grande espanto de um galináceo que comentava em directo, D. Duarte e D. Isabel tiveram dos reis de Espanha um tratamento diferente, ..."com direito a beijinhos, pois a avó de D. Filipe era tia do Duque de Bragança". Era? Talvez dans ta tête, mas ficas à vontade para nos explicar, pequena. A menos que  estivesses a referir-te ao lato conceito que nalguns meios se tem da palavra tia. De qualquer forma, erraste por pouco, pois talvez pretendesses dizer primos (através de D. Manuel I, Filipe IV, Luís XIV e XV, Leopoldo I, Maria Teresa de Áustria, Carlos IV e Luís Filipe I, entre muitos outros antepassados).

 

Sintomática é a insistência dos nossos jornalistas em chamar pel'...o Filipe e pel'...a Letícia, para logo depois puxarem a atenção à D O U T O R A  (sobem os decibéis) Maria Cavaco Silva e ao facto de pela PRIMEIRA VEZ (sobem os decibéis) os espanhóis terem um monarca L I C E N C I A D O (sobem os decibéis) e COM ESTUDOS (sobem os decibéis). Incansavelmente repetiram licenciaturas e doutores uns quinhentos biliões de vezes, pois como se sabe, por regra todos os monarcas "foram ou ainda são" uns pobres cretinos e analfabetos. Mais abaixo (1) fica uma lista de alguns dos nossos reis licenciados e doutorados.

 

Salvou-se  o comentário televisivo de Cesário Borga na TVI24, um profissional que não perdeu tempo com parvoíces e condescendentemente mostrou bem o que deve ser um jornalista. 

 

Espantosa é a capacidade de estupidez demonstrada pelos alegados arautos da imprensa filmada, sempre muito insistentes quanto a gastos e luxos ..."quando tanta gente não tem nada para comer". Num país onde o vulgo não liga pevide aos escandalosos roubos, abusos, privilégios e mordomias da sua classe político-económico-financeira de pés de gesso, talvez fosse melhor o presidencial casal passar a receber os convidados estrangeiros numa barraquinha de cachorros quentes no Saldanha.

 

Falando em barraquinhas, também tivemos o prazer de rever o Sr. Sampaio e a alegada manequim Dª Maria José. Não sei se também é D O U T O R A, mas merece um beija-mão de cartoon

 

3. Em S. Bento, foram os monarcas recebidos pela presidenta, impante no seu uniforme de domadora de caniches do Circo Chen. 

 

Em resumo,  esta gente é incapaz de organizar uma cerimónia de Estado com um mínimo de dignidade. Para este tipo de serviços, contactem os monárquicos e/ou os comunistas. Ambos são peritos na matéria. 

 

II

Lista de alguns licenciados e doutorados monarcas de Portugal

 

Afonso I, licenciado pela Academia Militar

Afonso III, licenciado pela Academia Militar

Dinis I, doutorado em Filologia Românica da FLL e engenheiro agrónomo pelo Instituto Superior de Agronomia

Afonso IV, licenciado pela Academia Militar

Fernando I, engenheiro agrónomo e engenheiro naval

João I, licenciado pela Academia Militar

Duarte I, doutorado pela Faculdade de Letras de Lisboa

Afonso V, licenciado pela Academia Militar

João II, licenciado em Geografia, engenheiro naval, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP, doutorado em Direito pela FDL e em História pela FLL

Manuel I, licenciado em Gestão pelo ISEG

João III, licenciado em Gestão pelo ISEG

Henrique I, doutorado em Teologia pela Universidade Católica de Lisboa

Filipe I, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP, presidente honorário do Instituto Cervantes de Lisboa

João IV, licenciado em Relações Internacionais pelo ISCSP, licenciado em Música pelo Conservatório Nacional

 

Afonso VI, mestrado pela "Escola da Vida" em pedradas e pancadarias nocturnas na Rua Nova d'El Rei (diploma passado pela Lusófona) e doutorado honoris causa em "engenharia social" pela mesma universidade, com diploma passado num domingo às cinco da tarde, hora do chá promovido por S.M. a rainha de Inglaterra, a sua irmã Catarina.

 

João V, presidente das Academias de Ciências e História, licenciado em Gestão, licenciado em História, licenciado em arquitectura pela ESBAL

José I, licenciado em Gestão, licenciado em Música pelo Conservatório Nacional, licenciado em arquitectura pela ESBAL

João VI, licenciado em Relações Internacionais pelo ISCSP

Pedro V, doutorado pela FLL

Luís I, doutorado pela FLL e pelo Coservatório Nacional

Carlos I, engenheiro agrónomo, doutorado em biologia marinha pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, licenciado em Pintura pela ESBAL, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP

Manuel II, doutorado pela FLL

 

 

 

publicado às 10:35


1 comentário

Sem imagem de perfil

De Jose Domingos a 08.07.2014 às 22:57

Estes "comentadores" avençados, falam do que não sabem. São uns zé ninguém.
O horizonte deles, é o que veem, da torre da igreja. Uns me....

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